A geração nem-nem nem aí

Nos anos recentes, a geração “nem-nem” vem aumentando drasticamente. São milhões de jovens que nem querem trabalhar e nem estudar. Desincentivados diante de um cenário turbulento e pouco promissor, eles optam em investir seu tempo em nada ou quase nada produtivo. Já se foi o tempo das gerações anteriores à década de 80, que se esforçava para conquistar seu diploma, seu emprego e, depois, seu apê!!! Hoje o jovem não sonha mais com isso!!

Eles querem salvar o mundo sem sair de casa! Vão-se os valores e fica a ousadia! O problema que esse fenômeno socioeconômico pode acarretar ao país ao longo do tempo pode até ser uma incógnita, porém, a realidade mostra que a tendência está longe de acabar!

É pra já

Esses jovens não veem perspectivas de conquistas nas áreas do trabalho e nem do estudo em curto prazo. Oriundos de uma geração imediatista essa falta de visibilidade de um futuro melhor agora, desencanta.

Além disso, como não têm famílias para sustentar e ainda moram na casa dos pais, se dão ao luxo de usufruir dos recursos do lar: cama, roupa lavada e comida na geladeira, em troca, não há contrapartidas! Agem quase como nenês, trocadilho com o termo nem-nem, porém este pessoal não têm nada de inocência.

É a geração que sonha com o sucesso instantâneo, reflexo das redes sociais que produzem diariamente “celebridades momentâneas”, esses jovens não se dispõem a enfrentar 8 horas diárias de trabalho por um salário pouco atrativo, não esperam a tão sonhada promoção e a carreira profissional parece um tédio.

Para Leuza Medeiros, que atua como diretora de Relacionamento com os Clientes da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas (ABRH-AM), esses jovens “são militantes de computador, os que sabem quase nada, sobre quase tudo e têm grandes ambições, mas não querem se esforçar. Além disso, se acham injustiçados”, acrescenta.

Precisa de experiência

Assim, para sobreviver o jeito é migrar para o mercado informal, alternativa de resistência ao modelo tradicional econômico. Dessa forma, o jovem dribla as cargas tributárias, foge das imposições de chefes, das horas diárias de trabalho duro e ainda investe no ócio, dividindo seu tempo conforme lhe convier seja jogando vídeo games ou andando de bicicleta, por exemplo.

O tempo é uma moeda que o jovem aprendeu a valorizar desde cedo. Para ele não compensa trabalhar muito e ganhar pouco. É a lei do menor esforço.

Essa alternativa de trabalho paralela ao sistema vigente ocorre porque no mercado formal a situação é bem complicada pra quem está começando. As barreiras a serem vencidas são piores que as de uma corrida de turfe, já que os obstáculos derrubam os jovens desde o momento em que saem à busca de emprego.

A velha frase “precisa de experiência” dita a um jovem que acaba de terminar o Ensino Médio, o qual mantém uma grade curricular pouco aderente ao mercado, já é o sinal de que – sem experiência – ele não irá avançar. Game over!

Se conseguir vencer a barreira do “precisa de experiência”, dificilmente consegue competir com os milhões de desempregados que “com experiência” também estão nas filas buscando emprego. E, depois dessa maratona, se conquistar a tal vaga, vem a questão do salário, em que a lógica capitalista lhe é desfavorável.

Na relação salarial, o empresário calcula o quanto o funcionário qualificado pode reverter essa experiência em prol da empresa, ou seja, quanto de lucro será obtido com a contratação.

Dessa forma, ele consegue – grosso modo – calcular os custos com o profissional em relação aos benefícios. Chegando ao valor do salário e é aí que o jovem acaba recebendo bem menos. Na hora da demissão, os mais jovens acabam saindo na frente, pois mão de obra menos qualificada significa perder menos produtividade.

Tamanho do problema

O fenômeno é mundial e o aumento dos números dessa geração tem deixado os governantes preocupados. No Brasil, há dois anos eles somavam 5,9 milhões, porém, com o crescimento da crise econômica esse número subiu.

Conforme reportagem da revista Veja (julho de 2017), são 6,6 milhões de jovens engrossando a massa dos nem-nem, ou seja, 30% dos jovens brasileiros na faixa etária dos 18 a 24 anos nem estudam e nem trabalham! Esse dado foi obtido do levantamento realizado pela economista Ana Maria Barufi (Bradesco).

Enfim, esse fenômeno é um problema que podemos dividir as responsabilidades: governo, com poucas (e frágeis) políticas públicas voltadas aos jovens; educação, sistema educacional ineficiente; e empresas que não investem em programas que contribuam para inserir os jovens no mercado.

Mas, mais importante que isso tudo é verificar a educação que esses jovens recebem em casa ou não recebem! É uma época que tudo pode. As crianças são muito mimadas, estimuladas pelo consumo desenfreado e fútil. Os papais não conversam, não educam, não ensinam, transferindo às escolas sua obrigação.  Aí quando crescem, o que serão? Nem eu e nem você sabemos! Resta orar!

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