Em 2002, Dione Vasconcellos voltava ao Brasil após 20 anos morando na Europa. Nascida no Rio Grande do Sul, a empreendedora tinha o sonho de morar no Rio de Janeiro e, quando chegou ao país, decidiu ficar na cidade. Mas com uma filha pequena e sem conhecer ninguém, ela começou a ter problemas financeiros.
Apesar de ter se formado em história, Dione decidiu começar algo totalmente novo: a produção e a venda de sabonetes artesanais.
Hoje, quase 20 anos depois, ela é fundadora da Lola Cosmetics, marca que vende seus produtos em mais de 10 mil pontos no Brasil.
Dione sempre gostou de fazer artesanato – e foi nesse ramo que ela decidiu investir. Assim, a empreendedora começou a produzir seus primeiros sabonetes em barra feitos com glicerina.
No início, ela os vendia em feiras de artesanato e depois chegou até a abrir seu próprio quiosque, com ajuda de um cunhado. Mas ela reconhece que o produto não era dos melhores. “Meu primeiro sabonete era ruim, nem fazia espuma”, diz Dione.
Sem desistir, a empreendedora aprendeu então todo o processo de saponificação e produção da própria glicerina. Com isso, Dione começou a vender os sabonetes para outras lojas. “Eu me apaixonei pelo ramo”, afirma.
Então, quando uma antiga fábrica de produtos farmacêuticos chamada Farmativa estava falida e à venda, pensou em usar um dinheiro que tinha guardado para comprar a empresa.
A aquisição foi feita com a ajuda da irmã Jaqueline Vasconcellos e do seu cunhado, Milton Taguchi.
O que a empreendedora não esperava é que as dívidas do negócio somavam mais de R$ 1 milhão. Dione decidiu, então, chamar todos os credores e negociar as dívidas. “Levei três anos para quitar tudo.”
A Farmativa produzia para outras empresas, então a empreendedora continuou nesse ramo. Por três anos, ela continuou fazendo um serviço terceirizado. Em 2011, entretanto, sentiu vontade de criar a própria marca.
“Antes de abrir a Lola, eu achava esse mercado muito institucional, muito preto e cinza”, diz Dione. “Eu tinha vontade de criar algo mais divertido e não tinha nada assim no Brasil”. Assim, em 2011, a Lola Cosmetics surgiu.
Com apenas seis produtos e sem saber se o projeto daria certo, a fábrica continuou produzindo para outras empresas. Mas conforme a nova marca foi crescendo, Dione decidiu parar de atender esses clientes. Em 2013, começou a produzir apenas para a Lola.
Hoje, a marca tem shampoos, condicionadores, cremes de pentear, uma linha corporal com esfoliantes, perfumes, hidratantes e mais. O preço médio dos produtos é R$ 22. Todos eles são veganos e hipoalergênicos.
Querendo tornar a marca mais natural, desde 2018, a empresa busca também uma certificação francesa chamada Cosmos Natural, um padrão internacional de produtos orgânicos. Além disso, a marca está procurando alternativas para o plástico e procurando fórmulas mais enxutas para diminuir seu impacto no meio ambiente.
Apesar do sucesso da marca, Dione não tem interesse em franquear o negócio. Hoje, a Lola tem apenas cinco lojas em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “São apenas alguns pontos para fazer a marca ficar mais conhecida”, diz. Além desses pontos, os produtos são vendidos em mais de 10 mil pontos no Brasil, em farmácias e lojas de cosméticos.
A marca tem ainda um distribuidor em Portugal, que leva os produtos para o resto da Europa, e também para o Egito e os Emirados Árabes. No futuro, a Lola espera vender os produtos no México e no Chile.
“Loletização”
Desde que criou a marca, Dione afirma que vê uma “loletização” de outras marcas brasileiras. Isso porque a Lola tem um design muito característico, com muitas cores e desenhos “moderninhos”. Além disso, os nomes dos produtos são todos “fora do sistema”, como diz a empreendedora. “Acho graça nesses nomes. Quem chamaria um produto de ‘morte súbita’?”, diz. Outros nomes “diferentões” da Lola são “drama queen”, “comigo ninguém pode” e “o poderoso shampoozão”.
Associado a esse visual mais moderno, a empresa investe também em uma relação mais próxima do consumidor. “Trabalhamos muito com mídias sociais e crescemos a partir disso”, afirma. Só no Instagram, a Lola tem mais de 800 mil fãs.
A empreendedora de 59 anos acredita que isso vem da sua geração. “Sou de uma geração muito alternativa”, afirma. Por isso, ela garante que não existe um processo de modernização da marca – segundo ela, a Lola nasceu assim.
A empresa não abre o faturamento, mas afirma que cresceu 15% em 2018. A previsão é que as receitas subam entre 18% e 20% em 2019.
Fonte: PEGN