Com caroço de açaí e argila, estudantes desenvolvem tubete orgânico em escola pública do AP

Estudantes da Escola Estadual Mário Quirino da Silva, na Zona Sul de Macapá, criaram um tubete orgânico feito com caroço de açaí e argila para substituir os modelos de plástico usados na agricultura. A proposta surgiu durante aulas de biologia como alternativa mais barata e ecológica para o cultivo de mudas.

O projeto foi orientado pela professora Rose Trindade, que levou a ideia para os alunos após discutir os impactos do plástico no meio ambiente. O tubete orgânico pode ir direto para o solo com a muda, sem gerar resíduos.

“Propus que pensassem em uma estrutura orgânica para substituir os tubetes convencionais. O caroço de açaí é abundante no estado e seria uma boa base para reaproveitamento”, explicou.

 

Inicialmente, os testes usaram cacto palma como elemento colante, mas a planta viva dificultava o processo. A argila natural foi adotada no lugar e se mostrou mais eficiente.

Segundo Gustavo de Sousa, de 17 anos, um dos autores do projeto, o uso do açaí foi escolhido por ser comum na região.

“A gente vê caroço jogado no chão. Decidimos aproveitar esse resíduo para criar algo útil e que não polua”, contou.

Passo a passo da produção do tubete orgânico

 

  1. Coleta dos caroços de açaí: Os estudantes recolhem os caroços descartados em batedeiras da cidade, onde o resíduo costuma ser jogado no chão ou acumulado sem reaproveitamento;
  2. Torra dos caroços: Os caroços são levados para a escola e torrados em frigideiras comuns, até ficarem secos e prontos para trituração;
  3. Trituração manual: Após a torra, os caroços são triturados com martelo, quebrando a estrutura rígida para facilitar o processamento;
  4. Peneiramento do material: O pó resultante da trituração é peneirado para separar os grãos mais finos, que serão usados na mistura com a argila;
  5. Mistura com argila natural: A argila é coletada de forma local e misturada ao pó de açaí até formar uma massa homogênea, com textura ideal para moldagem;
  6. Moldagem dos tubetes: A massa é moldada manualmente em formato cilíndrico, semelhante aos tubetes de plástico usados na agricultura;
  7. Secagem ao sol: Os tubetes são deixados para secar naturalmente ao sol. Em dias chuvosos, os alunos usam uma estufa improvisada com lâmpada amarela para manter a eficiência do processo;
  8. Testes de germinação: As mudas são plantadas diretamente nos tubetes orgânicos e colocadas em vasos. Os estudantes observam o desenvolvimento da planta e a incorporação do tubete ao solo.

Além dos benefícios ambientais, o projeto também apresenta vantagens econômicas. Um tubete de plástico pode custar até R$ 1,50 e não é reutilizável. Já o orgânico sai por cerca de R$ 0,30.

Nos testes realizados, os estudantes observaram que as mudas se desenvolveram melhor com o tubete orgânico.

“A germinação foi mais rápida. Enquanto o plástico demorou mais de uma semana, o nosso tubete levou de 7 a 9 dias”, explicou Gustavo.

 

A professora explicou ainda que o projeto está em fase de testes, mas os resultados apresentados já são positivos. A equipe pretende apresentar a proposta para agricultores da região.

“A ideia é levar esse produto para os pequenos produtores, mostrar que ele funciona e pode ser incorporado ao solo, nutrindo a planta”, concluiu Rose.

Fonte: G1.

Foto: Mayra Carvalho/Rede Amazônica

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