Colhendo as consequências de uma sociedade em disrupção quando se fala em tecnologia, o cuidado relacionado à saúde mental ganha cada vez mais espaço nas organizações. Tanto os colaboradores quanto as empresas têm levantado o assunto, com isso, o tema ganhou seu devido espaço e hoje é discutido abertamente a fim de garantir melhores condições para as pessoas. No mercado de tecnologia não é diferente, porém, é importante destacar que os profissionais desse mercado estão entre os mais afetados quando comparado a outros segmentos.
Devido a pressão causada pela alta demanda de trabalho decorrente as mudanças externas como, por exemplo, a pandemia da Covid-19 que ‘digitalizou’ e acelerou projetos de muitas empresas, esses profissionais estão sendo cada vez mais cobrados e bombardeados com novas informações. Além disso, a cada dia que passa novas tecnologias e processos vão surgindo no mundo corporativo. É o caso da inteligência artificial que segue sendo cada vez mais presente neste ambiente, o que faz com que esses profissionais se sintam ainda mais pressionados já que além de exercer as demandas destinadas às suas funções, precisam estudar ainda mais para entender e desvendar as novas ferramentas de trabalho.
Segundo o “Diagnóstico comportamental dos profissionais de TI”, levantamento realizado pela divisão de estudos da IT Fórum, 53% dos profissionais que participaram da pesquisa alegaram que a sua saúde mental ‘poderia estar melhor’. Entre os respondentes, 6% afirmaram que estão em processo de ‘burnout’, síndrome classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença ocupacional ocasionada pelo estresse crônico no trabalho.
Para Kari Silveira, COO e co-fundadora da Impulso, empresa especializada no desenvolvimento de profissionais e entrega de times de tecnologia, é preciso um olhar de cuidado com os times e pessoas para que as demandas profissionais não extrapolem os limites da saúde, seja ela física ou mental. “Há certos cuidados e iniciativas que podem partir das organizações para auxiliar na prevenção dessa condição, sendo o primeiro passo, ter isso enraizado na cultura da empresa como uma prioridade. Ter uma gestão alinhada com esse aspecto e que entenda a importância de uma relação saudável entre pessoas e organização também é fundamental”, destaca Kari.
Para os profissionais que atuam na área de tecnologia, a executiva ressalta que há alternativas que podem reduzir as chances deste esgotamento. Uma delas se dá em sua grande maioria no mercado de tecnologia e nem todos os profissionais de outras áreas dispõem: a possibilidade de atuar no modelo de trabalho remoto. “Caso esse modelo seja aderido e executado de forma correta, respeitando o seu tempo de descanso e tendo conhecimento de como equilibrar melhor a vida pessoal e a profissional, é possível fazer com que a rotina de trabalho se torne menos estressante”, explica.
Além do trabalho remoto, outra alternativa com foco no bem-estar e produtividade das suas pessoas é o trabalho assíncrono, modelo em que os profissionais não atuam de forma simultânea. “Neste caso, as pessoas não são dispensadas de suas responsabilidades, mas podem ajustar as atuações ao momento que considerar melhor para si e para o time. Dessa forma, é possível contribuir com mais qualidade de vida para as pessoas. No entanto, por parte das empresas, é importante ressaltar que esse modelo exige processos bem ajustados, especialmente no que se refere à comunicação entre a equipe, por isso, planejamento e diálogos com os times são essenciais nessa construção.”, finaliza a executiva.
Com o objetivo de promover ambientes de trabalho emocionalmente sustentáveis, as empresas estão se movimentando cada vez mais para entender as necessidades de suas pessoas e equipes. Ainda que o ambiente corporativo tenha um extenso caminho nessa direção, as práticas que vão desde o apoio com programas de saúde à debates abertos sobre o tema, podem ser essenciais na construção desses ambientes acolhedores.
*Com informações do site iMasters