As economias emergentes, lideradas pelo Brasil, dominam a expansão global dos biocombustíveis, que deverá crescer 30% mais rapidamente do que nos últimos cinco anos. Apoiadas por políticas robustas de biocombustíveis, pelo aumento da procura de combustíveis para transportes e pelo potencial abundante de matérias-primas, as economias emergentes deverão impulsionar 70% do crescimento da procura global de biocombustíveis nos próximos cinco anos.
Só o Brasil será responsável por 40% da expansão dos biocombustíveis até 2028. Políticas mais fortes são o principal motor deste crescimento, à medida que os governos expandem os esforços para fornecer energia acessível, segura e com baixas emissões. Os biocombustíveis utilizados no setor dos transportes rodoviários continuam a ser a principal fonte de novos abastecimentos, representando quase 90% da expansão.
É o que aponta a Agência Internacional de Energia (AIE), no relatório “Renováveis 2023“. O documento aponta também que os veículos elétricos e os biocombustíveis estão se revelando uma poderosa combinação para reduzir a procura de petróleo. A nível mundial, prevê-se que os biocombustíveis e a eletricidade renovável utilizados nos veículos elétricos compensem 4 milhões de barris de equivalente de petróleo por dia até 2028, o que representa mais de 7% da procura prevista de petróleo para os transportes.
Os biocombustíveis continuam a ser a via dominante para evitar a procura de petróleo nos segmentos do diesel e do combustível de aviação, destaca o relatório.
O aumento global de capacidade renovável chegou a quase 50%, atingindo 510 gigawatts (GW) em 2023, a taxa de crescimento mais rápida das últimas duas décadas. Este é o 22º ano consecutivo que as adições de capacidade renovável estabelecem um novo recorde. Embora os aumentos na capacidade renovável na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil tenham atingido máximos históricos, a aceleração da China foi “extraordinária”, define a AIE.
Em 2023, a China encomendou tanta energia solar fotovoltaica quanto o restante do mundo em 2022, enquanto as suas adições eólicas também cresceram 66% em relação ao ano anterior. Globalmente, a energia solar fotovoltaica sozinha foi responsável por três quartos das adições de capacidade renovável em todo o mundo.
Os EUA, a UE, a Índia e o Brasil continuam sendo pontos positivos para o crescimento da energia eólica onshore e da energia solar fotovoltaica, destaca o relatório.
Espera-se que as adições de energia solar fotovoltaica e eólica onshore até 2028 mais que dupliquem nos Estados Unidos, na União Europeia, na Índia e no Brasil em comparação com os últimos cinco anos. Ambientes políticos favoráveis e a melhoria da atratividade econômica da energia solar fotovoltaica e da energia eólica onshore são os principais impulsionadores desta aceleração.
Na União Europeia e no Brasil, espera-se que o crescimento da energia solar fotovoltaica nos telhados ultrapasse as centrais de grande escala, à medida que os consumidores residenciais e comerciais procuram reduzir as suas contas de eletricidade em um contexto de preços mais elevados.
Nos Estados Unidos, a Lei de Redução da Inflação funcionou como um catalisador para adições aceleradas, apesar dos problemas da cadeia de abastecimento e das preocupações comerciais no curto prazo. Na Índia, espera-se que um cronograma acelerado de leilões para energia eólica onshore e solar fotovoltaica em grande escala, juntamente com a melhoria da saúde financeira das empresas de distribuição, proporcione um crescimento acelerado.
A expansão das energias renováveis também começa a acelerar em outras regiões do mundo, nomeadamente no Médio Oriente e no Norte de África, devido principalmente a incentivos políticos que tiram partido da competitividade em termos de custos da energia solar fotovoltaica e da energia eólica onshore. Embora o crescimento da capacidade renovável esteja aumentando na África Subsariana, a região ainda apresenta um desempenho inferior, tendo em conta o seu potencial de recursos e as necessidades de eletrificação.
Fonte: Um Só Planeta/Globo.