Aprendizado de português e matemática segue estagnado

Pesquisa do Todos pela Educação, com base nos dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), aponta que em 10 anos a aprendizagem em português e matemática segue estagnada no 3º ano do ensino médio. Também mostra que a desigualdade social e econômica permanece um desafio.

O ponto positivo: há avanços consistentes entre os estudantes do 5º ano do ensino fundamental.

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“A pesquisa é divulgada a cada dois anos com base nos dados do Saeb e avaliamos o grau de aprendizagem dos alunos em português e matemática”, explica Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos pela Educação.

De acordo com Corrêa, o dado positivo é que o nível de aprendizagem “segue subindo em ritmo acelerado e consistente entre os alunos do 5º ano do ensino fundamental em todo o país”. Como mostra a pesquisa, entre 2007 e 2017 o percentual de estudantes com aprendizagem adequada dobrou: em língua portuguesa aumentou de 27,9% para 60,7% e, em matemática, cresceu de 23,7% para 48,9%.

“Não significa que é o suficiente, ainda é preciso melhorar, mas sem dúvida tivemos uma melhora consistente nos últimos dez anos”, avalia Corrêa.

Com relação a aprendizagem dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, a evolução é mais lenta. O percentual de alunos com aprendizado adequado no período analisado foi de 20,5% para 39,5% em português e, em matemática, de 14,3% para 21,5%.

A pesquisa aponta que o Ceará avançou significativamente nesses últimos anos. “Um dos Estados mais pobres do país, obteve resultados próximo aos mais ricos, observamos um avanço em Goiás também”. Para Corrêa, iniciativas bem-sucedidas devem ser replicadas em todo o país.

O cenário mais crítico é do 3º ano do Ensino Médio. “Os patamares estão estagnados em um nível muito baixo. Uma das explicações, tanto para português como para matemática, a aprendizagem começa no início da trajetória escolar e muitas vezes esses estudantes não entendem e por não aprender se afastam, deixam a matéria de lado”.

A pesquisa mostra que o percentual de alunos com aprendizado adequado em língua portuguesa subiu de 24,5% em 2007 para 29,1% em 2017. Em matemática caiu de 9,8% para 9,1%.

Quando é considerado o nível socioeconômico a desigualdade é um problema a ser enfrentado. No 5º ano do ensino fundamental, a aprendizagem adequada em língua portuguesa foi de 26,3% em 2017. A taxa foi de 90,4% nas unidades mais ricas, triplo dos mais vulneráveis. Se observar os dados do 3º Ano do Ensino Médio, as escolas que atendem os alunos mais ricos tiveram taxas cinco vezes maior que os mais pobres. Em matemática, salta para 21 vezes maior entre os mais ricos.

“Precisamos de uma estratégia nacional que foque a aprendizagem, de políticas públicas que acabe com essa diferença entre classes sociais. O novo governo tem uma janela de oportunidade e se investir na aprendizagem é possível avançar”.

Fonte: R7

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