A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros terá impacto inexpressivo na Zona Franca de Manaus, segundo avaliação de autoridades e entidades do setor produtivo do Amazonas.
Apesar da reação política nacional, no Estado, o tom é de tranquilidade, com recomendações de cautela e prudência nas relações internacionais.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Sedecti), Serafim Corrêa, afirmou que a tarifa terá efeito mínimo sobre o modelo da Zona Franca.
Em 2024, as exportações do Amazonas para os Estados Unidos somaram R$ 99 milhões, o que representa 10,2% do total exportado pelo Estado. No entanto, o volume de importações no mesmo período foi de R$ 1,4 bilhão, evidenciando uma balança comercial amplamente deficitária.
“Compramos muito mais do que vendemos. Essa imposição de tarifa refletirá muito pouco na ZFM, porque as exportações são equivalentes a zero vírgula qualquer coisa do faturamento do Polo Industrial de Manaus”, explicou. Para ele, o momento exige “tranquilidade, equilíbrio e toda a cautela nas relações internacionais”.
O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, reforçou que o impacto financeiro da medida é quase nulo para o Polo.
“Esse volume [de exportações] é quase insignificante para o faturamento, que temos divulgado regularmente. Evidentemente que a cautela e a prudência, neste momento, devem ser o norte do nosso comportamento. Assim será aqui na Suframa, porque acreditamos fortemente na capacidade de negociação do nosso governo”, afirmou.
Monitoramento
Mesmo com o baixo impacto sobre o setor industrial, técnicos do Governo do Amazonas reforçam o compromisso de realizar monitoramento constante e, eventualmente, medidas de mitigação a possíveis impactos negativos que possam surgir posteriormente.
Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz), a taxação pode causar a desvalorização do real frente ao dólar, o que pode encarecer insumos importados e aumentar custos de produção e impactar a competitividade das indústrias instaladas no estado.
Comércio
O presidente da Fecomércio-AM, Aderson Frota, seguiu a mesma linha. Ele reconheceu que a medida pode gerar entraves pontuais nas relações comerciais entre os dois países, mas destacou que o modelo da Zona Franca é baseado em grande volume de importações e exportações, o que exige atenção estratégica.
“Nós importamos e exportamos no comércio, na indústria e na bioeconomia. Essas taxações criam obstáculos em um momento delicado, em que deveríamos estar fortalecendo relações comerciais. A expectativa é de que sejam medidas momentâneas e superadas com diálogo e bom senso”, concluiu.
Confira a íntegra da carta de Donald Trump sobre os motivos para a tarifa de 50% a produtos brasileiros:
“Prezado Sr. Presidente:
Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta.
Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco.
Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.
Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!
Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil.
Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América.
Muito obrigado por sua atenção a este assunto!
Com os melhores votos, sou,
Atenciosamente,
DONALD J. TRUMP
PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA“
Fonte: Real Time 1.