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Inspirado no ‘Shark Tank’, BID cria ‘Tambari Tank’, para selecionar negócios na Amazônia

O recado de lideranças indígenas, da sociedade civil e empresários é uníssono: são necessários investimento e organização de negócios na Amazônia para manter a floresta preservada. Com esse objetivo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançou um programa inspirado no americano Shark Tank, que seleciona projetos com potencial de virarem negócios de sucesso.

Trata-se do Tambaqui Tank. Tambari é um peixe típico da Amazônia. A princípio, as inscrições ocorreram durante a Semana de Sustentabilidade do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Manaus, mas o banco já levanta a possibilidade de manter seleções permanentes.

— São projetos de diferentes tipos, relacionados à floresta. Recebemos 30 propostas, vamos analisar nos próximos dias. Pedidos que as empresas apontem como os projetos terão impacto efetivo em 18 meses e depois de 5 anos. Vamos encontrar uma maneira de manter a inscrição para o Tambari — disse o CEO do BID Invest, Jamen Scriven

A quebra da barreira da informalidade dos empreendedores que moram na floresta foi apontada como principal desafio a ser enfrentado pelo governo federal em conjunto com a iniciativa privada.

O chefe da tribo indígena Paiter Surui, de Rondônia, Almir Narayamoga Surui, afirma que os moradores das áreas de mata, incluindo indígenas, querem ser empreendedores. Almir participou do evento do BID.

— Falta identificar e apoiar o empreendedor indígena. A maior ameaça à floresta é a falta de emprego e renda. Ainda existe muito preconceito. O povo indígena tem potencial empreendedor, mas precisa do apoio do governo. É assim que o governo pode apoiar a autonomia dos povos indígenas em seus territórios — disse.

Informalidade é principal problema

 

Morador de Manaus e empresário, Denis Minev é diretor-presidente da Bemol, companhia de lojas de varejo. Ele ressalta que fora da capital amazonense a informalidade é a forma mais comum de trabalho. Minev pontua ainda que falta uma definição do que é uma Amazônia próspera e que a polarização política atrapalha um debate mais preciso.

— Falta uma visão do que fazer, o que é uma Amazônia próspera. Temos uma polarização, ou entendem que a Amazônia é só floresta de pé, ou que tem que virar plantação de soja, precisamos de uma terceira visão, não temos nenhum grau de congruência. A informalidade é o principal problema da Amazônia hoje.

Para ele, esse grau de informalidade leva ao garimpo e ao desmatamento.

A diretora de estratégia da Natura Silvia Vilas Boas ressalta que os investidores também precisam ter paciência e tolerância ao dar crédito para quem ainda é informal.

— Alguns investimentos precisam ser feitos inicialmente sem retorno. Como você vai dar crédito formal para quem é informal? Se você não incluí-los, não vamos virar o jogo nunca. O potencial da Amazônia é enorme, tem uma série de empreendedores que precisam de apoio e oportunidade para incrementar sua renda e prosperar — afirmou.

 

Título para investir na Amazônia

 

O BID ainda estuda a possibilidade de formar um ‘Bond Amazônico’, quando governos poderão emitir títulos de dívida com a garantia de que o dinheiro arrecadado será usado em projetos para benefício da floresta. O modelo será emitido junto com o Banco Mundial. No entanto, as diretrizes ainda serão definidas e anunciadas no segundo semestre.

— Sem coordenação entre público e privado não vamos atingir os objetivos. Nós não estamos em Washington para dizer aos locais quais as soluções, temos que trabalhar as soluções com eles. O BID é uma ponte entre os investidores e as comunidades locais — disse o executivo.

Fonte: Um Só Planeta/Globo.

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