Através de orientações, pais e responsáveis podem educar e instruir crianças (Foto: Reprodução)

Educação e respeito: como educar as crianças de forma positiva e inteligente

“Eu sempre apanhei e não morri”, ou “se não apanhar em casa, apanha na vida”. Essas frases ainda são comuns para aqueles que acham que surras e castigos ainda são as melhores ferramentas para a educação de uma criança. No entanto, especialistas apontam que o processo de educação com uso das violências física ou verbal não geram bons resultados, diferente da prática da “educação respeitosa”, que é um conceito que ganha cada vez mais espaço nos lares, oferecendo resultados muito mais positivos para o crescimento e desenvolvimento dos pequenos.

“Respeito significa consideração, que é um sentimento que impede uma pessoa de tratar mal o seu próximo ou a si mesmo. Educação respeitosa envolve um respeito mútuo, tanto em não humilhar, bater ou castigar uma criança, quanto o adulto saber respeitar suas próprias necessidades’, afirmou a especialista Ilçana Sampaio Lopes, pediatra e educadora parental em Disciplina Positiva.

Segundo ela, o processo de educação respeitosa não é uma forma de deixar de educar as crianças, mas de apresentar os limites sem a necessidade de gritos e punições.

“Disciplina não deve ser visto apenas como obediências às regras, mas sim ao ato de ensinar, como disciplina de matemática, literatura e etc. Você pode ensinar uma música desde que o bebê está na barriga, com 24 semanas já podem ouvir, ao nascer eles prestam atenção na música que foi cantada ou tocada todos os dias. Assim você já está ensinando um método de acalmar o bebê. A vida e o aprendizado começa antes do nascimento”, explicou.

Para a especialista, o conceito de educação respeitosa é o equilíbrio ideal entre o conceito de permissividade e rigidez exageradas. Segundo ela, os dois extremos podem gerar prejuízos ao desenvolvimento das crianças.

“Quando os pais são permissivos e deixam tudo, a criança tem liberdade sem ordem. Não tem segurança, pois não tem capacidade para escolher diversas coisas que lhe é permitido, tornam-se crianças exigentes, sem empatia ao próximo, pois não enxergam as necessidades do adulto, apenas as suas próprias. Não conhecem o sentimento de ser capaz, o que prejudica a autoestima. Já aa rigidez, punição e castigos, ela tem ordem sem liberdade, o que pode gerar raiva, rancor e rebeldia em uma criança de temperamento forte ou dissimulação, mentiras, em uma criança obediente”, avaliou.

Já na disciplina positiva há liberdade com ordem, onde as regras podem ser feitas juntas, onde os pais dão escolhas dentro de limites, que demonstrem respeito por todos.

Dentre os benefícios imediatos para a educação positiva estão a união e colaboração em casa, visto que todos têm responsabilidades com a casa e uns com os outros; tanto os pais quanto as crianças aprendem a se relacionar com respeito, um exemplo é poder tirar um celular que a criança está usando em excesso, não porque está punindo, mas porque agora aprendeu que telas não fazem bem para crianças pequenas.

Para ela, impor esse limite não precisa ser brigando, ainda que possa gerar rebeldia em uma criança você terá a empatia de dizer: “Eu entendo que você gosta, mas faz mal e precisarei guardar, você terá 1h para jogar aos finais de semana e qual horário você gostaria?”.

Aos poucos a criança se adapta ao novo método e aprende a ser empática e conversar com tranquilidade.

Já a um longo prazo, esses benefícios são ainda mais perceptíveis e tornam-se permanentes da vida de um adulto que foi educado com esses conceitos ao longo de sua história. “Todo desafio de comportamento você está visando ensinar habilidades como responsabilidade, autodisciplina, cooperação, empatia, respeito, senso de humor, paciência, honestidade e interesse em aprender”, pontuou Ilçana.

 Dicas para iniciar a prática da educação respeitosa no lar

• Escolhas limitadas: ficar sem tomar banho não é uma opção, mas criança pode escolher se quer ir ou pulando ou dançando como uma banana. (ensina a criança a escolher algo e ensina sobre humor)

• Melhorar a comunicação e evitar formas negativas melhora o comportamento significativamente. Por exemplo: ao invés de dizer “não mexa na tomada”, você diz “aí faz dodói”. As crianças entendem o não isoladamente, mas em frases, o torna confuso e dificulta a obediência/ colaboração.

• Elaborar a rotina juntos, pontuar tudo que se faz em casa e perguntar da criança o que ela poderia fazer, o que seria de responsabilidade dela.

 Educação respeitosa na prática

 A publicitária Louise Lauschner disse que desde antes de engravidar, já estudava a disciplina positiva e hoje, com uma filha de seis anos, vê que a menina é bastante consciente.

“Não é fácil, já perdi a cabeça muitas vezes e nessas horas a vontade que eu tinha era agir como agiram comigo, com violência. Quando ela tinha dois anos, em uma dessas perdas de paciência, dei um apertada no braço dela, tenho certeza que não doeu fisicamente, mas a mensagem que eu havia passado era violenta. Nesta hora, ela chorou alto e falou ‘você não pode me machucar’. Nesta hora parei, morri de vergonha por ter sido violenta e ao mesmo tempo orgulho porque ela sabia, mesmo tão nova, que ninguém poderia machucá-la, nem mesmo eu. Mesmo pequena, ela teve a coragem de enfrentar seu agressor. Eu mesma levei muitos anos para entender e respeitar meus limites e ela o fez de maneira muito natural”, relembrou.

Para Louise, o aprendizado é constante mesmo para o adulto responsável pela educação de uma criança. “Hoje, tenho compreendido que meu pavio é curto, mas que não preciso deixar ele queimar. Se percebo que estou perdendo o controle, respiro, peço para que me ajude a recuperar a serenidade através de um abraço e assim ela também entende que a paciência de todo mundo acaba, mas que isso não justifica ser violenta”, explicou.

*Com informações do site A Crítica

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