“Mulheres de 40 anos já são consideradas velhas pelo mercado de trabalho”

As barreiras enfrentadas pelas mulheres em postos de liderança nas empresas, na vida política ou no setor de tecnologia ainda são enormes. As dificuldades das profissionais do sexo feminino para comandar times, vencer o preconceito digital ou se fazer ouvir foram tema do painel “Geração no Olhar”, realizado durante o 4º Congresso Nacional de Liderança Feminina da ABRH-SP (CONALIFE).

“Hoje, mulheres de 40 anos já sofrem preconceito do mercado por serem consideradas velhas demais”, disse Maria José Tonelli, moderadora do debate e professora do departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo ela, os preconceitosem relação a idade e raça são maximizados quando se trata de profissionais do sexo feminino.

Atual diretora de TI e inovação da seguradora Aon, Silvana Moura enfatizou que o abismo entre homens e mulheres é ainda maior no setor de tecnologia, no qual apenas 20% dos profissionais são do sexo feminino. “O questionamento sobre a idade também é constante. Profissional de TI fica obsoleta rápido, como aconteceria com uma modelo”, afirma.

A executiva contou que, no auge da carreira, teve de se mudar para o Rio de Janeiro e deixar os filhos adolescentes em São Paulo. “Tinha medo de pedir demissão e não conseguir mais emprego porque estava com mais de 40 anos, mas a angústia foi tão grande que larguei tudo e decidi voltar a tomar café da manhã com meus filhos”, recorda Silvana, que foi contratada pela Aon dois meses depois.

Ofensas políticas
O preconceito com as mulheres se estende para a vida pública. Maria Helou, deputada estadual de São Paulo pelo REDE, disse que pode listar as inúmeras ofensas que ouve no meio político por ser mulher e ter 31 anos. “O que você vai fazer lá?”, “Só vai conseguir votos porque é bonita” e “Você não tem cara de deputada” são algumas delas.

Marina afirma que a política foi a forma que ela encontrou para defender os direitos das mulheres e outros temas ligados à diversidade. “Brigo pela igualdade de gênero desde o ensino fundamental, quando a professora proibiu as meninas de vestirem regata por conta do assédio masculina”, diz.

Mulher, negra e moradora da periferia da capital Paulista, Victoria Vicente de Souza, 17 anos, diz lutar desde cedo contra a discriminação. “Meu pai foi embora de casa quando eu era criança e minha mãe cuidou de mim e do meu irmão gêmeo sozinha. Eu me espelho na força dela para crescer. Sei que, se eu não me mexer, ninguém vai fazer isso por mim.”

Victoria, que participa do projeto social Fábrica de Cultura, diz que consegue enxergar um futuro melhor no universo feminino. “O que me dá mais orgulho é ver que não cansamos de lutar. O futuro é promissor porque não nos acomodamos.”

Mas, para vencer o preconceito, as mulheres precisam também cuidar da auto-imagem – principalmente na terceira idade, reforça Cris Bemvenutti, bióloga e especialista em anatomia de imagem. “Nossas rugas são parte da nossa vida. Nós somos o todo. Somos o que a vida nos deu. Queira viver o seu momento”, diz ela, que é defensora do envelhecimento saudável.

Fonte: Época

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