Mercado possibilita transição e adere a novas profissões

Todos os dias, Dalmo Moura encara três horas de estrada entre Paripiranga e o campus universitário em Aracaju. O retorno para casa é ainda mais longo: só chega por volta de uma hora da manhã para recomeçar, logo mais, a jornada que inclui trabalho, afazeres domésticos e estudo. Com diplomas em Engenharia Agrônoma e História, o que faz Dalmo suportar essa rotina? A resposta é paixão e força de vontade em busca de oportunidades. São esses os sentimentos que levam jovens e adultos já diplomados a retornarem para a universidade em busca de alternativas no mercado de trabalho e/ou realização pessoal.

No caso de Dalmo, a Gastronomia o levou de volta à academia. Ele está no terceiro período do curso na Universidade Tiradentes e planeja deixar para trás o trabalho de projetos agrícolas. “O que me trouxe para a Gastronomia foi paixão. Sou de uma família grande, e a cozinha era um ambiente de conforto e de união. É uma forma de me conectar com eles. Sempre foi um grande sonho, mas por conta da família e da necessidade de ganhar dinheiro fui para outras áreas”, conta.

Assim como Dalmo, Andréa Gama também buscou uma segunda formação acadêmica após ingressar no mercado como designer gráfica. No caso dela, o sonho ganhou reforço de oportunidade de emprego. “A vontade de ampliar minhas possibilidades de atuação no mercado de trabalho e de realizar um sonho antigo, que era estudar Psicologia, me fez voltar para universidade e encarar mais um desafio. Escolhi esta área porque é uma ferramenta riquíssima para me tornar um agente transformador na vida de muitas pessoas e de contribuir, cada vez mais, para uma sociedade mais inclusiva, mentalmente saudável e empática”, relata Andréa, que atualmente trabalha com marketing político.

A designer Andréa Gama está em busca de sua segunda graduação — Foto: ASSCOM Unit

A designer Andréa Gama está em busca de sua segunda graduação — Foto: ASSCOM Unit

A maioria dos profissionais teve que escolher sua carreira aos 17 ou 18 anos. Além da imaturidade natural do final da adolescência, muitos jovens ainda escolhem suas profissões por influência familiar, em busca de uma área promissora, sem analisar as peculiaridades do curso ou por não levarem em conta suas próprias habilidades. Seja qual for o motivo, as novas demandas, aliadas ao avanço tecnológico, exigem transformações no perfil profissional e até criação, transformação ou atualização de profissões. Criatividade, flexibilidade cognitiva e gestão de pessoas são as características exigidas pelo mercado de trabalho cada vez mais mutável.

De acordo com a gerente do Unit Carreiras, professora Janaína Machado, o profissional terá que se reinventar constantemente, e a transição de carreira será algo comum. “O mercado de trabalho está exigindo novas habilidades e competências que precisam ser desenvolvidas em sala de aula. Temos que chamar atenção sobre o que é empregabilidade, como o mercado se apresenta e como as pessoas vêm se comportando nesse cenário. A educação também mudou e precisa ser repensada. Trabalhar é resolver encrenca. Estamos preparando nossos alunos para isso? O professor precisa se fazer essa pergunta”, disse.

Para a gerente do Unit Carreiras, Janaína Machado, criatividade, flexibilidade cognitiva e gestão de pessoas são atributos necessários para disputar atuais vagas — Foto: ASSCOM Unit

Para a gerente do Unit Carreiras, Janaína Machado, criatividade, flexibilidade cognitiva e gestão de pessoas são atributos necessários para disputar atuais vagas — Foto: ASSCOM Unit

As mudanças exigem pesquisa e disposição para aprender, haja vista que os modelos de profissão estão sendo quebrados ou desconstruídos para serem reformulados de acordo com as necessidades mercadológicas. “Estamos em fase de transição e sem modelo, mas é preciso apresentar flexibilidade cognitiva para estudar praticamente tudo de novo, já que o que antigamente era regra, hoje, mudou”.

Tudo isso é reflexo da 4ª Revolução Industrial, que afeta o mercado e o futuro do trabalho. O que também levou Carlos Alberto Pacheco de volta ao campus universitário na condição de calouro. Aposentado na área de Telecomunicações, ele hoje busca nova rotina e um novo nicho de atuação no curso de Psicologia.

“Estou com 60 anos, sou uma pessoa realizada no que fiz até agora, mas entendo que a vida é um processo contínuo de aprendizado e uma nova carreira me traz um cenário novo. Estou apenas no segundo período e posso dizer que temos disciplinas que fundamentam bem o que virá pela frente, o currículo está sendo sempre reavaliado, e me preparando para as demandas do atual mercado”.

O aposentado na área de Telecomunicações Carlos Alberto Pacheco está ansioso pelo que está por vir  — Foto: ASSCOM Unit

O aposentado na área de Telecomunicações Carlos Alberto Pacheco está ansioso pelo que está por vir — Foto: ASSCOM Unit

Para atender as necessidades da sociedade nessa constante transformação e convergência tecnológica, profissões que antes não existiam acabam sendo cruciais para o futuro da humanidade e, assim, precisam se estabelecer na vida acadêmica. É o caso do curso Jogos Digitais ofertado pela Universidade Tiradentes. As áreas em expansão exigem empreendedorismo e criatividade, conceitos que embasam a grade curricular dos dois cursos.

Alexandre Antônio Matos está no terceiro período de Jogos Digitais e afirma que a busca por conhecimento vai além da sala de aula.

“Escolhi essa área porque desde pequeno eu gosto de jogar e fico curioso para saber como as coisas funcionam. A curiosidade foi crescendo e, quando surgiu o curso na Unit, resolvi fazer. Estou sempre me atualizando para acompanhar os avanços da área, que acontecem muito rápido; já que nosso mercado não é só entretenimento em si. Além disso, os jogos têm muitas outras funções sociais, pois pessoas usam mecanismos da nossa área para aplicar na educação, saúde, além de filmes e animações”, disse.

Fonte: G1

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