O Instituto Zagaia Amazônia desenvolveu um estudo inédito que mapeia cinco estados da Amazônia Legal para identificar o impacto das tradições artesanais na promoção das práticas de manejo sustentável e a relevância destas atividades para a bioeconomia nacional. O projeto ‘Mapeamento Cultural do Artesanato Brasileiro’, idealizado pelo Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), percorreu o Acre, Amazonas, Maranhão, Pará e Tocantins para documentar o rico universo artesanal de diferentes povos e etnias.
Ao todo, foram mais de 99 horas de viagem e 87 entrevistas em duas regiões do Brasil, resultando em 17 episódios documentais e 6 e-books que retratam as lutas instrumental, identitária e ética dos artesãos da Amazônia Legal. O lançamento ocorreu no “III Seminário – Mãos que promovem o Brasil”, do CRAB (Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro).
“O fio do desenvolvimento sustentável é como um norte para a gente. É muito importante estarmos trabalhando junto aos povos quilombolas, indígenas e ribeirinhos. A Amazônia Legal representa quase 60% do nosso país. É uma população que precisa ser visível para o mundo”, destaca Rozana Trilha, diretora presidente do Instituto Zagaia Amazônia.
Com depoimentos e fotos exclusivas, o material destaca a força da economia criativa como agente de transformação sustentável e a valorização da biodiversidade cultural dos povos tradicionais. Mais do que registrar técnicas, o projeto revela modos de vida alinhados aos princípios da sustentabilidade, como reaproveitamento de materiais, manejo responsável, produção de baixo impacto e manutenção de ecossistemas por meio de práticas tradicionais.
Além disso, o e-book interativo oferece um panorama completo do mapeamento cultural, com informações sobre polos produtivos, referências históricas e caminhos para fortalecer políticas públicas de cultura, biodiversidade, turismo de base comunitária e economia criativa.
“Por que que a gente paga caro para ver a Monalisa no Louvre, um museu no qual a maioria das peças são roubadas? Por que diferenciamos o artesanato da arte? Por que você quer me dizer que Da Vinci é melhor do que um Baniwa que está a centenas de anos criando e simplificando um grafismo numa complexidade que requer geometria e matemática avançada?”, provocou Sharlene Melanie, diretora de comunicação do Instituto Zagaia Amazônia.
Os Baniwa são apenas uma das cerca de 20 etnias indígenas estudadas neste projeto através do artesanato. Também foram contemplados povos ribeirinhos e quilombolas.
Projeto piloto e metodologia
O município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, foi o território escolhido para o projeto piloto. A cidade é o sexto lugar mais importante em biodiversidade do planeta, de acordo com artigo da Revista Science (2013). A partir disto, a metodologia foi validada e utilizada no estudo de povos e etnias dos cinco estados selecionados da Amazônia Legal.
Tal metodologia será replicada em todo o Brasil, abordando o uso do artesanato como forma de sobrevivência e geração de renda (luta instrumental), de preservação das tradições culturais (luta identitária) e de compromisso com a justiça social e ambiental (luta ética). “O objetivo é posicionar o artesanato como um ator extremamente importante na causa da sustentabilidade. O artesanato tem muitas respostas pra crises que estão acontecendo no mundo”, afirma Laura Landau, idealizadora e gestora do projeto Mosaico e especialista em artesanato no CRAB.
A iniciativa contribui para ampliar a visibilidade do artesanato brasileiro como expressão cultural estratégica para o desenvolvimento sustentável, estimulando conexões entre cultura, meio ambiente e economia.
Sobre o Zagaia Amazônia
O Instituto Zagaia Amazônia é uma organização sem fins lucrativos que, há mais de 20 anos, atua na região amazônica no desenvolvimento de projetos na área de Economia Criativa, a partir dos ideais dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e em consonância com os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Fonte: Tupi FM.
Foto: Divulgação


