os últimos anos, o Brasil vem se tornando uma espécie de celeiro do software, com o surgimento de uma grande quantidade de startups voltadas para segmentos como finanças, internet móvel e SaaS (software as a service). No meio dessa efervescência, no entanto, há um movimento que muitas vezes passa despercebido: o das empresas nacionais que apostam no hardware, especialmente nas áreas de IoT (internet das coisas) e robótica. É um mercado nada desprezível: um estudo da McKinsey Global Institute aponta a IoT, por exemplo, como a tecnologia de maior potencial de transformação no mundo, com impacto econômico de até US$ 11,1 trilhões em 2025. O BNDES estima que o Brasil possa atrair de US$ 50 bilhões a US$ 200 bilhões desses recursos — valores que estão chamando a atenção dos empreendedores.
Diagnóstico instantâneo
Pets bem alimentados
Muitos donos de animais de estimação ficam preocupados com os pets quando precisam passar o dia fora de casa. É para resolver esse problema que a Zenpet, de Uberlândia (MG), criou uma linha de produtos tecnológicos. O primeiro deles é o Feeder, um alimentador conectado à rede wi-fi que dispensa a ração na quantidade e no horário definido em um aplicativo de celular, e avisa quando a ração está próxima do fim. O alimentador pode incluir câmera e alto-falante para a interação à distância entre o dono e o animal. A startup também deve lançar em 2019 um bebedouro para gatos e a versão do alimentador com reservatório de 15 kg. Por meio do app, a empresa espera conectar o consumidor com pet shops, e receber um percentual sobre as vendas.
Refeição tecnológica
Existe aproximadamente 1 milhão de bares e restaurantes no Brasil. Estima-se que 60% deles trabalhem no modelo self service por quilo, com o cliente pagando exatamente pelo que consome. Para esses negócios, a Mogô, de Pato Branco, no Paraná, desenvolveu um robô de autoatendimento que pode reduzir custos com mão de obra ou liberar empregados para outras atividades. Instalado ao lado da balança, o Mogô cumprimenta o cliente, controla a pesagem, entrega a comanda e deseja boa refeição. Além disso, trabalha integrado a qualquer sistema de gestão, fornecendo dados como consumo diário, tíquete médio e horário de maior movimento. “No futuro, vamos incorporar recursos de inteligência artificial e sistema de pagamentos por cartão”, diz o CEO, André Neckel, 30 anos. O equipamento está em pré-venda, mas a Mogô já entregou dez unidades do robô para clientes de algumas cidades do país. A produção em escala deve começar nos próximos meses.
Mobilidade para deficientes visuais
Há um ano e meio, a cearense VibEye — criada pelo estudante de engenharia elétrica Samuel Lima, 21 anos — vem trabalhando em um produto para deficientes visuais. O resultado é o dispositivo VibSense, dotado de um sensor ultrassônico capaz de detectar obstáculos e mandar um sinal por Bluetooth a uma pulseira vibratória, alertando seu usuário sobre o perigo à frente. “O dispositivo não substitui a bengala, soma-se a ela para maior segurança”, diz. O usuário poderá fixar o sensor em óculos, bonés ou em roupas e determinar a distância para a emissão dos alertas. O aparelho pode ainda trabalhar em conjunto com o app VibMob, uma espécie de Waze para deficientes visuais, que será comandado por voz e poderá indicar as rotas mais seguras.
Fonte: Revista PEGN