Aplicativo de entrega de refeições vai diminuir percentual cobrado de restaurantes no lockdown e separa R$ 4,5 bilhões em crédito e antecipação de recebíveis
O iFood faz parte daquele rol de empresas que se beneficiaram –e muito– da pandemia. Se há um ano, a empresa atendia a 30 milhões de pedidos por mês, agora está próxima dos 50 milhões.
E, agora, diversos estados estão decretando novas quarentenas –ou tentando, pelo menos. Restaurantes e bares fechados significam mais mercado para o setor de delivery, que é uma das pouas saídas para a sobrevivência desses estabelecimentos. Por isso, o iFood decidiu voltar com alguns benefícios para os seus clientes diretos, e estima que deve dobrar de tamanho em 2021 mesmo com a crise atual.
A partir de quinta-feira (11), as taxas de comissão do iFood cairão de 23% para 18% e essa redução permanecerá até o fim de março. Além disso, a empresa antecipará R$ 4 bilhões em recebíveis –desde o início da pandemia, foram mais de R$ 12 bilhões. Para completar, o iFood deve oferecer R$ 500 milhões em linhas de crédito. No total, a companhia espera impactar 200 mil estabelecimentos.
É fato que a companhia vai abrir mão de um pouco de receita, mas nem nesse novo momento complicado ela deixa de crescer. Segundo Diego Barreto, vice-presidente Financeiro e de Estratégia da empresa, o número de pedidos nesse período de fechamento de estabelecimentos subiu em 10%.
“Na primeira semana de março, tivemos um aumento de 10% e deve ser esse o patamar enquanto existir o lockdown”, diz ele.
A meta é dobrar
Esse número vai ajudar a meta da companhia de continuar dobrando de tamanho ano a ano. Segundo Barreto, um setor em específico vai ajudar a companhia: supermercados. A companhia entrou mais forte nessa área em 2020 e, de acordo com o Barreto, esse será o motor de crescimento da empresa.
A expansão geográfica também está na lista. A empresa pretende aumentar de 1.100 para 1.500 cidades atendidas ainda em 2021. “Estamos vendo um movimento acelerado de estabelecimentos de diferentes cidades procurando a plataforma por causa da alta da demanda por delivery”, afirma.
Algo que está totalmente fora dos planos do iFood é cobrar uma assinatura em troca de frete grátis, como fazem seus principais concorrentes Uber Eats e Rappi. Barreto diz que, tirando a Amazon, não encontrou nenhum serviço que seja viável economicamente nesse modelo de negócio.
O iFood chegou a testar esse serviço em 2018, mas logo desistiu. Agora, está testando um modelo de cupons, chamado de Clube iFood. Funciona assim: a pessoa paga um determinado valor por um número de entregas grátis ou por uma série de cupons de desconto.
Recorrência e concorrência
Dessa maneira, o iFood quer aumentar a recorrência dos pedidos no Brasil, especialmente em horários fora da rotina –como a compra de um café da manhã ou de uma sobremesa à tarde.
Mais do que isso, quer deixar para trás a concorrência, que está mais acirrada do que nunca. Apesar de dominar mais de 70% do mercado de refeições, o setor está ficando cada vez mais competitivos. Se há um ano, o iFood tinha que se preocupar só com dois principais concorrentes, agora tem gigantes como Magazine Luiza e B2W querendo uma parte do seu mercado.
“A concorrência nunca esteve tão alta e há grandes empresas de tecnologia com conhecimento de mercado. Vejo até mesmo a Stone vindo com bastante força”, diz Barreto.
Diante disso, como o iFood vai se financiar para brigar com gigantes? O executivo afirma que a empresa não pensa nem em novos aportes nem em um IPO. O último deles foi em novembro de 2018, quando a empresa recebeu US$ 500 milhões e se tornou um unicórnio.
Segundo Barreto, a diminuição da margem com benefícios aos compradores vai ser compensada com a redução das campanhas de publicidade. E, diante de uma concorrência como essa, toda economia pode ser um diferencial.
Foto: iFood/Divulgação
Fonte: CNN Brasil