Com a aposta em agricultura regenerativa, a Bayer Cropscience, divisão agro da gigante alemã, espera reforçar seu negócio principal, que abrange as áreas de sementes e biotecnologia, proteção de cultivos e ferramentas digitais. Ao mesmo tempo, estima que pode dobrar seu mercado em 100 bilhões de euros anuais (cerca de R$ 521,5 bilhões) acessando áreas correlatas – como fertilização de solo, produtos biológicos, biocombustíveis, agricultura de carbono, agricultura de precisão, plataformas digitais e marketplaces.
Os dados foram anunciados nesta terça-feira (20) em seu evento anual (2023 Innovation Summit) realizado em Nova York. O Brasil é o segundo maior mercado da companhia, atrás apenas dos EUA.
“Entendemos que a agricultura regenerativa promoverá o aumento da produção de alimentos, da renda agrícola e da resiliência em meio às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que impactará positivamente a natureza. Nosso portfólio trará inovações futuras tendo a agricultura regenerativa como elemento central, e exploraremos novas oportunidades de mercado para permitir que os agricultores combinem benefícios de produtividade, lucratividade e sustentabilidade”, disse Rodrigo Santos, brasileiro que é presidente global da divisão agrícola da Bayer.
Agricultura regenerativa, termo criado por Robert Rodale em 1983, refere-se à necessidade de reestabelecer os sistemas naturais em áreas agrícolas. Os sistemas agrícolas regenerativos propõem-se a melhorar a saúde do solo e promover a biodiversidade, melhorando o ciclo da água, sequestrando carbono ao mesmo tempo que produzem alimentos nutritivos de forma lucrativa, segundo define a associação CropLife Brasil.
Investimentos em P&D
O investimento da Bayer Cropscience em Pesquisa & Desenvolvimento em 2022 foi da ordem de 2,6 bilhões de euros (antes de itens especiais) – cerca de R$ 13,5 bilhões.
No ano passado, segundo a empresa, 15 projetos avançaram, incluindo novos ingredientes ativos de proteção de culturas, novas características de sementes e modelos digitais. A companhia renovou seu portfólio de sementes com 500 novos híbridos e variedades, além de ter lançado 10 novas formulações em produtos de proteção de cultivos e mais de 250 novos registros.
Alguns destaques da área são:
– melhoramento genético para criação de sementes com maior produtividade (incluindo o uso de Inteligência Artificial para desenvolver as sementes certas para cada condição);
– desenvolvimento de milho com menor altura da planta, com menor risco de perdas por ventos fortes e maior precisão no uso de insumos agrícolas;
– desenvolvimento de culturas mais resistentes a pragas.
“Uma visão ousada exige um investimento também ousado. Precisamos de todas as nossas cinco plataformas de inovação – melhoramento genético, biotecnologia, química, produtos biológicos e ciência de dados – para alimentar esse pipeline”, segundo Robert Reiter, líder global de P&D da Divisão agrícola da Bayer.
“Os agricultores precisam da melhor genética com as melhores características desenvolvidas por biotecnologia, precisam de indicações de plantio baseadas em dados para saber quando e onde plantar esses produtos. Necessitam ainda de soluções de proteção de cultivo mais eficazes e de menor impacto, que, combinados a soluções biológicas e agricultura de precisão, sejam capazes de gerar uma safra de forma sustentável.”
Polêmica do glifosato
Desde que adquiriu a Monsanto, em 2018, a Bayer tem sido alvo de litígios relacionados ao herbicida Roundup, que tem como principal ingrediente o glifosato. Há alegações de que o produto possa causar câncer em humanos, além de ser tóxico para a vida selvagem, especialmente espécies polinizadoras como abelhas e borboletas, e também para peixes, anfíbios e outros organismos aquáticos.
Em 2020, a empresa disse que estaria pagando cerca de US$ 11 bilhões para pôr fim aos processos alegando que o Roundup causaria câncer. Na decisão mais recente, ocorrida na semana passada, a companhia fechou um acordo com a Procuradoria Geral do Estado de Nova York se comprometendo a pagar US$ 6,9 milhões por ter feito alegações falsas quanto à segurança do produto. Em comunicado, a empresa disse estar satisfeita por ter chegado a um acordo.
*Com informações do site Um Só Planeta


