O que a tecnologia mudou no mercado de trabalho nos 10 últimos anos?

Quem atualmente está acostumado com o trabalho remoto, videoconferências, conversas sobre cotações de criptomoedas e a ascensão de fintechs, com uma demanda tão alta no setor de Tecnologia da Informação, talvez não se lembre como a tecnologia mudou nosso expediente corporativo nos últimos dez anos.

Quais promessas não vingaram? Quais players e setores se tornaram mais importantes? Quais foram as principais inovações que causam disrupção e agregamos em nosso cotidiano? E o que vem pela frente? O Canaltech refresca sua memória para você notar como as coisas avançaram rapidamente, rumo a um futuro cada vez mais digital.

Google Glass era um promissor acessório para o mercado de trabalho

Em 2012, havia uma grande expectativa sobre o uso de dispositivos vestíveis combinados com realidade aumentada (RA) e virtual (RV). O avanço de conectividade com a implantação de velocidades superiores de internet com o 4G e Bluetooth mais estável, combinados com a progressão de aparelhos da Internet das Coisas (IoT) prometiam uma revolução no mercado de trabalho. Nesse cenário, o Google Glass era o produto mais aguardado na época.

Contudo, o negócio não vingou. Embora os óculos inteligentes tivessem se mostrado úteis em testes importantes, como em uma cirurgia, em que um médico podia acessar a ficha do paciente apenas olhando para um QR Code enquanto suas mãos estavam ocupadas, muitas falhas de planejamento prejudicaram seu lançamento.

Google Glass era uma grande promessa em 2012 (Imagem: Reprodução/Wikipedia/Creative Commons Antonio Zugaldia)

As principais questões que envolviam saúde e privacidade não foram bem resolvidas. Muitas pessoas reclamaram do impacto da novidade na sobre o sistema visual humano e no foco mental; e vários episódios resultaram em brigas, já que ninguém gosta de ser registrado sem consentimento por uma minicâmera ambulante acoplada em óculos. Além disso, tecnologias envolvendo RA e RV não estavam tão maduras na época; e a conectividade 5G, que hoje se mostra mais adequada para o funcionamento de um dispositivo como esse, estava ainda em desenvolvimento.

Assim, o mercado corporativo, e até os consumidores finais, abandonaram a ideia de usar óculos vestíveis como ferramenta de trabalho ou para recursos conectados a atividades de busca e conteúdo no dia a dia.

A ascensão do trabalho colaborativo e a inteligência artificial no setor corporativo

Em 2013, as atenções no mercado de trabalho estiveram voltadas para a alta de ambientes colaborativos. A conexão 4G e as empresas começaram a olhar mais para o trabalho remoto, que passou a ser mais difundindo no mundo todo. Profissionais já encontravam mais oportunidades para atuar sem a limitação geográfica. E, claro, os softwares evoluíram para esse fim.

Paralelamente, os avanços de redes neurais com inteligências artificiais (IAs) agindo de maneira mais poderosa, a partir de algoritmos avançados com aprendizado de máquina e visão computacional, deram suporte a uma estrutura em nuvem que abriu caminhos que antes pareciam apenas projeções da ficção científica.

Nesse cenário, a plataforma de serviços cognitivos para negócios IBM Watson, lançada em 2011, passou a ter papel mais atuante a partir de 2014; evoluiu para um patamar que a transformou em referência para o mercado de trabalho. O sistema de processamento que permite análise de linguagem natural, identificação de origem, interação por voz e outros recursos automatizados em larga escala, permitiu maior profundidade na integração de tarefas em todas as principais áreas corporativas.

E outras big tech também interessadas nessas áreas, como Google, AppleAmazonFacebookMicrosoft, além das gigantes orientais, aceleraram a criação de estações de trabalho de escala global e vastas redes colaborativas apoiadas em nuvem com IA.

Redes sociais para negócios, expansão da nuvem e a Indústria 4.0

O Facebook, que no começo dos anos 2010 estava em seu auge com a proposta de lucrar com publicidade em meio aos bilhões de usuários, em 2015 continuava funcionando primordialmente como uma plataforma de distribuição de conteúdo e veiculação de anúncios. Mas Zuckerberg, seu criador, já tinha percebido o potencial para conversão de vendas de serviços, produtos e influência.

Conexões de web mais rápidas, dispositivos mais poderosos e nuvem turbinada com ferramentas cognitivas de negócios aceleraram uma mudança de paradigma — os assistentes virtuais se tornaram comuns em todos os sites de vendas e plataformas sociais, apoiados por conjuntos de aplicações (APIs) de fácil instalação.

Os serviços de nuvem passaram a ser primordiais para o boom de vendas digitais mais rápidas e seguras, graças a ferramentas inteligentes. As estruturas de plataformas de negócios em nuvem se tornaram incrivelmente robustas em pouco tempo, e a receita de Software como Serviço (ou Software as a Service – SaaS) virou a principal fonte de lucro de gigantes como a Microsoft, com o Azure; e a Amazon, com o Amazon Web Services (AWS).

As redes sociais deixaram de ser um ponto de encontro para os usuários e passaram a ser também vitrines para compras. Os influenciadores digitais, os profissionais de análise de dados para negócios (business intelligence) e os especialistas em nuvem, assim como designers orientados para experiência do usuário (ou user experience, UX), multiplicaram-se no mercado. O mesmo pode-se dizer de trabalhadores da área de marketing digital e de análise de motores de busca (ou Search Engine Optimization – SEO).

A construção de nuvem integrada e mais robusta foi essencial para o desenvolvimento a transformação digital do mercado corporativo (Imagem: Reprodução/Pixabay/200degrees)

E essa evolução toda chegou ao chão das fábricas. Em 2016, a esperada Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0, tornou-se uma realidade, com uma estrutura tecnológica que permitia diminuir custos e realizar operações integradas em tempo real. A manufatura modular e a otimização de processos em todos os setores resultaram em novas interações entre homem e máquina.

Postos de trabalho foram substituídos por máquinas, enquanto outros empregos nasceram, assim como o aperfeiçoamento de competências e habilidades. Por exemplo, a montagem de carros elétricos autônomos ou a logística para separação, distribuição e envio de produtos, aposentaram muitos cargos do passado, transferidos para robôs comandados por IA; e exigem profissionais com uma capacitação completamente diferente.

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