O IBGE pesquisou a situação dos brasileiros de 15 a 29 anos e confirma: quanto mais cedo os jovens abandonam a escola, maior o risco de ficarem sem emprego. Dos que estudaram até os 14 anos, praticamente metade estava desempregada em 2019.
Pesquisa do IBGE mostra como frequentar a escola por mais tempo muda as chances de um jovem no mercado de trabalho.
O Cristian entrega currículo há pelo menos dois anos, mas ele sabe o que está atrapalhando.
“É a falta do meu Ensino Médio completo”, conta.
O IBGE pesquisou a situação dos brasileiros de 15 a 29 anos e confirma: quanto mais cedo os jovens abandonam a escola, maior o risco de ficarem sem emprego. Dos que estudaram até os 14 anos, praticamente metade estava desempregada em 2019. Para quem estudou menos, até os 10 anos: 55% não tinham ocupação. E entre os jovens que nunca foram à escola, de cada dez, oito estavam sem trabalho.
A pesquisa mostra que, quanto mais os jovens estudam, mais chances eles têm no mercado de trabalho. Mas, por outro lado, revela também que o principal motivo dos jovens abandonarem a escola é exatamente porque precisam trabalhar.
Cristian deixou a escola em 2019 acreditando que ia ter um emprego. Aos 18 anos, ainda não conseguiu trabalho com carteira assinada. Está dependendo de ajuda para sustentar a enteada e a mulher.
“Eu encerrei o segundo ano, espero ano que vem poder fazer o terceiro e entregar currículo novamente para ver se eu, com ensino médio completo, eles me chamam”, conta.
Paula abandonou a escola ainda mais cedo, não terminou o ensino fundamental. E agora, aos 27, também não está conseguindo trabalho.
“A gente não dava muito valor, vamos supor, para escola, que hoje em dia me faz falta. Muita”, afirma.
Paula faz parte da metade dos brasileiros com 25 anos ou mais que não completaram o ensino médio.
“A gente precisa de um ensino médio muito mais atraente, muito mais conectado com o mercado de trabalho, porque essa é a outra cruel realidade do nosso ensino médio. Ele não prepara nem para o ensino superior e nem para o mercado de trabalho”, avalia Teresa Pontual, gerente-executiva da CEIPE/FGV
O Brasil tem mais jovens que não estudam nem têm ocupação do que outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. E se a jovem for preta ou parda, ainda tem quase duas vezes e meia mais risco de estar nesta situação do que um jovem branco.
De 2016 a 2019, a frequência escolar aumentou entre os alunos que têm até 17 anos. Mas ainda está longe de alcançar a meta do Plano Nacional de Educação.
A pesquisadora Teresa Pontual diz que a qualidade também está distante do que precisamos.
“A gente precisa que todos, que toda a sociedade se mobilize, se engaje nessa causa. Realmente valorize a educação não só da boca para fora, não só em época de campanha política, mas sempre”, explica.
Fonte: G1