Às vésperas da COP30, que acontece em Belém do Pará, o jovem amazonense Netto Santos se prepara para viver um capítulo simbólico de sua trajetória: representar a juventude da floresta na principal conferência climática do planeta. Aos 28 anos, ele embarca com a comitiva oficial do Brasil no dia 8 de novembro, levando na bagagem o mesmo propósito que o move desde o início da carreira: mostrar que a Amazônia não é apenas cenário das discussões globais, mas protagonista na construção das soluções.
Formado em tecnologia e inovação social, Netto é o idealizador do ‘Projeto de Letramento Digital Amazônico’, uma iniciativa que está levando mini laboratórios de tecnologia para comunidades indígenas do Amazonas. Os espaços oferecem formação em inteligência artificial, programação, negócios e uso ético da tecnologia, conectando saberes tradicionais à transformação digital.
A ideia nasceu longe da floresta, em Boston, durante uma formação no MIT, mas germinou no coração do amazonense. “Depois de ganhar um prêmio como jovem liderança de impacto em 2024, voltei decidido a retribuir. Quis transformar o aprendizado em algo que fizesse sentido aqui, onde nasci e trabalho há quase dez anos”, conta.
Desde então, duas comunidades indígenas já receberam os primeiros laboratórios, e um terceiro será implantado após a COP. A proposta é simples, mas revolucionária: preparar quem vive na floresta para o futuro digital, sem renunciar à identidade cultural. “A tecnologia pode, e deve, estar a favor dos amazônidas. É algo básico: garantir estrutura para que possam aprender, inovar e fortalecer seus saberes”, reforça Netto.
O projeto é fruto da colaboração entre a DiversiData, a LinuxTips e a Makira-e’ta, Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas, com apoio da FIMI. Juntas, essas instituições estão ajudando a formar instrutores locais e promover autonomia digital nas comunidades.
Às vésperas de subir ao palco do Global Shapers Manaus, onde falará sobre lideranças e negócios de impacto, Netto reflete sobre o significado de representar a Amazônia na COP30:
“Ir à COP é um sonho, mas o propósito é o que dá sentido a ele. Quero mostrar que a juventude amazônida também produz conhecimento, inovação e soluções para o mundo. Falar da Amazônia é o nosso direito.”
Mais do que uma presença, Netto leva à COP uma mensagem de futuro, um futuro que nasce da floresta, fala em linguagem digital e pulsa no ritmo da juventude amazônica.
Cristina Monte
Foto: Reprodução


