Eles somam mais de 51 milhões (conforme dados do IBGE), são chamados de geração Z por terem nascido entre 1994 e 2010, e estão ingressando num mercado de trabalho em plena transformação.
Se por um lado eles chegam ao mercado com bom preparo técnico, proporcionado pela facilidade de acesso às plataformas digitais, que fazem parte do seu universo desde o tempo das mamadeiras. Por outro, a maioria, também apresenta atitudes comportamentais que podem impactar nos hábitos corporativos.
Características da moçada
Os nativos digitais, como são rotulados, têm uma compreensão tecnológica invejável, além de um senso crítico apurado (cresceram num ambiente recheado de informação e opinião) e anseiam viver num mundo mais justo, igualitário e autossustentável, pois se preocupam com questões ambientais.
Cheios de energia e imediatistas, eles querem tudo agora e pra já! A união do conhecimento tecnológico e desse senso de urgência sugere ser a combinação perfeita às empresas que precisam agir rapidamente por circunstâncias de um mercado altamente competitivo, exigente e voraz. Mas, o outro lado da moeda, mostra que a personalidade desse pessoal nem sempre é fácil.
Sonhos e conquistas
Muitos deles despertam vocação empreendedora e rumam aos novos negócios como CEOs. Sonham em ser o novo Mark Zuckerberg, Steve Jobs ou Bill Gates. Afinal, essas empresas fazem parte do imaginário dessa geração, que pretende enriquecer do dia pra noite, sem muito esforço e gozar as benesses que o dinheiro pode comprar. Parece um plano perfeito!
Outros tantos ralam muito, tentando trabalhar, mesmo que seja na informalidade, pagar a faculdade e ainda ajudar em casa. Uma matemática desafiadora.
Na contramão
Por conta disso, cerca de 25 milhões deles estão – praticamente – desengajados da roda da economia e se veem sem perspectivas, como aponta o estudo “Competências e Empregos: Uma Agenda para a Juventude”, do Banco Mundial e que acaba de sair do forno.
Esse número absurdo, metade dos nossos jovens, revela o futuro sombrio para um país que envelhece rapidamente e que, pelo andar da carruagem, se o Titanic continuar nesse rumo, acarretará um impacto significativo na produtividade. Conforme o relatório, a contribuição hoje dos jovens na economia em percentual é de 1,81 e em 2050, será de 0,73.
Relacionamentos reais em segundo plano
Os jovens são individualistas e isso é saudável já que contribui para a formação da identidade pessoal, porém, parece que o elevado grau de individualidade, distanciou-os da vida real e de relacionamentos interpessoal e intrapessoal.
Na onda da outra dimensão
Essa migração da vida real para a on-line, fez com que os jovens perdem-se parte da convivência com a família e com os demais daqui. Deixassem de viver as experiências das relações humanas com seus exemplos que ajudam a despertar (e exercitar) características comportamentais tais como paciência, respeito, sentimento de cooperação e outras importantes para o bom convívio em comunidade, seja ela qual for.
Filosofando com o filósofo
Mário Sérgio Cortella, filósofo, professor e consultor – no vídeo no youtube: “Novas Gerações têm poucas Referências de Autoridade”, fala a respeito desse distanciamento do núcleo familiar ao cotidiano das crianças e jovens, ocorrido principalmente nos centros urbanos, e como essa ausência interfere na educação desse pessoal desde a infância.
Cortella, pra falar de autoridade, exemplifica comentando os papéis da avó e do avô, da tia e do tio, como figuras importantes que estabeleciam certos limites diante das traquinices dos pequenos, que iam aprendendo, respeitando e “aceitando” o que lhes era imposto.
No limits
Hoje, eles têm dificuldade em obedecer a uma hierarquia porque não foram expostos a essa condição. Não aceitam a ideia de serem subordinados ou estarem diante de um sistema imposto.
Nas corporações, esse tipo de personalidade dá trabalho aos RHs que precisam conquistar, convencer e reter esse público, que, aliás, não se prende a emprego. É preciso engajar o jovem!
Mau exemplo
Trabalhei numa organização que, nos áureos tempos, gastava uma nota oferecendo balinhas de goma pro pessoal (na maioria jovem). E olha que eram seres difíceis de agradar. Andavam carrancudos, não cumprimentavam a gente nos corredores e pareciam habitar num olimpo de deuses que não se misturavam aos simples mortais.
Só “curtiam a tribo deles”. Depois veio o tempo das vacas magras, as balinhas foram cortadas do orçamento e as caras ficaram mais carrancudas ainda. O ó! A instrução era que eles não podiam ser contrariados e que a Comunicação deveria ter maior cuidado para não acirrar os ânimos. Fala sério! Por que a empresa precisa se submeter a isso?
Agiam como crianças mimadas e temperamentais que não deveriam ser tratadas como gente grande. Ou seja, se já não bastasse o comportamento infantiloide em casa, isso ainda se arrastaria para o ambiente organizacional?!