Um estudo inédito publicado na revista científica Sustainability, que tem sede na Suíça, revelou que as florestas do Amapá armazenam a maior quantidade de biomassa por hectare de toda a Bacia Amazônica. Essa biomassa é constituída de toda matéria vegetal proveniente de áreas florestais como a madeira, galhos e folhas.
Segundo os dados, o Amapá possui uma média de 537 toneladas de biomassa por hectare e se destaca por manter 84% de suas florestas em áreas protegidas.
Como cerca de 48,5% da biomassa é carbono, segundo os pesquisadores, as florestas do Amapá se apresentam com a maior densidade de carbono de toda a Amazônia, com 260 toneladas de carbono por hectare. O número é mais que o dobro (124%) da média para a região amazônica, que é de apenas 116 toneladas de carbono por hectare.
A pesquisa foi liderada pelo pesquisador José Julio de Toledo, do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Participaram do trabalho outros 11 cientistas de outras universidades e institutos.
Para o pesquisador, isso contribui significativamente para a preservação e a mitigação das mudanças climáticas.
“É fundamental implementar ou fortalecer políticas públicas que respaldem a conservação dessas áreas, como a gestão comunitária e cadeias produtivas sustentáveis como óleos essenciais, frutos, sementes, etc. Ao combinar proteção legal, desenvolvimento econômico local e mecanismos de mercado, o Amapá pode consolidar-se como modelo mundial de uma floresta em pé que renova valor, reforça sua biodiversidade e mantém-se no centro da solução para a crise climática”, explicou o Toledo.
Os pesquisadores utilizaram dados de levantamentos florísticos e técnicas de modelagem espacial avançada para gerar um mapa da concentração de biomassa nas florestas do Amapá. Os resultados mostraram que as florestas de terras baixas não inundáveis são as mais produtivas, seguidas pelas florestas submontana (em encostas e bases de montanhas) e de várzea.
Marcelino Guedes, engenheiro florestal da Embrapa Amapá, explicou que a existência de árvores gigantes no Platô das Guianas e no Vale do Jari, no Sul do estado, são exemplos de áreas com acúmulos de biomassa.
“A gente já tinha vários indícios mostrando realmente que no Vale do Jari, onde existem as árvores gigantes, a floresta é muito mais pujante. É uma floresta muito mais produtiva em termos de acúmulo de biomassa. Esse grande estoque de carbono sequestrado nessa floresta em pé ajuda a evitar e combater todos os problemas derivados da crise climática”, disse.
Os autores alertam que, para conservar esse importante estoque de carbono, é necessário reforçar a proteção das reservas, especialmente aquelas de uso sustentável, onde há concessões de manejo florestal.
Além disso, recomendam a implementação de políticas públicas que fortaleçam o combate ao desmatamento e incentivem iniciativas como o REDD+ e projetos de manejo florestal comunitário.
A pesquisa destacou o papel estratégico do Amapá no cenário ambiental global e reforça a necessidade de investimentos em conservação e desenvolvimento sustentável na região.
“Essa é uma conquista não só para a academia científica, mas para todo o povo amapaense. Nossas florestas são um tesouro natural de valor global, podendo atrair investimentos em conservação e desenvolvimento sustentável”, descreveu o pesquisador José Douglas, da Universidade do Estado do Amapá (Ueap).
Também participaram do trabalho pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Universidade Estadual de Roraima (UERR) e da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
A publicação está disponível para leitura em versão na língua inglesa. Clique aqui para acessar!
Fonte: G1.