“Nada mudou no Haiti após o terremoto, vivemos problemas sérios e não há emprego. Eu concluí o ensino médio, fiz técnico em informática, mas não havia oportunidades”, conta. Doriscard conseguiu o visto permanente para o Brasil, pegou um avião e desembarcou no Equador para depois chegar aqui.
A adaptação não foi fácil, a língua foi a principal barreira. “Não conseguia emprego, não sabia falar, me expressar, mas precisava sobreviver, consegui comprar chocolate e vendia nas ruas, nos trens e consegui juntar dinheiro”.
O segundo passo foi ingressar em uma universidade com bolsa, na Unisal (Centro Universitário Salesiano). “Consegui ingressar no curso de engenharia, tenho estudado o tijolo ecológico e, como sou empreendedor, elaborei um projeto para construir casas com uma economia de 30% no valor final”. O projeto conta com apoio técnico da Universidade. “O próximo passo é ensinar as pessoas a utilizarem, formar mão-de-obra porque esse tijolo não precisa de cimento”.
“Pretendo levar o projeto de construção de casas para o Haiti e usar aqui no Brasil também, muitas pessoas vivem em condições precárias em comunidades, seria uma alternativa mais barata”, diz.
“Creio que para tudo dar certo, nós precisamos de planejamento e estudar é a minha meta”, diz.
Inclusão
Doriscard e Cherine são dois dos imigrantes que recebeu apoio da Unisal para a integração de imigrantes. “Observamos um aumento do número de haitianos em Americana e nos aproximamos dos representantes da comunidade para conhece-los melhor”, explica o coordenador projeto, Flavio Rossi.
A primeira demanda do grupo era a língua. “O português era uma barreira, iniciamos o primeiro grupo com alguns alunos, eles tinham receio, sofreram muito para chegar até o Brasil e atualmente atendemos mais de 100 pessoas”, conta o coordenador.
“Envolvemos alunos e professores da instituição e percebemos outras necessidades como o apoio jurídico, quando uma mulher grávida de oito meses foi demitida sem receber nada.”.
Hoje, também é oferecido curso para qualificação em pinturas e texturas. Os estrangeiros recebem material e qualificação para o trabalho.
“É muito gratificante observar o protagonismo e envolvimento dos alunos, como desenvolvem consciência social e empatia e a maturidade que conquistam só comprova que podemos transformar a realidade pela educação”.
Fonte: R7