Em menos de uma semana, duas gigantes da tecnologia realizaram demissões em massa, deixando quase 15 mil pessoas sem emprego em vários países. Na semana passada, cerca de 3.700 pessoas foram desligadas do Twitter e hoje presidente-executivo da Meta Platforms, Mark Zuckerberg, anunciou a redução de 13% da força de trabalho, o que atinge em torno de 11 mil pessoas.
A dispensa da nova empresa de Elon Musk foi mais traumática: os funcionários simplesmente não conseguiram acessar seus e-mails e recebiam uma mensagem dizendo que quem continuava na empresa receberia uma mensagem no e-mail da firma e os demais, no pessoal.
O corte gerou comoção nas redes sociais e vários funcionários contaram sua experiência da dispensa. Já na Meta, os posts são mais questionando por que Zuckerberg investiu no metaverso do que de desabafos.
Mas o que explica estas demissões em companhias consolidadas da área de tecnologia?
Segundo Yasmin Curzi, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da FGV Direito Rio, esse fenômeno tem em comum o efeito da recessão nos Estados Unidos. Ambas as empresas tiveram queda nas ações da bolsa, entre outros impactos na receita. Mas ela salienta que as razões que levaram às demissões são diferentes:
— Enquanto o Twitter está tentando reformular o negócio, a Meta está fazendo contingência de gastos porque está tendo perdas muito grande.
Gestão do novo dono
Yasmin pondera que a redução do quadro de funcionários do Twitter está alinhada aos objetivos de gestão do novo dono, o bilionário Musk.
— Ele disse que via no Twitter um potencial desperdiçado. Comprou com interesse de aumentar os rendimentos, e quer enxugar a equipe justamente para ter mais lucro.
A Meta, por sua vez, está tirando postos de trabalho para conter os gastos depois de dois problemas consecutivos. Um deles é que o investimento no Metaverso não deslanchou. Esta falta de perspectiva foi um agravante para que as ações da empresa caírem 71% neste ano, após vários trimestres de lucros decepcionantes e queda na receita.
— As ações desvalorizaram mais de 70% por conta do Metaverso, fora os gastos bilionários no projeto — considera Yasmin.
A outra pedra do sapato de Zuckerberg é a perda de anúncios que batem na casa dos US$ 10 bilhões: — A Meta perdeu muito depois que a Apple desenvolveu uma ferramenta no iOS que permite aos usuários bloquear o rastreio, via Facebook e Instagram, de seus interesses comerciais. Era isso que interessava aos anunciantes para atingirem seus públicos-alvo.
Também nesta quarta-feira, o TikTok reduziu sua meta de receita mundial para 2022 de US$ 14,5 bilhões para cerca de US$ 10 bilhões, segundo o jornal britânico Financial Times. É mais uma das gigantes de tecnologia a ser atingida pela crise das redes sociais.
*Com informações do jornal Extra