Brasileiros desse segmento representam 56% da população e empreendedores investem em produtos e serviços para eles
Os movimentos de empoderamento e afirmação das pessoas de pele preta vêm ganhando força em todo o mundo e chamando a atenção do mercado brasileiro. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa realizada entre os anos de 2015 e 2018, o grupo de pessoas que se declararam pretas ou pardas foi o único que cresceu.
E entre os empreendimentos mais promissores estão indústrias e estabelecimentos comerciais especializados em produtos cosméticos e acessórios voltados para o segmento.
“No meu tempo, se a gente quisesse usar um shampoo, só tínhamos como opção o que todo mundo usava. Você só conseguia escolher entre shampoos para cabelo seco, oleoso ou misto. Agora não, tem quase tudo personalizado para meu tipo de cabelo e meu tom de pele. Isso é maravilhoso, mas ainda falta muito para se chegar ao ideal”, comenta a professora Márcia Lúcia da Silva.
‘Alguns estudos têm mostrado que o poder de compra do negro está crescendo. Por isso, investir em negócios que possam suprir mais e melhor a necessidade desse grupo de pessoas pode ser algo bastante promissor”
Leonardo Mól, gerente da Regional Centro-Oeste e Sudoeste do Sebrae Minas
Ao concluir a faculdade, ela retornou a Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, e passou a lecionar. “Nos fins de semana, trabalhava com penteados afro. A demanda cresceu tanto que resolvi abandonar a carreira de professora para me dedicar à beleza negra, porque isso fazia mais sentido para mim”, diz.
Foi por meio do incentivo de um amigo que trabalhava com cosméticos que ela começou a fabricar produtos químicos voltados para pessoas pretas. “É muito difícil encontrar algo que realmente nos represente. E assim passei a associar esse trabalho com meu salão”, recorda.
Consciência
“Nosso maior público, sem dúvida, são mulheres pretas. A maioria delas está passando ou já passou pelo processo de transição, que consiste em assumir o “black “, seu cabelo natural. Quando tivemos que fechar a loja na onda vermelha da pandemia, as vendas on-line e delivery bombaram”, conta a empresária.
“Convivo com jovens de todas as classes sociais. Não sei ainda com exatidão, mas percebo que a valorização da raça negra trouxe para esta comunidade o desejo de empreender.” A educadora acredita que é hora de o mercado ter um olhar mais apurado para o público jovem negro.