De acordo com um novo relatório, entre os 31 países despreparados para o ensino remoto, quase metade manteve suas escolas fechadas por pelo menos metade da pandemia de covid-19, deixando 102 milhões de estudantes sem qualquer forma de educação. O Brasil não fez parte da lista de países avaliados nesse relatório.
Nova Iorque, 28 de outubro de 2021 – Pelo menos 200 milhões de crianças em idade escolar vivem em 31 países de baixa e média renda que permanecem despreparados para implantar o ensino remoto em futuros fechamentos emergenciais de escolas, de acordo com um novo relatório do UNICEF divulgado hoje. Entre esse grupo de alunos, 102 milhões vivem em 14 países que mantiveram suas escolas total ou parcialmente fechadas por pelo menos metade da pandemia de covid-19 – impedindo muitos escolares de qualquer tipo de educação.
O Índice de Prontidão para Aprendizagem Remota (Remote Learning Readiness Index) mede a prontidão dos países para oferecer ensino a distância em resposta a interrupções na educação presencial, cobrindo quase 90% dos estudantes em países de renda baixa e média-baixa. A análise se concentra em três domínios: a disponibilidade de bens domiciliares e os níveis de educação dos pais; implantação de políticas e capacitação de professores; e a preparação do setor de educação para emergências.
“Mesmo em meio a uma emergência contínua, sabemos que haverá outra, mas não estamos fazendo progresso suficiente para garantir que, na próxima vez em que os estudantes sejam forçados a sair da sala de aula, eles tenham opções melhores”, disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF. “Embora perturbadores, os últimos 19 meses nos deram um vislumbre do que é possível durante e depois da pandemia. Junto com parceiros, temos trabalhado arduamente para alavancar o poder da tecnologia e fornecer oportunidades de aprendizagem para crianças, adolescentes e jovens em todos os lugares”.
Benin, Burundi, Costa do Marfim, Congo, Etiópia, Madagascar, Malawi, Níger e Togo estão entre os países com a necessidade mais significativa de melhorias no setor da educação.
Durante a pandemia de covid-19, o impacto da falta de prontidão para o ensino remoto foi especialmente sentido por estudantes que moram em países onde as escolas estiveram total ou parcialmente fechadas por pelo menos metade dos últimos 19 meses, como Congo e Madagascar.
O relatório descreve as limitações da aprendizagem remota e as desigualdades de acesso, alertando que a situação é provavelmente muito pior do que mostram os dados disponíveis. Além dos países avaliados, dados anedóticos e qualitativos revelam que os estudantes enfrentaram desafios com a aprendizagem remota em todo o mundo, inclusive em países de renda média alta e alta.
Outras descobertas importantes do relatório incluem:
- Dos 67 países avaliados, 31 países não estão prontos para fornecer ensino a distância em todos os níveis de educação, sendo os estudantes da África Ocidental e Central os mais afetados; 17 países têm prontidão média; 19 países têm prontidão acima da média.
- A educação pré-primária é o nível de educação mais negligenciado, com muitos países não implementando uma política correspondente durante os lockdowns por causa da pandemia de covid-19, deixando para trás os estudantes mais jovens durante seus anos mais críticos de desenvolvimento.
- Outras crises, como as causadas pelas mudanças climáticas, também podem impactar significativamente o acesso à educação. Dos 31 países, 23 países também enfrentam exposição alta ou extremamente alta a choques climáticos e ambientais, colocando 196 milhões de crianças em idade escolar em maior risco de interrupções escolares em emergências.
- Argentina, Barbados, Filipinas e Jamaica têm o mais alto nível de prontidão. No entanto, mesmo entre aqueles com pontuações nacionais mais altas no índice, as disparidades dentro do país significam que as crianças que vivem em famílias mais pobres ou em áreas rurais são, de longe, as que têm maior probabilidade de não assistir às aulas durante o fechamento das escolas.
- É encorajador que muitos países com renda nacional bruta relativamente baixa obtiveram pontuação acima da média no índice, indicando a possibilidade de cooperação internacional e intercâmbio de melhores práticas.
Não há substituto para a aprendizagem presencial, diz o relatório. Ainda assim, escolas resilientes com sistemas robustos de aprendizagem remota, especialmente aprendizagem digital, podem fornecer um certo grau de educação durante o fechamento da escola em tempos de emergência. Além disso, uma vez que as escolas reabram, esses sistemas podem ajudar os estudantes a recuperar o aprendizado perdido.
Por meio da iniciativa Reimagine a Educação, o UNICEF está trabalhando com parceiros públicos e privados para dar a crianças, adolescentes e jovens acesso igual à aprendizagem digital de qualidade, com o objetivo de atingir cerca de 3,5 bilhões com soluções de aprendizagem digital de classe mundial até 2030. Uma das maneiras que o UNICEF está trabalhando para atingir esses objetivos é por meio do Learning Passport, uma plataforma de aprendizagem global desenvolvida em parceria com a Microsoft, que dá apoio a 1,6 milhão de estudantes durante o fechamento das escolas. Além disso, a Reimagine a Educação é apoiada pelo Giga – uma iniciativa global do UNICEF e da União Internacional de Telecomunicações (ITU) para conectar todas as escolas e comunidades vizinhas à internet. Na semana passada, o Giga mapeou 1 milhão de escolas em 41 países e conectou mais de 3.000 escolas em quatro continentes, beneficiando 700 mil estudantes.
A situação no Brasil
O Brasil não fez parte da lista de países avaliados neste relatório global.
Em março de 2021, o UNICEF e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) lançaram uma pesquisa sobre os desafios do ano escolar de 2020 e as estratégias de ensino não presenciais adotadas pelas redes municipais. O estudo apontou que o acesso de estudantes e professores à internet estava entre os principais desafios para a garantia do ensino remoto.
#####
Notas para editores:
Leia o relatório aqui (disponível somente em inglês).
Conteúdo multimídia para download aqui.
Fonte: UNICEF