O novo proprietário do Twitter, Elon Musk, disse na quinta-feira (24) que está concedendo “anistia” para contas suspensas, o que especialistas em segurança online preveem que estimulará um aumento no assédio, discurso de ódio e desinformação.
O anúncio do bilionário veio depois que ele fez uma enquete publicada em sua linha do tempo sobre o restabelecimento de contas que não “violaram a lei ou se envolveram em spam flagrante”. Os votos “sim” representaram 72% das respostas.
“O povo falou. A anistia começa na próxima semana. Vox Populi, Vox Dei”, tuitou Musk usando uma frase em latim que significa “a voz do povo, a voz de Deus”.
Musk usou a mesma frase em latim depois de postar uma pesquisa semelhante no último fim de semana antes de restabelecer a conta do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que o Twitter baniu por encorajar a insurreição do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Trump disse que não voltará ao Twitter, mas não excluiu sua conta.
Essas pesquisas online são tudo menos científicas e podem ser facilmente influenciadas por bots.
Desde que Musk assumiu o Twitter, grupos que monitoram a plataforma para discursos racistas, anti-semitas e outros tópicos dizem que há o aumento da exploração desses temas e no racismo em relação a jogadores de futebol da Copa do Mundo, sobre o qual o Twitter supostamente não está agindo.
O aumento no conteúdo nocivo se deve em grande parte à desordem que se seguiu à decisão de Musk de demitir metade da força de trabalho de 7.500 pessoas da empresa, demitir altos executivos e, em seguida, instituir uma série de ultimatos que levaram outras centenas a pedir demissão.
Também foi dispensado um número incontável de contratados responsáveis pela moderação de conteúdo. Entre os que renunciaram por falta de fé na disposição de Musk de impedir que o Twitter se transformasse em um caos de discurso descontrolado estava o chefe de confiança e segurança do Twitter, Yoel Roth.
Em 28 de outubro, um dia depois de assumir o controle, Musk disse que nenhuma conta suspensa seria restabelecida até que o Twitter formasse um “conselho de moderação de conteúdo” com diversos pontos de vista que considerariam os casos.
Na terça-feira, ele disse que estava descumprindo essa promessa porque concordou com a insistência de “uma grande coalizão de grupos de ativistas político-sociais” que mais tarde “quebrou o acordo” ao pedir que os anunciantes parassem pelo menos temporariamente de dar ao Twitter seus negócios.
Um dia antes, o Twitter restabeleceu a conta pessoal da deputada de extrema direita Marjorie Taylor Greene, que foi banida em janeiro por violar as políticas de desinformação Covid-19 da plataforma.
Musk, enquanto isso, está ficando cada vez mais íntimo no Twitter com figuras de direita. Antes das eleições intermediárias deste mês nos Estados Unidos, ele exortou as pessoas “independentes” a votarem nos republicanos.
*Com informações do site G1