Gabriela Cañas, Flora Oliveira e Renata Feijó lideram iniciativas como licença parental, palestras, mentorias e planos de carreira e de salários igualitários
Renata Feijó, Flora Oliveira e Gabriela Cañas, da Loft: startup de imóveis se tornou um unicórnio recentemente (Foto: Loft/Divulgação)
O mundo das startups ainda tem pouca presença feminina em todas as áreas: no quadro geral de funcionários, no desenvolvimento de tecnologia, na liderança ou na hora de captar investimentos.
Três executivas se uniram a outras mulheres e lideraram práticas para mudar essa situação na startup de compra, reforma e venda de apartamentos Loft. A empresa foi recentemente avaliada em mais de US$ 1 bilhão e alçada à categoria de unicórnio brasileiro.
Gabriela Cañas, Flora Oliveira e Renata Feijó lideram respectivamente as áreas de pessoas, de administração e de compliance e jurídico na Loft. Elas fazem parte de um grupo de funcionários que fomenta iniciativas como licença parental igualitária; palestras e mentorias feitas por e para mulheres; e planos de carreira e de salários independentes do gênero.
As ações aproximaram a Loft das suas metas de contratação de profissionais do gênero feminino, definidas no final de 2019: 50% no total da companhia, 50% para cargos de lideranças e 30% para a área de tecnologia. Nos primeiros 40 dias do ano, 48% das contratações na Loft foram de mulheres. Em liderança, essa porcentagem ficou em 50%. Na área de tecnologia, o gênero feminino representou 44% dos novos funcionários.
Plano de carreira, salário e inspiração
As primeiras iniciativas começaram no ano passado, quando a Loft completou um ano de operação. “As ações surgiram a partir da autonomia que temos na empresa. Pensamos não apenas nas metas de cada área, mas também em como melhorar nossa cultura de trabalho”, diz Flora.
A diretora administrativa trabalhou no banco Merril Lynch e no fundo Advent International. No último, implementou um comitê de diversidade. Flora auxiliou na compra das startups Decorati e Spry e na captação de capital de risco para a Loft.
“Passamos a olhar nossas estratégias de benefícios e pessoas com um viés de equidade por enxergarmos uma necessidade”, afirma Gabriela. A administradora e engenheira passou pelo chão de fábrica da Embraco e pelas áreas de pessoas da Coca-Cola FEMSA e Suzano Papel e Celulose antes de se juntar à Loft.
O departamento de pessoas desenhou planos de carreira e elencou as competências necessárias para a progressão de cargos e salários. A ideia é que os funcionários tenham as principais métricas da companhia claras e possam contestar qualquer desigualdade, inclusive as vindas por conta do gênero.
Outra iniciativa é um Comitê de Mulheres, que criou os encontros Loft Woman: mulheres inspiradoras dentro e fora da Loft são convidadas a palestrar para funcionárias da companhia e levar inspiração.
Licença paternidade e mentoria para mulheres
Outras iniciativas são mais recentes na Loft. A startup adotou uma licença parental independente de gênero: tanto mulheres quanto homens tiram seis meses de licença em caso de nascimento ou adoção. Para os homens, é preciso tirar dois meses compulsoriamente e os outros quatro meses podem ser diluídos em até um ano.
A ideia é inverter a cultura de que apenas a mulher é responsável por cuidar dos filhos em seus primeiros meses de vida, além de igualar os custos de saída de mulheres e homens. “A iniciativa surgiu estudando práticas dentro e fora do Brasil. Também é interessante notar que essa nova licença passa a contemplar casais homoafetivos”, diz Gabriela.
Outra iniciativa recente foi a de mentoria para mulheres, que surgiu a partir do Comitê de Mulheres da Loft. “É uma mentoria focada nas competências pedidas pela companhia, com foco em crescimento de carreira. Mas, mais do que isso, criamos conexões entre as funcionárias”, diz Renata. A diretora de compliance e jurídico trabalhou em arbitragem e na parte legal de startups como Moip e Guia Bolso. Na Loft, colocou as condições para a licença parental e lidera o Comitê de Mulheres.
Com iniciativas na mesa e medição das porcentagens de contratação, o próximo passo é acompanhar e garantir que tais ações estejam de fato acontecendo na Loft. Na lista de tarefas: garantir a reintegração dos pais que tiraram sua licença parental; padronizar salários que já vieram desiguais do mercado; e chegar aos almejados 50% de contratação feminina na startup.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios