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Maratona Amazônica: como o Brasil pode liderar a economia de baixo carbono, segundo novo relatório

O Brasil pode se tornar a primeira grande economia – de média ou alta renda – a alcançar a neutralidade de carbono nos próximos 8 anos e, ao mesmo tempo, acelerar o seu crescimento econômico em US$ 100 bilhões a US$ 150 bilhões anuais ao PIB adicionais ao ritmo de crescimento atual (2,5%/ano). Com isso, o país seria um exemplo concreto ao mundo de prosperidade econômica sustentável para as próximas décadas, modelo que pode inspirar todo o Sul Global.

É o que mostra um relatório apresentado nesta quarta-feira (9) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – a COP27, no Egito. Chamado “The Amazon’s Marathon: Brazil to lead a low-carbon economy from the Amazon to the world” (A Maratona Amazônica: Brasil pode liderar economia de baixo carbono da Amazônia para o mundo), o documento é um plano de desenvolvimento econômico que apresenta análises sobre o potencial da região ao calcular a oportunidade financeira por trás das estratégias de mitigação de emissões de gases efeito estufa (GEE) e destacar projetos escaláveis que promovem uma nova abordagem baseada na natureza, centrada em pessoas e positiva para o meio ambiente.

O estudo reúne um extenso corpo de pesquisas e análises desenvolvidas por instituições, organizações e especialistas que são referências globais sobre o papel da Amazônia na mitigação da crise climática, como o climatologista Carlos Nobre; a empreendedora cívica Ilona Szabó, presidente e cofundadora do Instituto Igarapé; e o professor especialista em desenvolvimento sustentável Virgílio Viana, fundador da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Diversos outros cientistas, líderes empresariais, públicos e do setor social, povos indígenas, comunidades locais da Amazônia também contribuíram com o relatório.

Segundo os cálculos, o Brasil pode mitigar 1,3 Gton de carbono até 2030, quantidade superior à sua própria pegada atual de carbono, e contribuir com cerca de 1,9 Gton em excedente de carbono para o resto do mundo até 2050. O Brasil poderia transformar um modelo econômico ineficiente no uso dos recursos naturais em um modelo baseado na natureza, positivo para o clima e centrado em pessoas.

“Já existem muitas soluções sendo implementadas para impulsionar o crescimento verde do Brasil, e precisamos investir para que elas ganhem escala e impulsionem essa ascensão nos próximos dois anos. O Brasil é a única grande nação que pode construir uma economia mais forte, resiliente e produtiva, ao mesmo tempo em que reduz as emissões até 2030”, alerta Patricia Ellen, co-fundadora da AYA Earth Partners e sócia líder da Systemiq Latam.

Entre os projetos detalhados no documento estão o Corredor Verde da Amazônia, uma parceria de diferentes atores para desenvolver um cinturão verde na fronteira da floresta amazônica para criar clusters e escalar projetos focados na produção sustentável de commodities normalmente associadas ao desmatamento, cacau e café. O relatório propõe também a criação do Instituto Amazônia de Tecnologia, um centro ensino superior público-privado dedicado a promover a bioeconomia florestal sustentável e socialmente inclusiva por meio da educação, ciência, tecnologia e inovação.

O relatório afirma que o desenvolvimento da bioeconomia local pode destravar um mercado pouco explorado estimado em US$ 1,3 trilhão e gerar cerca de US$ 50 bilhões adicionais para a economia por ano até 2030. O avanço do Brasil rumo a tornar-se a maior economia verde global vislumbra o potencial de crescimento econômico adicional total entre US$ 100-150 bilhões por ano até 2030.

“Desenvolvemos esse relatório com o objetivo de engajar diferentes stakeholders de todos os setores da economia e da sociedade na corrida para o net zero e para a resiliência na Amazônia. Os dados aqui analisados foram elaborados por especialistas de instituições de grande credibilidade e, a partir de seus trabalhos, somamos nossa expertise em análises com abordagem sistêmica, para oferecer para o Brasil uma nova perspectiva e um caminho claro para o futuro”, diz Jeremy Oppenheim, sócio-fundador da Systemiq.

Alterar a trajetória do Brasil para o crescimento verde demandará investimentos em capital industrial e natural entre US$ 35 bilhões e US$ 76 bilhões ao ano adicionais aos níveis projetados, ou um adicional de 2% a 4% frente ao PIB brasileiro de 2021.

Esses investimentos têm o potencial de aumentar a produtividade em todos os setores econômicos e abrir novos mercados internacionais, importantes para as exportações brasileiras, como hidrogênio, pagamento por serviços ambientais e proteína sustentável.

“Realizar a transição requer engajamento e colaboração em todos os setores, no Brasil, no resto do Sul Global e no Norte Global. Cada stakeholder tem seu papel a desempenhar e deve agir de forma efetiva e urgente para aproveitar a oportunidade de fazer do Brasil o maior motor de crescimento verde do mundo”, reforça Alexandre Allard, co-fundador da AYA.

“Além disso, a estratégia deve ser guiada por uma abordagem centrada nas pessoas, especialmente para grupos indígenas e comunidades rurais, ribeirinhas e urbanas na Amazônia Legal. Sem avanços nas agendas sociais, não será possível oferecer alternativas duradouras aos impactos ambientais em curso”, completa.

*Com informações do site Um Só Planeta

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