Por que a Algar Tech se aproximou de startups e universidades para inovar

Em janeiro de 2019, a Algar Tech, multinacional brasileira especializada em gestão de relacionamento com o cliente e serviços de telecomunicações, deu um importante passo rumo à inovação.

A companhia, que tem mais de 12 mil funcionários, abriu as portas do seu primeiro programa interno de aceleração de startups. Depois de um ano de desenvolvimento, saiu do papel a primeira edição do Open Innovation Lab. Para ele, a Algar buscava por três startups em estágio de maturidade avançado para trabalhar. Entre as áreas que despertavam interesse estavam internet das coisas (IoT), blockchain, realidade aumentada, inteligência artificial e automação. As selecionadas foram: Rio AnalyticsMevio e Mais Soluções Inteligentes.

Mas a Algar foi além. Graças a uma parceria com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), outras duas startups, essas em estágio inicial, também foram escolhidas pela Algar. Estão incubadas a CrudTec e a F7 Lab – Tecnologia Criativa. As empresas serão acopladas ao time da Algar durante seis meses.

O trabalho com foco em inovação é resultado de um projeto idealizado em 2017 pela Algar, e comandado desde 2018 por Ricardo Murer, diretor de tecnologia e inovação da companhia. Murer trabalha ao lado de 130 pessoas, no núcleo 100% focado na transformação digital da companhia. O executivo é responsável por fazer a ponte entre a companhia e as startups, um modelo que considera diferente do praticado em quem investe no setor de P&D (pesquisa e desenvolvimento).

Na sua visão, distinguir uma área da outra é providencial para empresas inovarem. “É preciso investir nos dois”, diz. Ao se aproximar das startups, fica mais fácil envolver diferentes departamentos e funcionários nos projetos. “É uma questão de acelerar processos. Trabalhar com projetos nesse modelo se aplica muito mais à realidade de hoje”, afirma. Em 2018, foram quase R$ 50 milhões investidos na área de inovação dentro da Algar.

Ricardo Murer, diretor de tecnologia e inovação da Algar Tech (Foto: Divulgação)

Por isso, defende um modelo de inovação que visa a entrega. “Há uma cobrança que vai além do desenvolvimento do protótipo, mas que visa resultados”, afirma Murer. Claro, o executivo entende que a cobrança deve ser proporcional ao que startups podem fazer em seis meses de parceria, por exemplo. Mesmo assim, deve haver entrega. Dessa forma, é mais fácil sustentar a área dentro da companhia. “É preciso cuidado, porque a falta de orçamento destrói a inovação.”

Um bom exemplo é a seleção da Rio Analytics, especializada em inteligência artificial. O objetivo da parceria é investir no desenvolvimento do chatbot Estella, assistente virtual da empresa, criada para ajudar consumidores na resolução de dúvidas. “Eu vejo que a IA é uma das áreas mais importantes para a Algar Tech nos próximos anos”, diz.

Laboratório de inovação da Algar Tech (Foto: Divulgação)

Problemas como reset de senha, um dos mais comuns dentro do setor de atendimento ao cliente, são resolvidos em dois minutos desde a chegada da Estella. Antes, quando humanos tocavam o trabalho, a média era de 15 minutos. Soluções em IoT também devem chegar aos funcionários que trabalham fora do escritório nos próximos meses. Com dispositivos integrados, expectativa é que seja possível monitorar de forma preditiva as falhas do sistema da empresa, diminuindo eventuais problemas e custos extras.

Do lado da pesquisa, a Algar se mantém próxima a UFU. “Acreditamos que a inovação deve andar ao lado da academia”, diz. Internamente, não faltam funcionários realizando pós-graduação e apredendo princípios de tecnologias em alta como machine learning. Do outro lado, a empresa busca professores e pesquisadores da universidade federal para parcerias.

De uma reunião com coordenadores da área de ciência da computação da UFU, surgiu um laboratório de inovação para estudantes – e funcionários da Algar. “A academia é mais engessada, mas muitos professores têm uma cabeça voltada para dinâmica de mercado. Precisamos conectar isso às demandas por novas competências”, afirma.

Fonte: Época Negócios

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