Excelência e a arte de fazer melhor

No mundo empresarial cada vez mais competitivo, a busca pela excelência é uma constante. As empresas investem em ferramentas, métodos e recursos para implementar técnicas que elevem os resultados, criando a Cultura da Excelência.

Mas, nem sempre é preciso investir tanto assim. Segundo Adilson Barroso, administrador, diretor de Tecnologia da Informação da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas (ABRH-AM), CEO da Jan-Pro de Manaus e Instrutor de Lideranças de Alta Performance, estar atento à dinâmica da empresa, inserindo alguns procedimentos simples pode contribuir para a introdução da cultura. “A Cultura da Excelência começa com pequenas ações e atitudes que desencadeiam novas formas de se lidar com os desafios de cada organização, torna a solução para qualquer problema mais fácil e mais efetiva, porque é mais fácil fazer certo da primeira vez do que gastar fazendo retrabalho”.

Mas o que é isso, perfeição?

A gente fala em Excelência, em fazer bem feito, em melhorar processos, mas, o que significa e como alcançá-la? Bom, no Dicionário Aurélio (versão eletrônica) encontramos as seguintes definições que nos interessam, que são “qualidade do que é excelente e grau elevado de perfeição, de bondade.

Adilson complementa dizendo que “etimologicamente a palavra excelência significa ‘qualidade superior’ e também no ambiente profissional este termo representa o Estado da Arte daquilo a que se está abordando, sejam processos, produtos, relacionamentos, procedimentos ou resultados”. Então, não sendo o clímax da perfeição, o objetivo é “fazer cada vez melhor”!

E se você pensa que esse conceito é fruto da globalização e de um mundo tecnológico dos séculos XX e XXI, você está enganado. 

Senta, vamos de História

Historicamente, um dos primeiros a cunhar uma frase relacionada à excelência foi o Aristóteles, na Grécia antiga. Imagina você!! Só que, logicamente, como homem de seu tempo, do século V aC, Aristóteles jamais imaginou que o mundo chegaria até aqui da forma que vivemos hoje: manuseando tablets e computadores, gente conversando ao celular andando e aparentemente falando sozinha, aviões rasgando os céus, elevadores subindo e descendo, gente dirigindo caixas de aço e ferro pelas ruas e etc. Muito menos, que as empresas utilizariam um monte de estratégias para aumentar os lucros, reduzir os custos e viver sustentavelmente…

Mas, como bom filósofo, ele sabia que o conceito de Excelência estava, de certa forma, internalizado no ser humano e que resistiria a qualquer temporalidade, tornando sua essência atemporal.  Então disse “Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito!”.

Erros que ensinam a não errar

Já antecipando, pra não interferir no encerramento deste artigo, sempre penso que na vida, não só no trabalho, aprender é um exercício diário e deveríamos aprender mais com os erros do que com os acertos, mesmo que esses possam ser melhorados, as falhas deveriam nos desafiar a fazer diferente, buscando alternativas mais assertivas. Assim vamos, como nossas empresas, elevando o grau de Excelência.

A nossa sociedade criou o mito da perfeição, assunto que vou tratar em outro momento, e que nos proíbe os erros, as falhas. Então a gente finge que nunca errou e não tem a humildade de reconhecer. Assim, perdemos a oportunidade de, na próxima ocasião, fazer melhor! Aceitar que falhou, pedir desculpa e reelaborar a situação são atitudes que auxiliam no aprendizado, mas temos receio de mostrar nossas fragilidades e assumi-las.

Nos escondemos atrás de escudos invisíveis, resguardando sentimentos, sofrimentos, decepções e emoções. Estamos nos transformando em “fakes” pra cumprir uma agenda social que exige a perfeição que não existe. Só queremos viver metade do ser, aquela que é boa de ver!

Dessa forma, transportamos tal comportamento às nossas corporações. Vamos entregando mais ou menos, fazendo o que dá pra fazer e vamos tocando o barco. Será que dá pra fazer melhor? Será que minhas entregas são boas, satisfatórias? Será que posso me esforçar um pouco mais?

O excelente Frédéric

Daniel Godri, escritor e palestrante conhecido, conta em suas apresentações a história da construção da Estátua da Liberdade, presente da França para os Estados Unidos, por ocasião da comemoração do primeiro centenário da independência americana.

O símbolo, representado por Libertas, a deusa Romana da Liberdade, logo se transformou em esperança para os imigrantes que ansiavam por liberdade e até hoje é um dos pontos mais visitados dos EUA.

Godri diz que o idealizador e construtor da estátua, Frédéric Auguste Bartholdi, trabalhou anos para finalizar o projeto. Rapidamente a estátua ganhou o status de maior ícone de Nova York. Muitos anos depois, um passageiro de um helicóptero, que sobrevoa a estátua, fotografou o topo da cabeça da deusa greco-romana. Observou-se, à época, que a cabeça da deusa foi elaborada exatamente com todos os fios de cabelo, dando um acabamento perfeito ao monumento, quase real.

Bom, até aí pode parecer lógico que Frédéric tenha tido o cuidado de fazer o que se propôs bem feito, porém, o que desperta a atenção em relação à ação do construtor é que no tempo que ele finalizou a obra, o homem ainda não voava!

Ou seja, Frédéric não imaginava que alguém poderia um dia ver o topo da cabeça da deusa. Ele poderia ter feito de qualquer jeito, pois, na sua visão – nunca – ninguém saberia. Mas, ele sabia que precisava fazer bem feito! Ele fez uma boa entrega! São nos detalhes que a Excelência se estabelece.

Faça o seu melhor! Mesmo que – aparentemente – os demais não percebam seu esforço, mas para como Frédéric, ter a certeza de que está deixando uma construção bem feita. Faça sua construção ser valorizada por você mesmo. A jornada o tornará pra lá de especial. Feliz Natal!

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