(Foto: Marcelo Victor)

Em MS, 89% das mulheres empresárias são donas de negócios por conta própria

Mulheres donas de negócios representavam 36% das lideranças das pequenas e microempresas do Estado até o fim de 2021, ante média nacional de 34%. Dentro deste universo, 89% delas são donas por conta própria. Os dados são de uma pesquisa feita pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso do Sul (Sebrae-MS).

Um ponto de grande mudança nos últimos sete anos apontado pelo levantamento é a proporção de mulheres chefes de família e donas de negócios, que saiu de 38%, em 2015, para 49%, em 2021, na média brasileira.

O contrário é notado na população masculina, que saiu de 70%, em 2015, para 56%, no ano passado.

Segundo o Sebrae-MS, as mulheres tomaram a frente de negócios dos mais diversos segmentos. Entre os preferidos estão, principalmente, comércio e serviços, que correspondem a 50% e 28% dos empreendimentos geridos por mulheres, respectivamente.

Indústria e agro seguem como setores com pouca representatividade, com 14% e 7%, conforme a pesquisa. O setor de construção civil segue com a menor representatividade, com menos de 1% de mulheres como donas de negócios.

Ainda segundo o Sebrae-MS, as mulheres correspondem a 10,1 milhões de empreendedoras à frente de um negócio no Brasil.

Apesar de o levantamento apontar pequena representatividade na agropecuária, conforme publicado na edição de 12 de novembro do Correio do Estado, levantamento do Sistema Famasul aponta crescimento na participação feminina no setor.

No estudo foi identificado que em 2010 havia 1,1 mil mulheres com participação em atividades agrícolas no Estado. Em 2020, esse número passou para 2,4 mil mulheres, ocupando principalmente cargos de liderança.

Segundo a consultora do Sebrae-MS Michelle Freesz, vem aumentando a demanda por conta do crescimento de negócios e do aumento do número de famílias que passaram a ser geridas por mulheres no pós-pandemia.

“Elas foram buscar uma vida melhor. Mesmo sendo mais de 50% da população em MS, somos apenas 36% das líderes de negócios no Estado, então, tem muito caminho a percorrer ainda”, projeta.

Freesz comenta que pesquisas apontam que as mulheres trabalham 10 horas a mais que os homens, logo, o principal desafio, segundo ela, ainda é a tripla jornada. “É muito difícil a mulher conciliar tudo isso. E, por outro lado, a valorização também é um problema.

As mulheres estudam muito mais e não conseguem o mesmo espaço no mercado de trabalho. Então, a abertura é uma necessidade, e a mulher vai buscar essa abertura”, frisa.

Mesmo com mais preparação, a consultora diz que isso, inicialmente, não se traduz em um negócio mais inovador quando a mulher se propõe a empreender.

“A mulher busca trabalhar com um produto que está presente no seu cotidiano. Ela vende uma maquiagem, faz um bolo que ela gosta, mexe com as roupas que gosta: são segmentos com muita concorrência, em mercados cheios, e os negócios são muito mais vulneráveis”, analisa.

Empreendedorismo

No mês do empreendedorismo feminino, ações do Sebrae-MS encorajam mulheres a tomar a frente de papéis de relevância no mundo dos negócios. Entre as ações, a principal é o Desenvolvendo Empreendedoras Líderes Apaixonadas pelo Sucesso (Sebrae Delas).

O programa nasceu em MS e já se expandiu para o cenário nacional. Segundo Freesz, o projeto já auxiliou 14 mil mulheres.

Uma dessas mulheres é a proprietária da Doce Grão – Sobremesas sem Culpa, Heloísa Garcia. Ela ressalta que o desafio de ser uma mulher empreendedora é estar o tempo todo focada no negócio. “A gente não para. Trabalho muito mais horas do que trabalhava como funcionária, com certeza absoluta. Mas, ao mesmo tempo, é extremamente recompensador”, define.

A jornalista e agora empresária do ramo de alimentos Heloísa comenta a importância do auxílio do Sebrae na viabilização de seu negócio, que já tem seis anos.

“Fiz diversos programas, e hoje mesmo estou em dois: um de análise de mercado, em que estão me ajudando a expandir minhas vendas para hotéis, empórios, mercados e dando uma repaginada no layout do produto, e outro de gestão financeira, que durante todo o mês de novembro vou ter uma consultora de finanças me ajudando a organizar o caixa”, comenta.

No início da empresa, quando ela mesma ainda produzia e fazia as entregas, os primeiros passos que a empreendedora tomou foram os cursos para buscar orientação.

“Até então era um hobby meu, mas passou a ser minha principal fonte de renda. Então, abri um MEI [registro de Microempreendedor Individual], pedi uma máquina de cartão e fiz todos os cursos gratuitos ou baratinhos que o Sebrae oferecia, fiz plano de negócios, gestão, precificação, marketing e mídias sociais”, relembra.

Segundo ela, a decisão de negócios foi dar oportunidade a pessoas que não tinham trabalhado antes. A explicação vai em linha com a especificação dos alimentos zero lactose, zero açúcar e sem glúten que a Doce Grão produz.

“Meu produto é diferente, então, queria gerir minha loja de um jeito diferente também. Hoje, todas as pessoas que trabalham comigo são mulheres, mães e com pouca ou nenhuma experiência profissional anterior. Aquela primeira funcionária que eu contratei em 2018 como auxiliar de limpeza hoje é minha chefe de cozinha”, revela.

Outra empreendedora da Capital, a proprietária da Ki.monaria Carolina Debus conta que a ideia de costurar quimonos para uso diário nasceu em 2020, em meio à pandemia. O momento de transição de carreira se somou à vontade de realizar o sonho antigo de ter uma marca autoral.

“A ideia inicial era costurar quimonos para mim. Aos poucos, as peças começaram a despertar o desejo de outras mulheres próximas, e, sem hesitar, comecei a fazer quimonos para cada uma delas”, relata.

Ela diz que sempre buscou uma peça que fosse confortável e que trouxesse a sensação de bem-estar e aconchego. Com o interesse de outras pessoas, a Ki.monaria foi ganhando forma e se tornou um negócio.

Em fevereiro de 2021, Debus passou a fazer parte do Sebrae Delas. “Tive a oportunidade de adquirir mais conhecimento e entender as etapas e processos de construção de uma empresa. Recebi mentorias, participei de eventos, palestras e workshops que contribuíram para a consolidação do meu sonho, de ver minha empresa evoluir e se transformar ao longo destes dois anos”, finaliza.

Michelle Freesz comenta que as empreendedoras passam por mentorias individuais com consultoras, que acompanham o processo evolutivo delas e mapeiam as necessidades de acordo com o estágio que os negócios se encontram.

“Também formamos um grupo que criou uma espécie de sororidade. Mesmo que cada uma esteja em um momento muito particular, o grupo está sempre apoiando, temos jornada on-line de diferentes temas, e elas mesmas acabam trocando experiências”, explica.

*Com informações do site Correio do Estado

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