O Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) lançou, no dia 6 de dezembro de 2022, a Sondagem do Mercado de Trabalho, uma pesquisa cujo principal objetivo é aprofundar o conhecimento da sociedade sobre o mercado de trabalho brasileiro com informações não encontradas nas estatísticas hoje existentes.
A nova pesquisa do FGV IBRE consultará mensalmente cerca de 2.000 pessoas físicas com mais de 14 anos de idade em todo o território nacional. Seus resultados permitirão mapear, em âmbito nacional, tendências e percepções da população brasileira em relação a diversos assuntos e levando em conta caracterizações sociodemográficas, como sexo, faixa etária, renda, escolaridade, entre outras. Com os dados da pesquisa também será possível a realização de análises de resultados desagregados pelas grandes regiões do país.
Nesse primeiro relatório, são apresentados resultados selecionados dos três primeiros meses de coleta de dados. O primeiro item representa uma agregação de respostas dadas nos três primeiros meses da pesquisa de campo a duas perguntas: primeiramente, as pessoas são consultadas sobre suas ocupações; aqueles que se identificam como conta própria ou sem registro respondem se gostariam de se formalizar ou de se vincular a uma empresa.
Os outros itens analisados nesse relatório foram pesquisados somente uma vez. Em agosto, o tema especial da pesquisa foi a satisfação com o trabalho e bem-estar. No mês seguinte, os entrevistados responderam sobre suas expectativas em relação ao futuro do trabalho. Por fim, em outubro, as pessoas responderam sobre a sensação de estabilidade e segurança no trabalho. A seguir, são apresentados os principais resultados apurados para estes quesitos.
Trabalhadores por conta própria ou sem registro
No conjunto de perguntas mensais sobre o mercado de trabalho, os respondentes marcavam a opção que identificava sua principal ocupação atual. A partir dessa pergunta, os trabalhadores por conta própria foram direcionados a responder se gostariam de mudar sua ocupação para uma que fosse ligada a uma empresa pública ou privada. 69,6% dos trabalhadores por conta própria indicaram que gostariam de ter algum vínculo formal com uma empresa e 30,4% prefeririam manter-se na situação atual.
Entre os que gostariam de se vincular a uma empresa, os principais motivos apontados foram o desejo de ter rendimentos fixos (33,1%) e o acesso a benefícios que as empresas costumam dar (31,4%). Outros 5,1% apontaram outros fatores. Para os trabalhadores que não desejam mudar a categoria da sua ocupação, o fator mais mencionado foi a preferência por flexibilidade de horário (14,3%), seguido pelos que acreditam que, na ocupação atual, conseguem ter rendimentos maiores (11,9%) que teriam se vinculados a uma empresa. 4,2% reportaram outros fatores.
Satisfação com o trabalho e bem-estar
No tópico especial de agosto, as pessoas foram consultadas sobre a satisfação com o próprio trabalho. Caso estivessem insatisfeitas, foram perguntadas sobre o motivo da insatisfação. Além disso, os entrevistados também responderam sobre a satisfação com a vida de uma maneira geral.
No primeiro tópico, as pessoas reportaram majoritariamente estar satisfeitas ou muito satisfeitas (somando 72,2%). As pessoas insatisfeitas ou muito insatisfeitas somaram 27,8% do total.
Os 27,8% de respondentes insatisfeitos com seu trabalho atual, apontaram quais os motivos para a insatisfação. Os mais reportados foram: remuneração baixa (64,2%), pouco ou nenhum benefício (43,0%) e insegurança por ser um trabalho temporário (23,7%).
Por fim, as pessoas atribuíram uma nota de 1 a 10 sobre a percepção de bem-estar com a vida em geral. Quanto mais alta a pontuação, maior a satisfação. A nota média ficou em 7,2 pontos. Repartindo-se a amostra entre pessoas satisfeitas e insatisfeitas com o trabalho, a nota média ficou em 7,9 para o primeiro subgrupo e em apenas 6,1 para o segundo subgrupo.
Futuro do trabalho e percepções de longo prazo
Em setembro, as pessoas foram convidadas a responder sobre o impacto da tecnologia no próprio trabalho e sobre as percepções ou preocupações de longo prazo sobre temas selecionados.
No primeiro quesito, com o olhar para os próximos cinco anos, as pessoas em sua maioria (54,8%) acreditam que a tecnologia será uma aliada no seu trabalho e irá ajudar a aumentar a qualidade de vida. Apenas 15,2% das pessoas afirmam que a tecnologia pode ser um problema e 30,0% imaginam que a tecnologia não afetará o tipo de trabalho delas.
Em seguida, as pessoas responderam o quanto elas estão preocupadas com determinados temas em um horizonte de tempo entre cinco e dez anos. Foram abordados temas como finanças, saúde, habitação e conhecimento. Observa-se que, de maneira geral, as pessoas são preocupadas com o futuro, uma percepção que é ainda mais acentuada quando o tema é finanças. “Não estar tão bem financeiramente quanto gostaria” foi o item com maior proporção de pessoas optando pela resposta “estou muito preocupado” no longo prazo.
Estabilidade do emprego
Em outubro, as pessoas responderam sobre a chance de perder o emprego ou a principal fonte de renda nos 12 meses seguintes. Na sequência, foram questionadas sobre o tempo que conseguiriam se sustentar caso perdessem o principal emprego/principal fonte de renda.
A possibilidade de perder o emprego ou a principal fonte de renda nos 12 meses seguintes é vista como improvável ou muito improvável pela maioria dos respondentes. A soma dessas duas parcelas ficou em 58,7% do total. No sentido oposto, 41,3% afirmaram ser provável ou muito provável.
Por fim, as pessoas responderam também sobre o período em que elas conseguiriam se sustentar caso perdessem o principal emprego ou fonte de renda. A maior concentração de respostas (66,5%) ocorreu no período de até 3 meses. As demais pessoas (33,5%) afirmaram que conseguiriam se manter por mais de 3 meses.
Para obter mais informações sobre a Sondagem, acesse o site.
*Com informações do site FGV