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Economia verde: restos de alimentos viram biogás em restaurante da ilha do Combu, polo do turismo gastronômico em Belém

Nesta quarta-feira (5), quando se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, a população ribeirinha da ilha do Combu, em Belém, é exemplo na busca de soluções em busca de uma economia verde e um turismo menos predatório na Amazônia.

O sistema de biodigestores é um modelo de sustentabilidade que produz gás a partir de restos de alimentos de um restaurante na ilha . O lugar é um dos principais polos do turismo gastronômico e ecológico da cidade, que será a sede da Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas, em 2025, a COP-30.

A ilha do Combu tem mais de 30 restaurantes erguidos com a arquitetura de palafitas e que recebem milhares de visitantes aos fins de semana. Fica distante a menos de 10 minutos do continente, numa viagem feita em lanchas e pequenas embarcações que partem do Terminal Hidroviário Rui Barata, localizado na Praça Princesa Isabel, bairro da Condor.

O lugar é pitoresco. Revela o contraste entre um pedaço da Amazônia, que precisa ser preservado, com a paisagem urbana da capital paraense, que se transforma com a verticalização imobiliária.

Descrições a parte, as famílias que moram na ilha do Combu estão preocupadas com as consequências da atividade turística.

Um bom exemplo partiu de Prazeres Quaresma que implantou uma usina de biogás no restaurante da família dela. O empreendimento é um dos mais antigos e tradicionais do Combu: o Saldosa Maloca.

Essa usina utiliza biodigestores foi pioneiro na região amazônica. Para ser implantado, foi necessária a construção de uma palafita no quintal do restaurante.

O sistema é formado por um conjunto de bolsas gigantes, onde são despejados os restos de alimentos do restaurante. Durante a decomposição, esses alimentos liberam gases que são usados na cozinha do restaurante.

Em síntese, o reaproveitamento dos restos de comida do restaurante, que é tudo aquilo que sobra nos pratos e não é consumido pelos clientes, vira biogás e também biofertilizantes – uma espécie de adubo orgânico.

“Tudo o que for orgânico pode ser usado neste sistema. O cardápio do restaurante tem o peixe como carro-chefe e o que sobra do peixe pode virar biogás”, explica a ribeirinha.

Cada bolsa custou R$ 5.900 e tem uma vida útil estimada em 25 anos. O volume de biogás produzido por elas vai depender da quantidade de restos de comida despejada nas bolsas.

O biogás produzido pela decomposição dos alimentos chega até o fogão por meio de uma espécie de encanamento, com mangueiras ligando as bolsas da usina ao fogão.

“Estas bolsas têm a capacidade para produzir até treze quilos de gás. Com esse modelo, eu não me preocupo sobre onde jogar os restos de alimentos do restaurante”, comemora Prazeres.

Por outra tubulação, escorre um líquido produzido pela decomposição dos alimentos e que não é chorume. Este líquido se torna biofertilizante, uma espécie de adubo, usado na horta do restaurante.

No início da implantação do sistema, dona Prazeres preferia não misturar os restos de alimentos de origem animal (peixes, carne vermelha e frango) com os restos de alimentos de origem vegetal. Isto porque os restos de alimentos de origem animal viram biogás, já os de origem vegetal viram biofertilizantes.

A questão do lixo e dos resíduos arrastados do continente (área urbana) até a ilha do Combu, pela correnteza dos rios, também preocupa a população ribeirinha.

Garrafas, embalagens, plásticos, isopor e outros materiais que levam anos para se decompor e que são despejados irregularmente nas ruas e canais de Belém, acabam indo para as ilhas 39 ilhas que cercam a cidade, entre elas a do Combu.

Horta sustentável

 

Uma das alternativas adotadas pela dona Prazeres Quaresma, foi a reutilização dos resíduos plásticos para confecção de vasos usados no plantio de sementes e mudas.

“Tudo a gente reutiliza e jamais despeja na natureza. São materiais que todo mundo tem em casa e que muita gente não reaproveita”, destaca Prazeres, ao apontar para as mudas e sementes dentro do vaso feito em caixas de leite, pacotes de café e garrafas pet.

A horta é suspensa em canoas que não servem mais para a navegação de pessoas e viram canteiros para a produção de hortaliças e temperos.

Fonte: G1.

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