Os investimentos em impacto socioambiental no Brasil vêm ganhando destaque e mostram sinais claros de crescimento nos últimos anos. Dados da ANDE indicam que, em 2021, foram destinados R$ 18,7 bilhões a iniciativas com esse foco, o que representou um aumento de 60% em relação ao ano anterior. Esse movimento evidencia uma transformação importante na forma como empresas e organizações têm buscado integrar desenvolvimento econômico, preservação ambiental e inclusão social em suas estratégias.
Desde sua criação, o Fundo Juntos Pela Amazônia (JPA) já mobilizou mais de R$ 1,3 milhão em recursos diretos para apoiar projetos comunitários na região, esses investimentos fortalecem iniciativas dedicadas à conservação ambiental e à geração de renda sustentável. Em 2025, o JPA lançou uma nova chamada pública com R$ 700 mil disponíveis para propostas focadas em duas áreas prioritárias: cadeias produtivas de restauração ambiental e negócios ligados à sociobioeconomia. As inscrições para essa nova seleção estão abertas, convidando organizações e coletivos da região a apresentarem projetos que integrem desenvolvimento econômico e preservação da floresta. Mais informações estão disponíveis em https://www.maisunidos.org/jpa/.
No primeiro ciclo, vimos como esse apoio pode se desdobrar em impacto real. A Associação de Agroextrativistas de Beruri, por exemplo, tem conseguido fortalecer a cadeia da castanha-da-amazônia e abrir caminho para novos mercados. Já o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) toca um trabalho consistente de restauração na RDS Puranga Conquista, no Amazonas, apostando no tucumã como fonte de renda para as comunidades locais. É fundamental que os recursos financeiros e o apoio oferecido considerem os desafios específicos da região e estejam dispostos a adotar prazos mais compatíveis com a realidade local, ou seja, financiamentos que façam sentido para o território e respeitem sua estrutura e contexto.
O JPA é baseado em duas teses muito simples. A primeira é que existem milhares de pequenos projetos, cooperativas e empresas na Amazônia que ainda não estão prontos para receber investimento de dívida ou equity, por conta disso, é importante fornecer capital a fundo perdido com capacitação, sendo a ponte para alcançar outros bolsos maiores. A segunda é sobre as empresas, que têm vontade de doar para esse tipo de projeto, mas que, sozinhas, têm pouca viabilidade por tamanho e escala. Organizar esses atores e dividir custos operacionais é a chave para a eficiência dessa iniciativa.
O que frequentemente se ouve das comunidades da Amazônia é que muitos modelos tradicionais de investimento ainda impõem exigências desproporcionais à realidade local, como metodologias rígidas, sistemas complexos de avaliação e indicadores, prazos curtos e uma carga burocrática elevada. Esses requisitos acabam criando barreiras significativas para o acesso de iniciativas comunitárias aos recursos disponíveis, por mais potentes que sejam suas propostas. É preciso reconhecer que, para que o investimento gere impacto real, ele deve ser desenhado com sensibilidade ao território, respeitando seus tempos, modos de organização e capacidades operacionais.
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Fonte: Observatório do Terceiro Setor.