Se você pensa que é fácil ser mulher, não é: a gente menstrua todos os santos meses! Ou seja, uma incrível descarga hormonal mensal capaz de mudar o temperamento, e é facilmente traduzida em TPM, que aí vira motivo pra tudo, inclusive pra piada. Se um homem fica nervoso ou bravo é compreensível, a mulher? Liga não, ela está de TPM! Mesmo que a gente não esteja, a colocação jocosa faz parecer que somos chatas ou doidas.
Cuidando de outra vida
Aí, quando a gente não menstrua, pode ser uma gravidez não planejada. E quando o teste de gravidez dá positivo é sinal de que a vida mudou pra sempre. Corre-se a cuidar da alimentação, do pré-natal, do corpo e – principalmente – da mente e do espírito.
A sorte é que Deus é tão perfeito nas suas maravilhas que concedeu nove meses pra que tudo se ajeite. Ele disfarçou o período justificando que é pro desenvolvimento do feto e etc., mas – no meu entender – foi pra gente se preparar pra nova realidade e assentar a poeira.
Mulher-mãe, a guerreira
O pai pode desaparecer (algumas mães também abandonam seus filhos), mas, a maioria esmagadora delas segue como pode para criar os rebentos e nunca abre mão do posto de mãe.
Muitas encaram diariamente a faxina na casa dos outros, outras são cobradoras de ônibus, serventes, cozinheiras, entre tantas outras funções que mantêm o salário baixo, porém a dignidade de ver seus filhos criados é alta e compensa todo o sacrifício.
Como fui criada por avó, conheci bem a sua luta pra criar os cinco filhos. Foi numa máquina de costura (Singer) que a mágica aconteceu. Deu-se a multiplicação das costuras o que permitiu uma boa criação a todos, pois nunca faltou o “pão nosso de cada dia”. Todos seguiram seus caminhos graças ao trabalho feito lá atrás pela mãe.
Somos várias numa só
Foi nesse modelo inspirador que percebi a missão de ser mulher e mãe. Aprendi que tiramos força de algum lugar quando a situação tá preta, que somos conselheiras, amigas, fraternas e que conciliamos as diferenças pra que todos estejam bem. Sempre temos uma carta na manga e encontramos uma solução, quando for necessário.
A gente trabalha, estuda – aliás, somos mais aplicadas que o sexo oposto aos estudos -, cuida da casa, dos filhos, dos cachorros, vai pra igreja, ajuda familiares e amigos, tem sempre uma receita nova de bolo pra testar, vai pra academia e cuida da beleza. Sim, adoramos estar lindas! Vaidosas, quase não demoramos na maquiagem. Quase!
Cuidado: mulher com Wi-Fi
Se tudo isso não bastasse, antigamente eu dizia que a gente tinha uma “antena parabólica” ou um “radar” e mapeava tudo, mas, hoje, com a tecnologia ao ponto que está, cabe dizer que funcionamos no modo “Wi-Fi”, com o detalhe que a gente pega em qualquer lugar.
Então homens, cuidado com movimentos bruscos próximos a uma mulher bonita, pode ter certeza que estamos monitorando os seus gestos, os olhares, os batimentos cardíacos e até a sua respiração. Se prepare, pois quando chegar em casa, a gente conversa! Isso significa dizer que qualquer deslize desse e serão, no mínimo, três horas e meia discutindo a relação. Lá se vai a partida de futebol. Melhor não pisar na bola!
Charme feminino
Nem preciso dizer que a gente é detalhista, né? Tudo combina com tudo que orna com o sofá e tem sempre um vasinho de planta no ambiente ou uma almofada de coração na cama ou aquela toalha rendada de Fortaleza cobrindo a mesa. Eu coleciono imã de geladeira de todos os lugares que vou, inclusive ganho (ou peço) dos amigos. Nem sei mais a cor da minha geladeira…
Pau pra toda obra
Os mais “zens” vão dizer que a mulher é um ser holístico e é mesmo! A NASA precisa estudar a gente: conseguimos (e conseguimos mesmo) fazer, no mínimo, quatro coisas juntas: falar ao celular, cuidar da chama do fogão que está com a panela de arroz, dar uma colherada de comida na boca do bebê e ver quem saiu do Big Brother.
Elas no trabalho
No trabalho somos muito dedicadas, esforçadas e fiéis. Adoramos nossa vida profissional, mesmo que às vezes nos sentimos injustiçadas. Participamos nas reuniões e damos uma super ideia, que – inicialmente- ninguém dá muita bola. Cinco minutos depois, aquele puxa saco do chefe reelabora o que a gente disse e solta no meio da reunião. Ahh! Pronto! A ideia passa a ser brilhante.
Geralmente, somos mais produtivas e estratégicas, pois conseguimos conciliar mais atividades que nossos parceiros, pois são mais focados e fazem uma coisa de cada vez, mas na hora do salário, adivinha quem ganha mais? Os homens e o puxa saco do chefe, claro.
Desequilíbrio no salário
Mas, isso não é uma regra geral. Vagarosamente, as coisas estão mudando. Reportagem da InfoMoney (2017) aponta que 15% das posições de trabalho oferecem salários maiores para as mulheres, que no geral, ganham 19% em média a menos que o time masculino, conforme dados analisados pela Fipe.
Professoras (de todos os graus de ensino), que permeiam a maioria do universo na profissão; procuradoras do trabalho; defensoras públicas e procuradoras de Autarquia são alguns exemplos bem-sucedidos das que ganham mais. Já de acordo com a OIT, as mulheres ao redor do mundo ganham 23% a menos que os colegas, mesmo exercendo as mesmas funções.
As jovens na vida
Nesse universo feminino a gente percebe que a nova geração está em plena mudança de comportamento. As mais jovens são mais descoladas. Não se prendem muito! Vivem intensamente, muitas vezes não querem namoro sério e nem filhos. Preferem investir na carreira e em viagens. Além disso, são mais flexíveis e já escolhem carreiras que antes eram mais masculinas, e vão perfumando o ambiente de trabalho com mais alegria, charme, competência e seguem disputando os espaços tête-à-tête.
Novo ciclo
Muitas das que já têm os filhos adultos começam a entrar na menopausa e a autoestima vai pro pé. Outro ciclo da vida e que agora nos despede da vida reprodutiva. Muitas não investiram na carreira e ainda sofrem com a síndrome do “ninho vazio”, presas ao passado.
As amigas são aliadas nesse momento em que a “curva da felicidade U” está lá embaixo. Esse estudo, realizado por dois economistas americanos, apresentou um padrão constante, mostrando que a felicidade é maior no início e no fim da vida. Isso significa que, na meia idade (40 a 50 anos) – homens e mulheres – podem experimentar algum tipo de depressão, tristeza e insatisfação, por exemplo.
A complicada meia idade
A antropóloga Miriam Goldenberg, que estuda mulheres brasileiras há mais de 30 anos, também verificou nos seus estudos que as mulheres nessa faixa etária da curva da felicidade da letra U, estão insatisfeitas, deprimidas e exaustas. Reclamam da falta de tempo, da falta de reconhecimento e da falta de liberdade, se comparada à do homem. Dentre elas, algumas reclamam da falta de tudo!
Elas morrem de medo de ficarem velhas e vivem o dilema da geração nem-nem, ou seja, não são nem jovens e nem velhas. Ficam na dúvida se continuam ou não usando o biquine ou a minissaia. Tem medo da opinião dos outros.
Quando bate a inveja
Segundo os dados da pesquisa de Miriam, o que mais de 60% dessas mulheres invejam no homem é a liberdade do próprio corpo, a liberdade sexual, e outras liberdades como rir. Em relação às outras, elas invejam o corpo, a beleza, a juventude, a magreza e a sensualidade.
Lições e aprendizado
Já quando alcançam seus 50 anos pra frente, elas aprendem que o tempo é o maior aliado e que, portanto, deve aproveitá-lo muito bem. Aprendem a dizer “não”, parece simples, mas, – segundo Miriam – é libertador. Agora esse tempo é investido nelas mesmas!
Outra constatação da antropóloga é que precisamos fazer uma faxina existencial, retirando da vida as pessoas tóxicas, sugadoras de energia e que são vampiros emocionais.
E se entre os 40 e 50 anos elas invejam os homens que riem muito, as mais vividas se libertaram e riem de tudo, inclusive de si mesmas. Uma médica (65 anos) entrevistada por Miriam relacionou liberdade à felicidade e disse que rir de si mesma é sempre o melhor remédio. Então vamos ser felizes em todas as idades, porque – apesar de tudo – a gente ama ser mulher!
Parabéns a todas nós que nos dividimos o tempo todo, mas nunca deixamos de ser inteiras!