Maior polo industrial da BA aposta em tecnologia e empresários esperam maior destaque no mercado com privatizações

O maior Polo Industrial da Bahia, localizado na cidade de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, tem apostado em tecnologia de ponta para se destacar no mercado. Além disso, empresários estão otimistas com o anúncio das possíveis privatizações de unidades da Petrobras no pólo, já que esperam que isso possa resultar em redução de custos de produção e, consequentemente, maior poder de competitividade e maior destaque no mercado.

O polo, instalado em Camaçari há 41 anos, tem faturamento de mais de R$ 60 bilhões e gera 45 mil empregos diretos e indiretos. Responde por cerca de 30% de tudo o que o estado da Bahia exporta. Os números colocam Camaçari como o 15° maior Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país e permitem aos cofres públicos arrecadar cerca de R$ 1 bilhão todos os anos em impostos.

O polo possui laboratórios de análise de materiais, profissionais treinados e mão-de-obra qualificada e lida com o investimento em tecnologia como a principal condição para se destacar no mercado.

Uma das unidades, por exemplo, tem uma sala só para fazer análise de gráficos, que auxiliam na manutenção. Os profissionais da empresa ainda contam com a ajuda de um drone para verificar as condições dos equipamentos.

“Hoje, a gente faz completamente com drone. Filma e decide calmamente o que tem que fazer”, destaca Carlos Alfano, diretor industrial da unidade.

Em outra sala, engenheiros usam tecnologia de nuvem de pontos e realidade aumentada em 4G. É como se fosse um grande videogame, por meio do qual acessam cada canto do pátio da indústria, procurando problemas e encontrado soluções. A tecnologia, dizem, garante mais segurança para o profissional e mais produtividade.

“Esse é o ganho que a gente tem quando a gente usa tecnologia: menor exposição do homem no campo e maior informação em tempo real das pessoas que estão trabalhando na montagem”, diz Luís Barreto, coordenador do sistema de engenharia.

Os profissionais são tão bem treinados que até competem no exterior. Três deles, os baianos Daniela Carneiro (técnica em química), Ítalo (técnico em eletrônica) e Edmilson (técnico em mecatrônica) viajaram para a Rússia para defender o Brasil na disputa de um campeonato que elege o melhor técnico de cada área profissional.

“É onde a gente vai colocar em prática tudo aquilo que a gente aprende na sala de aula, colocar as novas tecnologias em prática para promover a mudança na sociedade”, pontua Daniela.

Privatizações e desafios

Polo Industrial de Camaçari, na região metropolitana de Salvador. — Foto: Divulgação

Polo Industrial de Camaçari, na região metropolitana de Salvador. — Foto: Divulgação

Para os empresários, o futuro do polo não está apenas nos investimentos em tecnologia de ponta. Eles dizem que, para ganhar mercado e competir com vantagem, é preciso também diminuir custos de produção.

Por conta disso, dizem estar otimistas com futuras privatizações de unidades da Petrobrás no polo. A expectativa é que isso leve à uma queda no preço do gás natural, matéria-prima da indústria, como destaca Mauro Guimarães, superintendente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic).

Para o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas e Petroquímicas de Camaçari, Roberto Fiamenghi, a logística para distribuição dos produtos também deverá ganhar com a privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), que fica no município São Francisco do Conde, também na região metropolitana de Salvador.

“Agora, com a privatização da Petrobras, provavelmente, o terminal marítimo de Madre de Deus também vai ser privatizado. Isso deve melhorar nossa exportação”, prevê.

Os especialistas também destacam que um dos desafios para um maior destaque do polo no mercado é atrair novas empresas que fazem o produto final e não apenas a matéria-prima. “Ele [polo] precisa aprofundar mais a produção. Que o produtor que saia da Bahia não faça turismo: vá o plástico e volte o copinho. Precisamos fazer produtos finais”, destaca o economista Armando Avena.

Avena ainda afirma que a Bahia conta com uma grande vantagem, que é ter um segmento de pesquisa e desenvolvimento que considera de alto nível.

Ele se refere ao Senai/Cimatec, que, em Salvador, forma técnicos e engenheiros e que está ampliando a pesquisa em uma nova unidade dentro do pólo industrial de Camaçari. A proposta é que, por exemplo, a ideia saia da cabeça do engenheiro e vire plano piloto, que é uma indústria em pequena escala.

Depois, a tecnologia de ponta, então, será testeada para seguir mais tarde para as empresas do pólo, como explica Luís Breda, diretor técnico e de inovação.

A previsão é que o Cimatec industrial, cuja primeira fase do projeto conta com 10 galpões, fique pronto em novembro.

Fonte: G1

Compartilhar

Últimas Notícias