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Estudo investiga potencial de fungo da Amazônia na produção de biocombustíveis

Cientistas brasileiros estão explorando uma nova e promissora rota para ampliar a eficiência da produção de biocombustíveis.

O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), aposta no uso de uma enzima extraída de um fungo amazônico capaz de quebrar materiais lignocelulósicos — componentes presentes em resíduos agrícolas, como palha de cana-de-açúcar e bagaço de milho.

A técnica, caso validada em larga escala, pode representar um avanço significativo para a bioeconomia brasileira, reduzindo o custo e aumentando a eficiência da produção de combustíveis renováveis.

Por que essa pesquisa é relevante

Hoje, a maior parte da produção de biocombustíveis no Brasil depende de processos industriais tradicionais, que utilizam grandes volumes de água, energia e produtos químicos para transformar resíduos vegetais em etanol de segunda geração (2G).

A descoberta de enzimas naturais, adaptadas à decomposição de biomassa em ambientes como a floresta amazônica, pode substituir parte desses insumos e tornar o processo mais eficiente e sustentável.

A enzima identificada no estudo atua diretamente na lignina, uma das estruturas mais complexas e resistentes da parede celular vegetal. Romper essa barreira é essencial para liberar os açúcares necessários à fermentação e posterior transformação em biocombustível.

Bioeconomia e inovação amazônica

O uso de recursos biológicos da Amazônia em processos industriais inovadores reforça a importância da bioeconomia regional, que busca aliar preservação ambiental e desenvolvimento econômico.

Segundo o estudo, a enzima analisada foi isolada de um fungo encontrado em resíduos orgânicos em regiões úmidas da floresta, demonstrando a riqueza biotecnológica presente na biodiversidade amazônica.

Esse tipo de aplicação, se desenvolvido em escala industrial, pode transformar a Amazônia não apenas em uma fornecedora de matéria-prima bruta, mas em um polo estratégico de inovação biotecnológica, com impacto direto na economia sustentável.

Benefícios em potencial

✔️ Redução do uso de produtos químicos na produção de biocombustíveis;
✔️ Processo de conversão da biomassa mais rápido e eficiente;
✔️ Menor impacto ambiental, com redução do consumo de água e energia;
✔️ Valorização da biodiversidade amazônica como fonte de inovação e pesquisa aplicada.

Brasil e a liderança em biocombustíveis

O Brasil já é um dos principais produtores globais de etanol de cana-de-açúcar e de biodiesel. Em 2024, as vendas de etanol hidratado alcançaram 21,66 bilhões de litros, marcando um crescimento de 33,4%.

Por sua vez, as vendas de diesel B, que inclui a mistura de biodiesel, totalizaram 67,25 bilhões de litros, um aumento de 2,6% em comparação com 2023.

Com a busca global por fontes de energia mais limpas e renováveis, soluções inovadoras como essa colocam o país em posição de vantagem na transição energética mundial.

Além disso, o desenvolvimento de tecnologias baseadas na biodiversidade local reforça a posição do país como líder em bioeconomia tropical.

Os cientistas agora trabalham para escalonar o processo, testando a eficiência da enzima em diferentes tipos de biomassa e em volumes industriais.

Há também o desafio de garantir que a exploração de recursos biológicos da Amazônia siga princípios de acesso e repartição de benefícios, respeitando a legislação de biodiversidade e assegurando que comunidades locais possam se beneficiar desse conhecimento.

Fonte: Real Time 1.

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