Empresas fazem parceria para empregar 40 mil jovens até 2020 em países do Mercosul

MONTEVIDÉU —Juventude traz uma ideia de leveza e boa vida nos anos que antecedem a vida adulta. Pode até ser assim em alguns aspectos ou em outros países, mas não no mercado profissional — e muito menos no Brasil, onde os jovens são os mais afetados pelo desemprego.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletados no último trimestre, 25,8% do total de profissionais que buscam emprego são jovens entre 18 e 24 anos. Na América Latina e países do Caribe, esse número é de 18,5%.

Para ajudar estimular a entrada de jovens no mercado de trabalho, a Nestlé se uniu a 29 empresas para firmar parcerias e discutir como ajudar na inserção de mais de 40 mil jovens no mercado de trabalho até 2020 em Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Laurent Freixe, CEO da Nestlé para as Américas, explica que o esforço conjunto será feito por meio de parcerias com gestões públicas e universidades, para capacitar e oferecer mentorias, além das contratações que já acontecem nas companhias, voltadas para trainees e aprendizes. A formalização da iniciativa para desenvolvimento profissionais de jovens foi realizada no 1º Encontro de Jovens do Mercosul, nesta semana, em Montevidéu.

Os jovens dizem que as razões para esses números altos de desemprego são o reflexo de um ciclo difícil de ser quebrado.

As empresas, por mais que ofereçam treinamento aos novatos, querem profissionais com um mínimo de qualificações para atender às suas necessidades.

Por exemplo, uma multinacional precisa de alguém que tenha fluência em inglês e/ou espanhol. O problema é que, num país onde a base educacional não é prioridade na gestão pública, nem todos têm acesso a uma preparação de qualidade, o que torna a entrada no mercado de trabalho penosa e muitas vezes desigual.

— Tenho consciência de que estou em uma instituição reconhecida, mas a base curricular no Brasil deixa as oportunidades muito desiguais. Não é ensinado, por exemplo, a se fazer um currículo. A maioria dos jovens não sabe nem por onde começar — diz a estudante de publicidade Vitória Kanaan Rosa, que hoje faz estágio em uma agência de publicidade em São Paulo.

Mais perfil, menos dados

Uma tendência para romper este ciclo são as seleções feitas à cegas, baseadas nas competências comportamentais ( soft skills ), em que são valorizadas habilidades mentais, emocionais e sociais, independentes de experiências profissionais e de informações que podem ser restritivas, como a formação acadêmica.

Para alguns jovens, a ideia é boa mas não condiz com a prática. Primeiro, porque o conceito de diversidade fica restrito à raça e gênero; segundo, porque os rígidos pré-requisitos limitam veladamente quem pode entrar nas empresas.

Sofia Esteves, presidente do Conselho do Grupo Cia de Talentos, pondera que a diversidade tem sido um processo em desenvolvimento dentro das empresas e que hoje o desafio é preparar líderes que valorizem equipes com profissionais diferenciados.

— As empresas estão aprendendo. Ainda há muito a ser feito. As mulheres ganham, em média, 16,1% a menos do que os homens e os negros também recebem remunerações menores em posições similares.

Fonte: https://oglobo.globo.com

 

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