O ensino da LIBRAS desde a infância

O desenvolvimento da Educação vem a cada dia sofrendo diversas mudanças principalmente no âmbito escolar, essas transformações por vezes têm sido marcadas por profundas desigualdades sociais, advindas de ideologias antagônicas instaladas nos diversos âmbitos sociais.

O direito a educação ainda se constitui um espaço de lutas e enfrentamento histórico-sociais em que se acredita que a escolarização ainda é o melhor caminho para melhorias nas condições de subsistência dos indivíduos, pois ela desempenha um papel marcante na reprodução de significados de grande relevância que contribuem para transformação da sociedade tornando-o a cada vez mais uniforme e homogeneizada (DORZIAT, 2011)
Atualmente na educação de crianças encontramos diversos desafios, na qual damos ênfase ao enfrentamento dos efeitos das transformações da globalização com reflexos em todas as instituições socais. Nesse âmbito elegemos a educação inclusiva como um dos temas de grande relevância nesse mundo contemporâneo, em que o respeito e a valorização das diferenças sejam um dos principais objetivos da educação de crianças.

Com isso, acreditamos que o trabalho com as crianças seja o cenário apropriado para aprendizagem de novos conhecimentos que envolvam a garantia dessa educação inclusiva. Com isso entendemos que seja de extrema relevância o ensino de uma segunda língua para elas e essa segunda língua seria a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) contribuindo assim para o aprendizado de conteúdos e práticas pertinentes ao nível de ensino e de valores como o respeito e a solidariedade, favorecendo a interação e as relações de sociabilidade e o estreitamento dos vínculos afetivos entre as crianças de um modo geral.

Assim como diz a Constituição Federal (1988), a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. Partindo desse princípio, devemos enquanto Instituição Escolar garantir esses direitos a todas as crianças, independente de seu desenvolvimento, e a Educação sendo um direito devemos oferecer os conhecimentos que foram e estão em construção em nossa sociedade.

Temos conhecimento que a linguagem é o meio de interação social em que o ser humano utiliza para se expressar, ou seja socializar-se com outros indivíduos, visivelmente é o recurso empregado pelas pessoas, seja ela verbalmente ou manualmente é possível expandir os diversos leques e interfaces do conhecimento.

Sabemos que é na infância que as aprendizagens se desenvolvem e demonstram maior poder de aquisição de conhecimentos. Diante dessa realidade compreendemos que o ensino da Língua de Sinais (LIBRAS) desde pequeno facilitaria e ajudaria no processo de inclusão e respeito a diversidade no âmbito social.

A oficialização da LIBRAS como uma língua é relativamente recente, bem como a adoção desta como disciplina obrigatória na formação de professores. Essa inclusão em ambiente acadêmico surgiu a partir da necessidade de se preparar profissionais capazes de ensinar os alunos surdos em escolas da rede pública e particular.

No Brasil, a utilização da língua de sinais e do português, oral ou escrito, entre os surdos cresceu desde a década de 90, por meio de diversas lutas e reivindicações da comunidade surda, nos diversos setores da sociedade. Desde então vem-se lutando para inclusão dessa língua nos diversos espaços que compõem a sociedade. Uma grande avanço que tivemos foi a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN, 1996) que traz em sua escrita a garantia de que pessoas surdas tenham o direito de cursar todas as fases do ensino básico tanto em instituições públicas ou privadas. Nessa realidade surgiu classes, instituições especializadas para o atendimento a pessoas surdas, porém com tempo foi se firmando a ideia de que os surdos precisariam estar em ambientes onde todos possam interagir. Com essa primícia a escola é o espaço ideal para o desenvolvimento dessa interação e para a aprendizagem da LIBRAS, pois como diz Stumpf (2004, p.144) “a escola é o espaço privilegiado que deve proporcionar a seus alunos […] as situações necessárias a essas interações significativas […] que darão início e continuidade a seus processos de aprendizagem”.

Nessa perspectiva a escola por ser um lugar de promoção das igualdades e ao respeito a todos, torna-se o âmbito ideal para a aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), pois a criança carrega em si a potencialidade de ser um sujeito que faz e construí cultura. Com esse cenário podemos dizer que essa parceria escola-criança seria um ponto crucial para construção de uma sociedade justa e inclusiva.
Referências Bibliográficas:

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 1988.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação: Lei 9394/96
STUMPF, Marianne Rossi. Sistema Sign Writing: por uma escrita funcional ara o surdo. In: THOMA, Adriana da Silva; LOPES; Maura Corcini (Orgs). A invenção da surdez: Cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação. EDUNISC, 2004
DORZIAT, A. (Org). Estudos surdos: diferentes olhares. Porto Alegre: Mediação, 2011.

(*) Isabel Cristina
(*) Marta Chrislainy

(*) Isabel Cristina Especial Bispo dos Santos Fernandes, graduada em Pedagogia com ênfase em Educação Especial (Faculdade Integrada Campo Salles – São Paulo) e pós graduada em Psicopedagogia, Educação Infantil e Educação Especial. Professora da Rede Municipal de Rondonópolis, lotada na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE).

(*) Marta Chrislainy Santos Fernandes, graduada em Pedagogia (Universidade Bandeirantes – São Paulo), pós graduada em Educação Ambiental (Faculdade de Carapicuíba – SP) e Atendimento Educacional Especializado (Faculdade Prominas – MG). Professora da Rede Municipal de Educação de Rondonópolis (lotada na sala de Atendimento Educacional Especializado – AEE) e professora da Rede Estadual de Educação de Mato Grosso.

Fonte: A Tribuna MT

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