Inteligência artificial da Amazon pode ajudar a combater prostituição infantil nos EUA

Ainteligência artificial já foi acusada de contribuir com as desigualdades sociais e acentuar o racismo institucional, mas os sistemas inteligentes também podem contribuir para a solução de problemas sociais. Esse é o caso de uma ferramenta de reconhecimento facial da Amazon, utilizada por uma ONG que combate à exploração infantil.

A organização sem fins lucrativos Thorn, fundada em 2009 pelo casal de atores Demi Moore e Ashton Kutcher, trabalha para a extinção da exploração sexual infantil ao redor do mundo. Com o auxílio das ferramentas DetectText IndexFace, produtos da Amazon Rekognition — sistema de reconhecimento facial da gigante de tecnologia — a ONG identifica crianças desaparecidas em anúncio ilícitos na internet.

Durante uma conferência da Amazon em Las Vegas, a CEO da Thorn, Julia Cordua, disse que é possível identificar padrões de comportamento e traçar um perfil específico da grande maioria dos jovens que acabam neste ambiente. Mais de dois terços, por exemplo, cresceram sem a presença do pai e cerca de 40% já passaram por algum tipo de assistência social, diz o Quartz. É aí que entra a atuação da inteligência artificial.

O primeiro passo é a localização de um número de telefone válido. O DetectText atua encontrando-os em anúncios – muitas vezes divulgados em fotos, e não em formato de texto. Esta informação auxilia a Thorn a ligar o telefone ao último número associado à criança. O IndexFaces se apoia no reconhecimento facial para relacionar tais imagens às fotos de crianças desaparecidas, obtidas em bancos de dados públicos como o do Centro Nacional de crianças Desaparecidas e Exploradas, por exemplo.

Os dados recebidos são enviados ao Spotlight, ferramenta da Thorn para coleta e manutenção de dados na nuvem. A ferramenta passa por constantes melhorias, muitas vezes promovidas por engenheiros voluntários especializados em aprendizado de máquina. O Spotlight já é usado por diferentes órgãos norte-americanos de segurança pública e reduz o tempo de investigação em até 65%, diz a Amazon.

Um dos desafios, de acordo com Julia Cordua, está no fato de que muitas crianças não possuirem qualquer registro fotográfico anterior. Além disso, o processo de identificação e busca se torna muito mais difícil após 3 meses do desaparecimento.

O Spotlight já identificou aproximadamento 6 mil crianças até hoje. Contudo, o número de resgates é muito menor: apenas 103 menores. Com isso, conclui-se que a tecnologia é uma ferramenta essencial para o combate do problema, mas incapaz de atuar sozinha. O esforço humano ainda se faz necessário, sobretudo no processo de reabilitação destas crianças.

Fonte: Época Negócios

Compartilhar

Últimas Notícias