Saúde mental e a inclusão na escola

Um país digno, que se preocupa com a sua gente, oferece uma educação de qualidade ao seu povo! No Brasil, isso é um desafio imenso. Temos muitos problemas na área educacional. Um deles é oferecer – na prática – escola de qualidade aos cerca de 5% da população brasileira, formada por crianças e jovens de até 18 anos, e que são diagnosticados com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, conhecido como TDAH.

Um grupo, várias análises

Aqui não se está nem considerando outras doenças relacionadas à saúde mental de crianças e adolescentes, mas trata-se apenas de um recorte que nos permita analisar o contexto, e que possamos imaginar as possíveis dificuldades que todo o conjunto social acometido por transtornos ou doenças neurológicas ou mentais enfrenta. Não se pode, nesse universo, desconsiderar a extensão às famílias e outros envolvidos.

Além dos desafios fisiológicos e emocionais, essas crianças e adolescentes correm o risco de terem seu futuro mais comprometido ainda, devido à falta de estrutura no núcleo escolar, que os impedem de experimentarem novas e diferentes sensações, percepções e aprendizados que poderiam ampliar seu entendimento sobre si mesmo e ou sobre o mundo.

Com recursos é menos difícil

Para as famílias de classe média para cima a situação é amenizada por uma série de fatores, que incluem a boa educação da família, estrutura dos laços familiares e as condições financeiras, que permitem maior conforto e acesso aos melhores tratamentos, corpo médico e uso de possíveis tecnologias já existentes e disponíveis para quem tem recursos. Muito diferente da triste realidade da imensa maioria brasileira, que mal consegue sobreviver, sem condições mínimas de poder oferecer um tratamento digno e de qualidade a um filho com transtorno mental.

Conhecendo e aprendendo

Eu devo confessar que não conhecia muito bem essa problemática, mas como fui convidada a intermediar um evento sobre o assunto, fui pesquisar e foi aí que me deparei coma a situação. Além disso, talvez o exemplo mais expressivo e recente, que acompanhamos nos noticiários, seja o da onda de crianças que nasceram com hidrocefalia ou com outras anomalias neurológicas, por conta do contágio do vírus Zika quando as mães estavam grávidas.

A escola inclusiva

A escola cidadã é aquela que atende aos alunos independentemente de suas peculiaridades e distinções, oferecendo conteúdos e estrutura capaz de conciliar essas diferenças, de modo a promover a diversidade e igualdade.

Já houve uma mudança significativa com a implantação da Lei e Diretrizes de Base da Educação (LBD), Lei nº 9.394/96, que apresenta políticas educacionais voltadas à inclusão de crianças no ensino regular. Isso significa que todo esse grupo social tem seu direito garantido por lei. Mas, da garantia por lei até os corredores das escolas, vai-se um longo caminho.

Perguntas e perguntas

Porém, o que precisamos nos perguntar é até que ponto nossas escolas são apropriadas arquitetonicamente para receber esses alunos? Estão nossos professores e educadores preparados para lidarem com essa diversidade na sala de aula? As escolas têm recursos visuais, audiovisuais e outros disponíveis? E mais, estão preparadas para utilizar a multidisciplinaridade dos saberes?

São muitas perguntas que nem sempre têm respostas satisfatórias e, portanto, nós, cidadãos, também podemos participar dessa discussão refletindo e propondo possíveis soluções ou avançarmos nessa questão.

Encontro e reflexão

Uma iniciativa importante vem da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) que, por meio do curso de Ciências Naturais, no contexto da IX Semana de Ciências Naturais – IXSEMCINAT irá realizar o Talk Show: Distúrbios da Aprendizagem e a Educação Inclusiva, no qual estarei intermediando no dia 28 de novembro, a partir das 21h, nas dependências do ICB.

Saúde mental é coisa séria e ninguém está livre de desenvolver algum transtorno, pois de acordo com o Atlas de Saúde Mental da Organização da Saúde Mental 2017, da Organização Mundial da Saúde (OMS), ao longo da vida, uma em cada dez pessoas precisará de cuidados de saúde mental. Então o problema é meu, mas é seu também!

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