Os cinquentões no mercado de trabalho
Se conquistar uma vaga de emprego está difícil para uma pessoa jovem, imagine para quem tem mais de 50 anos?! Deve ser impossível! Mentira, na contramão do que ocorria até alguns anos atrás, os cinquentões desempregados estão – aos poucos – retornando ao mercado de trabalho com todo o gás. Por que será?
50 tons de emprego
Poucos anos atrás, completar 50 anos indicava o início do fim da vida profissional que rolava ladeira abaixo. Provavelmente a pessoa iria se aposentar e sair do mercado de trabalho.
Mas, surpreendentemente uma nova tendência, verificada recentemente e embasada em números, mostra que há empresas contratando pessoas na faixa entre os 50 e 64 anos. Também, a grana curta, força os mais experientes a continuarem trabalhando.
Sozinho e distante
Trazendo um exemplo, podemos ver que nos Estados Unidos é comum encontrar idosos com mais de 70 anos trabalhando em supermercados, cabines de pedágio e tantos outros lugares, mas no Brasil – geralmente – o idoso é isolado da sociedade.
Às vezes, a própria família abandona seus idosos em asilos como, por exemplo, vejo vários casos desses na Fundação Doutor Thomas, instituição responsável por abrigar idosos, ligada à Prefeitura de Manaus, na qual sou voluntária.
Mudanças estão por vir
Mas, mais por conta do mercado do que do bom senso, esse traço cultural que começa a se evaporar diante das transformações socioeconômicas que estão em ebulição e desse novo comportamento do pessoal entre os 50 e 60 anos, que está mais jovem também.
Boa parte deles cuida da saúde física e mental. Desenvolveu um amplo conhecimento ao longo da estrada e eles ainda estão cheios de gás pra aproveitar o segundo tempo da vida agora com os filhos formados e a vida mais estabilizada.
Eles sabem valorizar as oportunidades e o tempo. Geralmente, investem em projetos que lhes tragam satisfação, e por isso, são muito engajados e dedicados.
Sinal dessa mudança aparece no estudo “Envelhecimento da Força de Trabalho no Brasil”, realizado em 2013 e em parceria entre FVG & PwC.
A pesquisa envolveu mais de 100 empresas, de diversos segmentos e portes, e teve o objetivo de entender as concepções das empresas em relação à força de trabalho mais velha. Observando o relacionamento entre as partes, do modo a apontar algumas ações que possam beneficiar ao conjunto e à produtividade.
País de maduros
O dado mais representativo levantado no estudo, e recorrente em outras pesquisas, diz respeito ao rápido envelhecimento da população brasileira. Isso mesmo! De acordo com o estudo, em 2040 mais da metade da força de trabalho terão mais de 45 anos.
Aliado a isso, precisamos inserir nesse panorama a baixa taxa de natalidade e os anos adicionais que estamos ganhando por conta do desenvolvimento científico e tecnológico que nos ajuda a manter a saúde por mais tempo, curar e tratar doenças e etc.
De frente com a mudança
Então, o cenário aponta uma mudança significativa na paisagem demográfica do país. Estamos envelhecendo e as empresas precisam encarar essa condição se preparando agora para essa nova realidade que desponta no horizonte.
Certamente, nos próximos anos essa paisagem se consolidará. E de um jeito ou de outro, as empresas terão que lidar com essa questão.
É preciso agir agora e uma sugestão é implantar programas de contratação para os profissionais com mais de 50 anos, mas, entretanto, é preciso rever as políticas de recursos humanos, adaptando-as conforme as necessidades desse público.
A velocidade da mudança
Durante o estudo, observou-se que menos de 4 em cada 10 empresas entrevistadas achavam que a contratação de profissionais mais velhos era uma alternativa viável para suprir a escassez de profissionais qualificados no mercado de trabalho.
Mas o cenário mudou rapidamente, atualmente, em virtude de alguns fatores como o aumento na procura por profissionais qualificados (mercado cada vez mais exigente) e o próprio envelhecimento da população, por exemplo, contribuíram para mudar essa visão.
Sem contar que a Educação no país não tem cumprido seu papel. Hoje o aluno termina o Ensino Médio sem saber a tabuada, o que dificulta a entrada dos jovens ao mercado. Mas nem vou adicionar esse componente na conversa pra não fugir da temática.
Acreditando na experiência
O fato é que algumas empresas já começaram a contratar os seniores conforme reportagem publicada na Folha de São Paulo (versão eletrônica).
Organizações como a Gol, a consultoria PwC, a seguradora Tokio Marine e o grupo DPSP (que controla as drogarias Pacheco e São Paulo) são exemplos de corporações que mantêm programas de contratação de pessoal voltados à faixa dos 50.
Outra pesquisa agora do Datafolha mostrou que a quantidade de brasileiros com 60 anos ou mais e que estão empregados ou em busca de vaga passou de 20% para 26% de 2007 a 2017.
Bom comportamento
É preciso considerar que os mais experientes têm bom equilíbrio emocional, conseguem solucionar ou procurar respostas mais compatíveis aos problemas, por exemplo. Também são mais organizados, mais comprometidos e responsáveis.
Eles têm facilidade em lidar com clientes, o que pode resultar em maior fidelização ou satisfação desse público fundamental aos negócios.
Mas há desafios também em contratar esses profissionais, pois podem surgir dificuldades no relacionamento com os gestores mais jovens, devido à hierarquia.
Geralmente os profissionais com mais de 50 anos não têm facilidade em lidar com a tecnologia (são os chamados analfabetos digitais) e, portanto, sistemas e seus procedimentos ainda são desafios. Além disso, há um custo maior com seguros de saúde que precisam entrar nas contas.
Site segmentado
E se você tem mais de 50 anos e busca uma recolocação vale à pena conhecer a iniciativa bacana que procura inserir os seniores no mercado de trabalho que é a MaturiJobs
Sob o slogan “A revolução da longevidade já começou”, a plataforma atua como um negócio social e vem desde então ajudando pessoas maduras a continuarem ativas, por meio de oportunidades de emprego.
2 + 2 são mais que 4
Enfim, as organizações precisam considerar essa importante força de trabalho no seu quadro de funcionários, equacionando custos x benefícios e otimizar as qualidades desse pessoal.
Também é preciso democratizar o mercado de trabalho, que deve estar pronto para absorver as pessoas em virtude das suas competências, talentos, habilidades e experiências, e não impondo uma idade em que o profissional fique desempregado por conta de um número! Nós somos mais que números e idades!