Bajaj desafia Honda e Yamaha e reposiciona o Polo de Duas Rodas em Manaus

O mercado brasileiro de motocicletas vive um momento de forte expansão em 2025. No primeiro semestre, foram emplacadas 1.029.546 unidades, alta de 10,3% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). A produção também ultrapassou 1 milhão de motocicletas no semestre, crescimento de 15,3%. Esse dinamismo reforça o peso do Polo Industrial de Manaus (PIM) como eixo estratégico da indústria de duas rodas no país.

Nesse cenário de alta velocidade, a indiana Bajaj desponta como o grande novo competidor, desafiando a hegemonia histórica das gigantes japonesas Honda e Yamaha. A montadora, que inaugurou sua fábrica em Manaus em 2024, registrou 11.639 motos emplacadas no primeiro semestre de 2025, crescimento de 222% frente ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Abraciclo. A unidade já produziu mais de 19,5 mil motocicletas nos primeiros oito meses do ano e anunciou a ampliação da capacidade para 48 mil unidades/ano (cerca de 200 por dia), com processos cada vez mais nacionalizados e parcerias locais para soldagem de chassis e pintura KTL.
Honda e Yamaha continuam líderes absolutas, mas começam a sentir a pressão. Dados do primeiro trimestre de 2025 mostram recuo nas participações de mercado: a Honda caiu de 70,78% para 68,54%, enquanto a Yamaha reduziu de 17,14% para 14,74%, segundo levantamento do Estadão com base em informações setoriais. A perda, embora parcial, reflete a chegada de um concorrente disposto a ocupar espaço em segmentos urbanos e de uso misto, onde a linha Dominar da Bajaj (160, 200, 250 e 400 cilindradas) disputa diretamente com modelos consagrados das marcas japonesas.

A estratégia da Bajaj vai além de volume: a empresa aposta na nacionalização de processos produtivos, o que reduz custos e dependência de importações, permitindo preços mais competitivos. Essa movimentação reposiciona o PIM como centro de inovação, reforça a cadeia de fornecedores locais e cria um efeito multiplicador de empregos e tecnologia.

Em resumo, a entrada agressiva da Bajaj não apenas acelera a concorrência, mas redesenha o mapa competitivo do setor. Para Honda e Yamaha, o desafio será ampliar inovação, rever preços e fortalecer o relacionamento com consumidores cada vez mais atentos a custo-benefício e diferenciais tecnológicos. Para o Amazonas, o avanço da marca indiana significa mais investimentos, maior diversificação produtiva e consolidação do polo como referência internacional na indústria de motocicletas.

Fonte: Cristina Monte

Foto: Reprodução

Compartilhar

Últimas Notícias