Da periferia de SP para os EUA: A trajetória do estudante de medicina que virou pesquisador em Harvard

Há alguns meses, Johnatan Padovez, 22 anos, jamais imaginou onde estaria hoje. A combinação entre sonho, determinação e muito esforço é um resumo de sua trajetória. Nascido na Zona Sul de São Paulo, viveu a maior parte da vida em Santo Amaro, depois se mudou para a Vila São José, e hoje está morando nos Estados Unidos, como um Research Student (estudante pesquisador) no Departamento de Saúde Ambiental da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Como isso virou realidade? O Razões conversou com ele para conhecer sua história. Acompanhe com a gente!

Tudo começou com uma vontade que foi surgindo aos poucos: a de se tornar médico. Ele conta melhor sobre isso: “minha mãe é enfermeira, então eu sempre admirei a forma com que ela falava com os pacientes e como ela se dedicava ao máximo para fazer o melhor para eles. Esse olhar de gentileza e de amor ao outro me inspiram até hoje. Além disso, ter um pai professor que sempre estimulou muito o estudo foi um ponto chave para seguir na dura caminhada dos estudos. Por fim, essa decisão foi também fortemente mantida, porque minha irmã me deu o suporte emocional necessário para que eu não desistisse desse sonho”.

Depois de completar o Ensino Fundamental em colégios particulares de bairro (sempre com bolsas parciais) e o Ensino Médio, em um colégio público técnico na Zona Norte de São Paulo, resolveu então fazer vestibular para Medicina. A dedicação aos estudos resultou na aprovação para a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde ele cursa o 4º ano, agora pausado pelo intercâmbio em Harvard.

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Johnatan é estudante pesquisador no Departamento de Saúde Ambiental da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Foto: Arquivo pessoal

Johnatan explica sobre o processo de aplicação para o programa: “desde que entrei na faculdade, eu sabia da existência desse projeto, mas não imaginava que eu fosse capaz de conseguir entrar. Quando cursava o 3º ano, decidi tentar. Eu sabia que a disputa era grande e que o patrocínio da viagem era difícil, mas conheci alguns colegas que haviam conseguido em anos anteriores e que me encorajaram fortemente a prestar”. Sem muitas expectativas, ele passou nas três fases do processo, que envolviam análise de currículo, carta de motivação escrita em inglês e uma entrevista, também em inglês, com os professores de Harvard.

Como o inglês e o método Kumon foram essenciais durante o caminho

O inglês, vale destacar, foi fundamental para o processo de aprovação do intercâmbio e o Kumon, método que desenvolve o autodidatismo nos alunos, também foi seu grande aliado desde os 13 anos de idade, quando começou a estudar inglês. “Eu gostava de ouvir músicas em inglês e queria saber o que elas significavam. Além disso, eu sempre tive vontade de conhecer o mundo e achava que as aulas na escola eram fracas. Com o imenso privilégio de ter pais que me apoiavam e que podiam arcar com esse custo, cheguei ao Kumon”, lembra Johnatan.

Para ele, a vantagem principal do método foi a possibilidade de não ter aulas em classe da forma tradicional: “na época, eu não conseguia aprender com grandes grupos porque me distraía muito. Assim, a ideia de um método que caminhava no meu ritmo, que se encaixava na minha rotina e que me permitia flexibilidade, me deixou muito animado”, comenta ele. A parceria entre eles deu tão certo, que  agora Johnatan é um embaixador da marca, conforme conta: “É uma honra e uma responsabilidade grande, uma forma produtiva de relatar a experiência que tenho aqui. Assim, sou muito grato a toda equipe do Kumon e especialmente a minha orientadora, Daniela Lauriano, por terem topado participar dessa jornada comigo”.

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O inglês foi fundamental para a aprovação no intercâmbio, e o Kumon foi seu grande aliado desde os 13 anos. A parceria deu tão certo, que Johnatan se tornou embaixador da marca. Foto: Arquivo pessoal

Os sonhos que viraram realidade estão só começando

Desde janeiro deste ano, quando começou o intercâmbio, Johnatan passa a maior parte do tempo em um laboratório desenvolvendo procedimentos e encaminhando projetos, além de participar de seminários semanais sobre escrita científica e discussões sobre os rumos da ciência em geral. “A rotina é intensa, principalmente porque tenho muita responsabilidade sobre os experimentos. Tem dias que fico de manhã até de noite preparando tudo, mas, apesar disso, a rotina é muito animadora, tenho professores e orientadores que se importam muito com meu aprendizado e tenho crescido muito todos os dias”, compartilha ele.

Segundo ele, a ficha ainda não caiu, pois parece que está vivendo um sonho. De sonhos, aliás, ele entende bem e ainda tem muitos a realizar pela frente: “como professor, quero lutar para que haja cada vez mais jovens nas universidades e para que tenhamos uma educação reconhecida internacionalmente. Como médico quero defender a saúde como direito de todos e agir em sua expansão principalmente nas áreas mais periféricas e desassistidas. Como pesquisador, quero produzir conhecimentos que melhorem a vida diária das pessoas”, diz Johnatan.

Alguém ainda desconfia que ele vai alcançar todos esses objetivos? Nós do Razões, não temos a menor dúvida!

Quem quiser acompanhar o dia a dia do pesquisador, Johnatan criou uma conta no Instagram para mostrar tudo que tem vivido em Harvard, conheçam aqui.

Fonte: Razões para Acreditar

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