Um relatório recente da Europol, a polícia da União Europeia, fez um alerta sobre os riscos representados pelas novas tecnologias. Segundo o estudo, as redes de telecom de quinta geração (5G), a criptografia quântica e a inteligência artificial, se forem parar em mãos erradas, podem dificultar bastante o trabalho de investigação de agentes das forças de segurança.
“Não basta ser reativo ao facer face a tamanha evolução na tecnologia e na criminalidade”, escreve a diretora executiva da Europol, Catherine de Bolle, no relatório. Segundo ela, para continuar relevante, a polícia precisa prever quais, dentre as tecnologias emergentes, serão as armas de escolha dos hackers.
O 5G, diz o texto, será um grande desafio para os investigadores porque dificultará a identificação de aparelhos móveis usados em crimes. “A configuração das redes 5G significa que a informação será fragmentada”, o que tornará mais complexo o acesso aos dados. Até porque gadgets poderão, se necessário, “comunicar-se diretamente entre si, dificultando o acesso ao ‘coração’ da rede”.
Por sua vez, a inteligência artificial é descrita como uma “faca de dois gumes”: sim, ela torna os softwares mais espertos por meio de recursos como o aprendizado de máquina, mas por isso mesmo serve para personalizar e automatizar sistemas de ciberataques, como os que distribuem vírus e phishing. A criptografia quântica vai pelo mesmo caminho — criada para codificar fortemente as redes e evitar invasões, pode, nas mãos de criminosos digitais, quebrar qualquer tipo de segurança e facilitar ciberataques mais sofisticados.
Para David Svaiter, diretor da OaSys e especialista em criptografia, o relatório ataca mais “as formas dos ataques e não suas causas”.
— Na verdade, ainda precisa ser equacionada a fragilidade das plataformas móveis à invasão de malwares. Na internet das coisas, continuam a surgir vulnerabilidades de projeto que precisam ser resolvidas antes de tudo — diz Svaiter.