Ele canta, chora, conversa, aperta a mão de quem está conhecendo, movimenta os braços e os dedos, além de realizar experimentos e exercícios de interação. Essas são algumas das habilidades do robô humanoide ARTHuR FrancSTEAM que está em construção, há pouco menos de um ano, no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia.
ARTHuR FrancSTEAM foi desenvolvido pelo engenheiro eletricista Aristides Pavani Filho a partir de um desafio lançado pela Coordenadora de Pesquisa da PRPPG/UFBA, Olívia Oliveira, para apresentação na SECATEC – Semana de Ciência, Arte e Tecnologia: Desenvolvimento e Sustentabilidade, que aconteceu em outubro de 2023. Desde lá, tecnologias, funcionalidades e inovações são incorporadas ao robô com o objetivo de torná-lo não só ferramenta de estudo e pesquisa para os estudantes da UFBA, como também para ser útil em áreas como o monitoramento de questões ambientais, tecnologia assistiva, medicina e etc. “O desenvolvimento de sistemas robóticos avançados oferece oportunidades significativas para melhorar a eficiência, a segurança e a qualidade de vida em diversas áreas, desde o monitoramento ambiental até a educação. Ao aproveitar o potencial dessas tecnologias inovadoras, podemos enfrentar os desafios do século XXI de forma eficaz e construir um futuro mais sustentável”, declara o engenheiro, que tem como tese de doutorado a “Aplicação da Inteligência Artificial na Geoquímica para o Monitoramento Ambiental: O Caso do Robô Humanoide ARTHUR FrancSTEAM”.
O nome “Arthur” é um sigla em inglês para “Advanced Research and Technologies for Humanoid Robots” (Pesquisa e tecnologias avançadas para robôs humanoides). Já o “Franc” de “FrancSTEAM” vem de Francisco adicionado ao “STEAM” (do inglês, Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics). O desenvolvimento do robô foi baseado no projeto InMOOV, plataforma licenciada sob a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0, que está disponível na internet e possibilita a qualquer pessoa acessar e modificar os arquivos, desde que siga as condições estabelecidas e não use o projeto para fins comerciais. O processo de construção da estrutura foi realizado no laboratório do Instituto de Geociências da UFBA, que possui tecnologia de ponta para a sua implementação. O desenho das peças constitutivas da estrutura material de ARTHuR é disponibilizado pela plataforma online, sendo necessário que a equipe responsável faça o download destes desenhos e direcionem para a impressão em impressoras 3D presentes no Instituto. Já os componentes eletrônicos, como os motores, sensores e controladores, conectados por fios e cabos na parte interna do robô foram adquiridos pelo laboratório. É importante ressaltar que a estrutura permite a articulação das peças, simulando movimentos humanos facilitado pelo rolamento, engrenagens e outros mecanismos que se assemelham à articulação dos músculos humanos.
Para a coordenadora institucional do projeto, Olívia Oliveira, a possibilidade do robô ser um projeto em construção permite que inovações a partir de conhecimentos em eletrônica, mecânica e programação sejam incorporadas, o que consequentemente possibilita o desenvolvimento de novas aplicabilidades para ARTHuR. “A integração com tecnologias como o ChatGPT amplia o potencial do robô, proporcionando uma plataforma interativa para simulação de diálogos e processamento de linguagem natural, o que é particularmente útil em estudos que buscam entender a interação humano-robô. A possibilidade de equipar o ARTHuR com sensores ambientais permite seu uso em pesquisas de monitoramento ambiental, coletando dados vitais sobre qualidade do ar e da água”. No campo da pesquisa em Geociências, por exemplo, a presença de ARTHuR nos processos de monitoramento pode substituir a presença de seres humanos em lugares inóspitos e tóxicos para a vida humana. Já no campo da dança, a semelhança do robô com formas e movimentos humanos possibilita a presença e a ajuda da máquina em funções limitadas para os seres humanos. “A utilização do robô ARTHuR FrancSTEAM na dança é fascinante pois combina tecnologia robótica avançada com expressão artística. O ARTHuR é capaz de executar uma ampla variedade de movimentos que podem ser programados e coreografados, acompanhando a graça e a fluidez dos dançarinos humanos”, declara Antrifo Ribeiro Sanches, diretor da Escola de Dança da UFBA.
A iniciativa pioneira da UFBA contribui para a multidisciplinaridade, unindo diversos campos de estudo por meio da pesquisa e do ensino, além de oferecer à sociedade uma ferramenta moderna e acessível, dado que ARTHuR é um protótipo em constante aperfeiçoamento pela equipe. “A presença de um projeto de robô humanoide em uma universidade pública inspira e motiva os alunos, oferecendo oportunidades de aprendizado prático e engajamento em projetos inovadores. O envolvimento dos estudantes na concepção, construção e programação desses robôs não apenas aprimora suas habilidades técnicas, mas também estimula o pensamento crítico, a resolução de problemas e a criatividade. Essa experiência prática e interdisciplinar prepara os alunos para os desafios do mercado de trabalho e os incentiva a contribuir para o avanço da CT&I em suas carreiras futuras”, declara o reitor da UFBA, Paulo Miguez.
Fonte: Edgar Digital/TV UFBA.