Projeto Giulia promove inserção de surdos ao mercado de trabalho

Conforme o senso de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) havia aproximadamente 9,5 milhões de deficientes auditivos no Brasil. No mundo, a cifra sobe para cerca de 300 milhões de pessoas.

Focando nesta parcela da população e da sua dificuldade de comunicação foi que o engenheiro e professor da UFAM Manuel Cardoso, por meio da startup Map Technology, desenvolveu um aplicativo chamado “Giulia – mãos que falam”, o qual pode ser instalado em um smartphone e oferecer – gratuitamente – aos usuários, diferentes recursos de comunicação e interação.

O mais interessante é que esse projeto consegue aliar legislação, trabalhadores (surdos), empresas e tecnologia, e todos ganham!

Legislação e empresa

A Lei nº 8.213/91 (artigo nº 93), também conhecida como Lei de Cotas, obriga as empresas com mais de 100 funcionários a contratarem pessoas com deficiência. A variação depende do número total de empregados. As empresas que têm de 100 a 200, a reserva legal é de 2%; de 201 a 500, de 3%, de 501 a 1.000, de 4%; e acima de 1.001 funcionários, de 5%.

Algumas empresas, como a Moto Honda da Amazônia, desenvolvem programas próprios para a contratação de Pessoas com Deficiência (PsD). “Há 5 anos a Honda possui um programa estruturado de inclusão de PcD que promove ações com vista a favorecer o processo de contratação de colaboradores com deficiência. Essas ações nos mantêm cumprindo a Lei de Cotas”, diz Rodolfo Barão, gerente geral de Recursos Humanos da Honda, unidade Manaus.

Para a empresa que contrata, além do cumprimento legal, é uma oportunidade de fazer o bem, reforçando suas ações de Responsabilidade Social por incentivar o público interno a promover atitudes mais solidárias.

Entretanto, é um desafio para o gestor de Recursos Humanos receber esse pessoal e desenvolver atividades proativas, de acordo com a realidade individual, como pensa Antonia Maria Muniz de Figueiredo que atua nas áreas de Desenvolvimento, Projetos Sociais e Voluntariado, além de ser diretora de Integração e Qualidade de Vida da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas (ABRH-AM) .

Ela diz ser “importante que o gestor conheça e compreenda a necessidade de cada um para ajustar os postos de trabalho de acordo com sua deficiência, deixando-o ergonomicamente correto e assim possa produzir com êxito”, comenta.

Além da Honda, a Jabil do Brasil Indústria Eletroeletrônica Ltda. e a Inventus Power Eletrônica do Brasil Ltda. também implantaram o Giulia e estão contribuindo para inserção dos surdos ao mercado de trabalho.

Tecnologia na comunicação dos surdos

Graças ao avanço tecnológico, o Giulia vem transformando a vida dos surdos. O embrião do projeto iniciou em 1992 quando o professor criou o Mouse Ocular, o qual era uma tecnologia assistiva que ajudava pessoas tetraplégicas a expressarem necessidades básicas apenas com movimentos do piscar dos olhos. Com o passar do tempo, pesquisa e o estágio atual da tecnologia, permite o acesso do surdo a um posto de trabalho e, portanto, que possa ter uma vida digna.

Para Manuel Cardoso a tecnologia precisa se traduzir em reais benefícios às pessoas. “A tecnologia não é uma solução em si própria e o maior valor agregado que se pode obter com o desenvolvimento tecnológico como o Giulia é promover mudanças na realidade da vida das pessoas para melhor e o Giulia está quebrando o paradigma da limitação dos surdos, inclusive na área laboral”, finaliza.

Enfim, diante do cenário negativo que o país apresenta em diversas áreas, falar de um projeto que pode transformar a vida de milhões de pessoas é uma notícia que merece destaque, e que venham tantas outras!

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