Plataforma conecta mulheres que têm seus próprios negócios a uma comunidade de consumidores em busca de produtos e serviços de qualidade
Quando se mudou para o Rio, em agosto deste ano, a artesã gaúcha Márcia Gaciba encontrou dificuldades para vender seus bordados personalizados. Sem amigos ou parentes na cidade, viu diminuir sua rede de contatos e, consequentemente, sua renda. Por isso, comemorou a descoberta da plataforma FechaComEla, uma rede de apoio ao empreendedorismo feminino, que conecta mulheres que têm seus próprios negócios a uma comunidade de consumidores em busca de produtos e serviços de qualidade.
Desde que montou sua loja, Márcia rompeu a barreira da falta de contatos no Rio e passou a vender mais, inclusive enviando para outros estados. “Essa é uma grande vantagem. Agora pessoas do Brasil inteiro podem conhecer e comprar meu trabalho”, comemora a artesã.
Criada pela jornalista e empresária Carol Rezende, a rede FechaComEla funciona 100% online, oferecendo às empreendedoras um espaço virtual para que elas montem suas lojas de maneira simples e rápida. “Participo de diversos grupos fechados para mulheres em redes sociais e sempre via muita gente usando aqueles espaços para divulgar produtos e serviços. Então decidi criar uma plataforma para que elas pudessem fazer divulgação, gestão e venda de forma adequada”, explica Carol.
Para ela, a FechaComEla ajuda também no fortalecimento das relações de apoio entre mulheres: “Essa é uma característica muito forte de redes femininas. As mulheres estão se comunicando, se ajudando, crescendo juntas. No caso do FechaComEla, o fato de todas as lojas e produtos serem exclusivamente de mulheres já é um enorme estímulo para as compradoras. Elas entendem a importância de gestos assim”.
A economista Fabiana Lalane comprou na FechaComEla e aprovou: “Além de ter encontrado ótimos produtos, fiquei feliz em ajudar mulheres que lutam para se sustentar”.
Aliás, toda ajuda é bem-vinda. O universo do empreendedorismo no Brasil mudou radicalmente nos últimos dez anos, com a entrada maciça de mulheres nesse setor. Desde 2007, o número de empresas criadas por elas simplesmente dobrou no país, e a previsão é que esse mercado continue crescendo a uma taxa de 10% ao ano pela próxima década. Desde o ano passado, aliás, as mulheres já superam os homens na abertura de empresas, segundo levantamento do Sebrae.
De acordo com o IBGE, isso se dá por conta do aumento no número de famílias chefiadas por mulheres. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017 (PNAD Contínua) revelam que, dos 70 milhões de lares brasileiros, 30 milhões têm liderança feminina. Destes, nada menos que 10 milhões são formados por famílias em que há cônjuges. Ou seja. Cada vez mais mulheres passam a ser reconhecidas dentro de seus lares como pessoas de referência.
Já a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2017, realizada pelo Sebrae, mostra que existem no Brasil 24 milhões de mulheres empreendedoras – das quais pelo menos 8 milhões são, também, chefes de família.
Ao mesmo tempo, porém, há absoluta predominância feminina nos cuidados de pessoas e afazeres domésticos. Os números da PNAD revelam que, em 2017 as mulheres trabalharam 20,9 horas por semana nessas atividades, quase o dobro das 10,8 horas dedicadas pelos homens. Assim, como também precisam cuidar de filhos e da própria casa, ocupando parte significativa de seu tempo nessas tarefas, as mulheres acabam tendo maior dificuldade em manter-se ativas no mercado. Tanto é assim que a longevidade dos empreendimentos criados por mulheres é menor.
Para a empresária Carol Rezende, a rede FechaComEla tem tudo para mudar esse cenário. “Somos uma ferramenta revolucionária para as mulheres empreendedoras”, conclui.