“A mistura do ChatGPT com a paixão do brasileiro pelo WhatsApp é uma coisa imparável,” disse Roberto Oliveira, fundador e CEO da Blip, que ajuda as empresas a conversarem com os clientes por serviços de mensagem. “É incrível os resultados que os clientes estão obtendo.”
Em uma conversa no painel sobre inteligência artificial da conferência MBA Brasil, que este ano ocorreu aqui na Universidade de Chicago, Roberto disse que a base de dados disponíveis se encaixou muito bem com o ChatGPT. “Esse negócio está acontecendo de uma forma muito forte no Brasil.”
Entre as 300 maiores empresas brasileiras, 250 usam as plataformas da Blip para se relacionar com seus clientes. A startup mineira já recebeu dois aportes da Warburg Pincus, o segundo deles no ano passado.
A firma de private equity recentemente convidou a brasileira a ensinar suas outras investidas como usar o WhatsApp turbinado pelo GPT para escalar os negócios.
Segundo Roberto, o Brasil tem muito a ensinar ao mundo sobre como desenvolver aplicativos para a plataforma de mensagem. Entre os seus clientes, 100 já usam inteligência artificial generativa em seus bots.
“O legal do ChatGPT não é o GPT, é o chat,” disse Roberto. “O chat trouxe a inteligência artificial para o consumidor.”
O Brasil é o terceiro país do mundo com o maior número de usuários, atrás apenas da Índia e da Indonésia. São 197 milhões de brasileiros conectados no “zap” – em geral, heavy users. E os brasileiros ficam isolados com folga na liderança quando a métrica são áudios enviados.
Numa entrevista ao New York Times na semana passada, Mark Zuckerberg disse que o WhatsApp é o “próximo capítulo” da Meta. “Se alguém fosse imaginar qual seria a plataforma social do futuro, começando do zero, acho que seria basicamente parecida com o WhatsApp,” disse Zuck.
(Sai o metaverso, entra o universo paralelo do WhatsApp. Será que o Facebook, hoje Meta, ainda acaba virando Zap?)
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O Brasil é um mercado gigantesco, com um público pulverizado, e precisa de soluções específicas. Por isso oferece enormes oportunidades para os desenvolvedores de aplicativos, Camilla Morais, a vp de operações globais da Brex, disse aos estudantes na plateia – muitos deles interessados em seguir carreira no setor de tecnologia.
Camilla começou a programar aos 12 anos, fez engenharia no ITA e há cinco anos está na Brex, a fintech fundada por brasileiros nos EUA cujo valuation já chegou a US$ 12 bi.
“Do mesmo jeito que o cloud revolucionou o mercado, agora está havendo uma nova transformação com a inteligência artificial,” afirmou Camilla. “Com a integração das plataformas, há muitas aplicabilidades possíveis para facilitar a vida das empresas.”
Num exemplo singelo do impacto no dia a dia de uma empresa, Camilla disse que uma ferramenta de IA cuida automaticamente do reembolso de um funcionário com o gasto com uma corrida de Uber – uma operação que pode muito bem envolver até quatro pessoas (do processamento à auditoria) se não for automatizada.
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Bruno Alano, product manager da Jusbrasil, a plataforma de informações jurídicas acessada por quase 1 milhão de advogados e juristas no País, disse que as soluções de inteligência artificial já são usadas há algum tempo em campos específicos, como na análise de risco. Mas houve uma inflexão no momento em que a OpenAI colocou o ChatGPT nas mãos da população. “As pessoas começaram a descobrir novas formas de resolver problemas, que talvez já poderiam ter sido resolvidos pela tecnologia disponível, mas não estavam no foco dos pesquisadores,” afirmou Bruno.
Bruno pondera, porém, que os grandes modelos de linguagem (LLMs), como o GPT, não são adequados para algumas aplicações, como certas operações de previsão de cenários.
“Os modelos generalistas têm um potencial muito grande, mas acredito que exista uma lacuna que hoje não é muito coberta, que são os modelos de domínio específico,” disse Bruno. “Você talvez não precise de uma OpenAI ou algum outro grande provedor. Há muita oportunidade. Sem dar muitos detalhes, posso dizer que estou iniciando minha segunda startup.”
*Com informações do site Brazil Journal