Com a alta taxa de desemprego tomando conta da vida dos brasileiros, conseguir uma vaga de trabalho é o sonho de muito profissional que está à busca da recolocação. O exigente e cada vez mais seletivo “mercado de trabalho” não dá trégua e segue girando a roda do capitalismo: queda no faturamento é sinônimo de menos postos de trabalho disponíveis. Nos últimos anos, as oportunidades de emprego diminuíram. Mesmo com um suspiro dando indícios de recuperação temporária em virtude da demanda natalina que se aproxima, reconquistar uma colocação é uma missão digna da caminhada de Santiago de Compostela. Essa jornada cansativa deixará uma árdua lição ao país.
A matemática do desemprego
Conforme dados (oficiais) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levantados por meio da pesquisa PNAD Contínua e divulgados em junho de 2017, o Brasil mantinha 13, 5 milhões de desempregados. O volume dessa massa assusta não só pelo tamanho aparente da cifra, mas o resultado final dessa somatória revela um problema socioeconômico de grandes proporções, sobretudo, se multiplicarmos esse número de desempregados por 4, considerando que 1 desempregado corresponda ao provedor da casa e os 3 demais familiares/agregados (criança, adolescente ou idoso, entre outros casos) sejam seus dependentes, o coeficiente total mostra que milhões de famílias perderam o poder de consumo e vivem se equilibrando na corda bamba!
PIM na rota do desemprego
A principal artéria econômica de Manaus, o Polo Industrial de Manaus (PIM), também tem sido rota desse percurso de desemprego e faz parte da conta do IBGE. Em 2 anos (2015 a 2017) foram fechados cerca de 24 mil postos de trabalho, conforme reportagem de A Crítica, de julho deste ano, mas há gente afirmando que são mais de 30 mil. Tornou-se cotidiano passar pelo Distrito Industrial e observar fábricas e galpões fechados e em desuso. Enquanto o PIM segue suportando os gargalos oriundos de um país burocrático e com pesados impostos, o povo tem fome! Falta o dinheiro para o pão!
Demora na conquista da vaga
Sobrevivendo aos trancos e barrancos, o desempregado precisa gastar muita sola de sapato nessa caminhada para – talvez – conseguir uma vaga de emprego, que pode demorar mais de 2 anos, segundo dados do IBGE. Isso mesmo: são praticamente 3 milhões de pessoas que estão há 2 anos ou mais buscando uma oportunidade. Esse pessoal segue na corrida perdendo o fôlego diante da dificuldade de se manter capacitado num mundo com tantas mudanças, afastando-se – a passos largos – dos primeiros colocados na fila de espera.
De qualquer forma, o desemprego representa um tropeço para o desenvolvimento do país, que perde competitividade, enquanto as pessoas, a dignidade. Por falta de investimentos, nos tempos de prosperidade econômica, em políticas públicas efetivas capazes de impulsionar emprego e renda, o impacto da crise tem sido esse. Isso nos deixa lições a serem aprendidas: boa parte das vagas foi eliminada e elas nunca mais voltarão independentemente do cenário. Outra reflexão fica por conta da implantação da reforma na legislação trabalhista, que pretende permitir a entrada de mais gente ao mercado, flexibilizando as leis, porém, isso aliada a uma realidade de escassez e oferta excessiva de trabalhadores – provavelmente – irá contribuir para a queda dos salários. Além disso, a qualidade do sistema educacional não colabora na formação de jovens para o concorrido mercado de trabalho. Muitas vezes acabam gerando analfabetos funcionais, conforme veremos no próximo artigo. Enfim será que o aprendizado fruto desse cenário atual irá favorecer uma mudança de gestão, permitindo que o país aprenda a se preparar para novos desafios? Vamos esperar que sim, tomara que seja só um trecho da estrada em construção e a caminhada possa continuar!
PUBLICADO NO JCAM – JORNAL DO COMMERCIO