
No último dia 29 foi comemorado o dia da Visibilidade Trans no Brasil, data criada em 2004 para que pessoas transgênero pudessem reivindicar direitos que garantam a proteção contra discriminações, além de promover igualdade e visibilidade para essa população que sofre com muitos estigmas e preconceitos, sobretudo no mercado de trabalho.
Um relatório da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) apontou que 88% das pessoas trans entrevistadas acreditam que as empresas não estão preparadas para contratar ou garantir a permanência de transexuais em seus quadros de funcionários. Outro levantamento realizado também pela Antra mostra que apenas 4% possuem emprego formal. O esforço da Associação é dar visibilidade a essa difícil realidade, uma vez que a falta de dados de órgãos oficiais dificulta a noção do real cenário das pessoas trans e travestis no mercado de trabalho. O IBGE, por exemplo, não possui estatísticas sobre essa parcela da população.
Com o objetivo de colocar luz justamente sobre essas questões, o escritor Caê Vasconcelos, primeiro jornalista trans a ocupar a tradicional bancada do programa Roda Viva da TV Cultura, lançou recentemente o livro “Transresistência: Pessoas Trans no Mercado de Trabalho” onde relata as dificuldades que estas pessoas enfrentam para conseguir emprego e também acesso a direitos básicos como saúde, moradia e educação. Ainda que caminhando a passos lentos, algumas iniciativas são criadas com o objetivo de mudar esse contexto.
Listamos a seguir 5 projetos e programas que promovem a capacitação e inserção de transexuais no mercado de trabalho, confira:
- TransEmpregos
- EducaTRANSforma
- Transcendemos
- Programa SOMA
- Projeto PRIDE
TransEmpregos
A TransEmpregos é a maior plataforma de empregabilidade de pessoas trans no Brasil. Criado em 2013, o objetivo do projeto é divulgar vagas e oportunidades para pessoas que são excluídas por causa da sua identidade de gênero. Além disso, a TransEmpregos trabalha com iniciativas que levam palestras para empresas de todos os portes, visando a conscientização e humanização destes espaços, tornando-os mais acolhedores e igualitários para que essas corporações possam recrutar pessoas trans, promovendo um ambiente livre de discriminação e respeitando, por exemplo, o nome social dos trabalhadores e trabalhadoras que se identificam como transgêneros.
EducaTRANSforma
O projeto EducaTRANSforma promove capacitação gratuita nas áreas de tecnologia e inovação para pessoas trans. Todo o processo de formação ocorre online, possibilitando que transexuais de todo o Brasil possam realizar os cursos oferecidos com duração de 6 meses e divididos nas seguintes categorias: gestão e inovação, frontend, backend, infraestrutura, marketing, ciência de dados e UX design.
Para participar do processo de seleção, basta acompanhar as redes sociais do projeto onde constam todas as informações. As etapas seletivas ocorrem duas vezes ao ano.
Transcendemos
A empresa de consultoria Transcendemos tem como objetivo ajudar outras organizações a se tornarem mais inclusivas, através de workshops, rodas de conversa, palestras, curadoria de talentos e apoio a programa de estágios e trainees de empresas que estejam buscando maior diversidade para o seu quadro de funcionários. Recentemente, a Transcendemos se uniu a TIM e a Ampli para impulsionar a empregabilidade trans na iniciativa TIM Transforma. O projeto ofereceu 60 bolsas para o curso de experiência do cliente (customer experience), 20 bolsas integrais em cursos de graduação na plataforma de ensino Ampli e 20 vagas de emprego em lojas ou call center da TIM.
Programa SOMA
As empresas BASF, Linkedin, Natura e Visa se uniram para criar o Programa SOMA, iniciativa que pretende promover a inclusão social de pessoas trans e travestis que vivem no Centro de Acolhida Especial Casa Florescer, em São Paulo.
A startup Wakanda Educação foi convidada para fazer a formatação pedagógica dos conteúdos e dinâmicas, visando uma linguagem mais acessível para os participantes.
A jornada de aprendizado foi construída baseada em amabilidade (cultura, saúde e autocuidado), autogestão (educação financeira, matemática, introdução à informática e escrita criativa), socialização (técnica de vendas, primeiro currículo e primeira entrevista) e resiliência emocional.
A iniciativa contribui para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: Igualdade de gênero, Trabalho decente e crescimento econômico e Redução das desigualdades.
Projeto PRIDE
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou em janeiro uma iniciativa que visa desenvolver habilidades profissionais e promover a equidade e inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho. Nomeado PRIDE, o projeto vai capacitar 300 pessoas em diversos estados do Brasil e será desenvolvido em parceria com a CUT (Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadoras ) e organizações da sociedade civil LGBTQIA+.
Fonte: Yahoo Finanças